Além da sociedade disciplinar

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Além da sociedade disciplinar by Mind Map: Além da sociedade disciplinar

1. A “sociedade disciplinar“ de Foucault não é mais a sociedade de hoje. Estamos na sociedade do desempenho.

1.1. A sociedade disciplinar é uma sociedade da negatividade. É determinada pela negatividade da proibição, da coerção.

1.2. A sociedade de desempenho vai se desvinculando cada vez mais da negatividade. A desregulamentação crescente vai abolindo-a.

1.3. No lugar de proibição, mandamento ou lei (da sociedade disciplinar) entram projeto, iniciativa e motivação

2. A negatividade da sociedade disciplinar gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho produz depressivos e fracassados

2.1. Para Alain Ehrenberg, a depressão entra em cena quando o modelo disciplinar que estabelece o papel às classes sociais e aos dois gêneros, de forma autoritária é substituído por uma norma que incita cada um à iniciativa pessoal de se tornar ele mesmo. A depressão é a expressão patológica do fracasso do homem pós-moderno em ser ele mesmo.

2.2. Outros aspectos da depressão não abordados por Ehrenberg

2.2.1. Ela é decorrente - da carência de vínculos, característica da crescente fragmentação e atomização do social

2.2.2. - da violência sistêmica inerente à sociedade do desempenho, que produz infartos psíquicos - a pressão por desempenho

2.2.3. A depressão irrompe no momento em que o sujeito de desempenho não pode mais poder. A lamúria “nada é possível“ só tem sentido em uma sociedade que crê que nada é impossível. Essa crença leva a uma auto-acusação e a uma autoagressão.

2.2.4. O sujeito do desempenho encontra-se em guerra consigo mesmo e o depressivo é o inválido dessa guerra internalizada.

3. O conceito de “sociedade do controle“ também não dá mais conta de explicar a mudança. Ele contém ainda muita negatividade.

4. Os sujeitos não são mais “sujeitos da obediência“, mas sujeitos de desempenho e produção. São empresários de si mesmo.

4.1. O sujeito de desempenho é mais rápido e produtivo que o sujeito da obediência

4.1.1. A partir de um determinado nível de produtividade, a negatividade da proibição tem um efeito de bloqueio, impedindo um maior crescimento

4.1.2. A positividade do poder é mais eficiente que a negatividade do dever

4.2. O poder, porém, não cancela o dever. O sujeito de desempenho continua disciplinado. O poder eleva o nível de produtividade que é intencionado através da técnica disciplinar, o imperativo do dever.

4.3. O sujeito de desempenho é senhor e soberano de si mesmo. Está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia exploratórias-lo. Está submisso a si mesmo

4.3.1. Mas a queda da instância dominadora não leva à liberdade. Ao contrário, faz com que liberdade e coação coincidam. O sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho

4.3.1.1. Essa autoexploração é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha junto com o sentimento de liberdade.

4.3.1.2. Agressor e vítima, explorador e explorado não podem mais ser distinguidos

4.3.1.3. Os adormecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal

5. Sociedade do Cansaço

5.1. A sociedade do cansaço, enquanto sociedade ativa

5.1.1. gera um cansaço e esgotamento excessivos - estados psíquicos característicos de um mundo que se tornou pobre em negatividade e que é dominado por um excesso de positividade

5.1.1.1. O cansaço da sociedade do desempenho é um cansaço solitário, que atua individualizando, com cada um no seu cansaço extremado, não “nosso“, mas “o meu aqui e seu ai“

5.1.1.1.1. Esses cansaços são violentos, porque destroem qualquer comunidade, qualquer elemento em comum, qualquer proximidade e inclusive a própria linguagem. Uma cansaço calado, cego.

5.1.1.2. O cansaço de esgotamento não é um cansaço da potência positiva, não é um cansaço que inspira, é uma cansaço que incapacita de fazer qualquer coisa

5.1.2. desdobra-se lentamente em uma sociedade do doping

5.1.2.1. O doping é consequência dessa evolução na qual a própria vitalidade, que é um fenômeno complexo, é reduzida a uma função vital e um desempenho vital

5.1.3. O excesso da elevação do desempenho leva a um infarto da alma