Do acesso à permanência no ensino superior: percursos de estudantes universitários de camadas pop...

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Do acesso à permanência no ensino superior: percursos de estudantes universitários de camadas populares by Mind Map: Do acesso à permanência no ensino superior: percursos de estudantes universitários de camadas populares

1. Etapa 2

1.1. Teve por objetivo conhecer, para além do acesso, as condições de permanência no ensino superior, bem como as estratégias de investimento adotadas ante a realidade do estudante e a exigência do curso.

1.2. Universitários que reuniam condições desfavoráveis quanto ao capital econômico e cultural familiar, e que frequentavam fases mais adiantadas do curso em diferentes áreas de conhecimento.

1.3. Pesquisa de campo realizadas entrevistas com 27 estudantes.

1.3.1. Dez são do sexo masculino e dezessete do feminino, a maior parte com idade entre 19 e 26 anos (seis tinham acima de 30 anos), dezenove são solteiros, doze (quase a metade deles) são de origem rural.

1.3.2. Todos são originários de escolas públicas.

2. O financiamento dos estudos: um estudante parcial

2.1. Em alguns casos contam com uma pequena ajuda familiar.

2.2. Provenientes de outras cidades ou estados, pouco mais da metade tem suas despesas acrescidas pelo fato de não morar com a família. Nesses casos, residem na casa do estudante universitário (quando há vaga), ou com parente, ou ainda, dividem casa ou apartamento com colegas.

2.3. Com um “pé-de-meia”15 para os primeiros tempos na universidade, os jovens dão início a seus estudos de nível superior sem ter certeza de até quando poderão manter sua condição de universitários

2.4. Tentam obter uma renda mediante alguma forma de trabalho em tempo completo ou parcial

2.5. No grupo pesquisado, em todos os casos, durante o ensino médio e em vários deles ainda no ensino fundamental, a escolaridade esteve associada ao trabalho e à sobrevivência.

2.6. Desde o início do curso superior, os entrevistados, em sua totalidade, exercem algum tipo de atividade remunerada em tempo integral ou parcial.

3. Facetas da desigualdade

3.1. Tempo investido no trabalho como forma de sobrevivência impõe, em vários casos, limites acadêmicos.

3.2. Vários estudantes se sentem à margem de muitas atividades mais diretamente relacionadas ao que se poderia chamar investimentos na formação (congresso, conferências, material de apoio)

3.3. As dificuldades econômicas associam-se outras, relacionadas ao quadro complexo da condição estudante.

3.4. Carga horária de trabalho, tempo insuficiente para dar conta das solicitações do curso e outras, de ordem social e cultural, condicionadas pelos baixos recursos financeiros (privar-se de cinema, teatro, espetáculos, eventos científicos, aquisição de livros e revistas etc.).

3.5. Refugiar-se no isolamento.

3.6. O status social do público varia fortemente segundo a área de conhecimento.

3.7. Cursos cujo público tende a se homogeneizar, confirma uma situação que tem sido denominada de democratização segregativa (Duru-Bellat, 2003).

3.8. Como bem observam Grignon e Gruel (1999, p.2): “A vida dita material não impõe somente limites práticos à atividade estudantil; ela intervém moralmente no conjunto da vida intelectual [...]”.

4. Pesquisas

4.1. Escolarização nos meios populares

4.2. A pesquisa contou com auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)e com a participação de duas estudantes do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e bolsistas de iniciação científica do CNPq: Letícia M. dos Anjos e Joelma M. de Andrade.

4.3. Estudos no campo da sociologia da educação produzidos no Brasil e no exterior vêm fornecendo indicadores teóricos importantes para problematizar o que tem sido chamado “longevidade escolar”, casos “atípicos” ou “trajetórias excepcionais” nos meios populares.

4.4. Esses estudos deram visibilidade às ações empreendidas pelos sujeitos sociais, contrariando uma visão patologizante das famílias ou, ainda, um conhecimento durante muito tempo dominante nas ciências sociais,

4.5. Silva (2003, p. 124) lembra que, conforme os dados do Censo de 1991, menos de 1% (0,53%) dos moradores da Maré, uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, possuía curso superior, nquanto o percentual da cidade do Rio de Janeiro era de 16,7%

4.6. Dados referentes ao vestibular de 2001 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), local da pesquisa, reforçam essa afirmação. Considerando a relação entre renda e aprovados no exame de seleção, verificou-se que entre aqueles com renda de até um salário mínimo (SM), representando 0,77% do total de inscritos, a aprovação foi de 0,58%, enquanto entre aqueles com renda de um a três SM, representando 6,59% dos inscritos, o índice de aprovação foi de 4,05%.

4.7. Problemática do estudante universitário de origem popular.

4.8. Os resultados da pesquisa indicam efeitos das diferenças verificados na composição social dos cursos e no exercício da vida acadêmica, nas suas mais variadas dimensões.

4.9. Estudar essa população para entender as transformações nas demandas e nas práticas escolares, assim como no perfil dos estudantes na sociedade contemporânea, representa uma necessidade para a pesquisa e as políticas educacionais em todos os níveis de ensino.

4.10. A constatação de que “existe um grupo de estudantes pobres e muito pobres que estão conseguindo ultrapassar barreiras ao longo de suas trajetórias escolares, ingressar e permanecer nas universidades públicas

4.11. Este estudo está voltado para estudantes universitários oriundos de famílias de baixo poder aquisitivo e reduzido capital cultural, e sua temática diz respeito às desigualdades relacionadas ao acesso e à permanência no sistema de ensino superior

5. Etapa 1

5.1. 2001 e 2003, pesquisa de campo tendo como local a UFSC,

5.2. Os resultados da pesquisa nessa instituição foram obtidos mediante uma metodologia de natureza quantitativa e qualitativa, baseada em dados sobre os candidatos ao vestibular e em entrevistas com universitários originários de escolas públicas.

5.3. Comprovadamente, não há uma relação direta entre as características socioculturais da família e a aprovação no vestibular, pois a maioria dos candidatos é reprovada em decorrência da distorção demanda/oferta de vagas.