A clínica psicológica existencial em um exercício de Saber-Fazer

FEIJOO, A.M.L.C, 2017

Comienza Ya. Es Gratis
ó regístrate con tu dirección de correo electrónico
A clínica psicológica existencial em um exercício de Saber-Fazer por Mind Map: A clínica psicológica existencial em um exercício de Saber-Fazer

1. Referências

1.1. Ontologia fundamental de Heidegger (ser e tempo, 1927/1998)

1.1.1. - a importância da prática (aquilo que traz a possibilidade para a constituição de todo e qualquer modo de conhecer e de saber sobre o modo de lidar com os entes)

1.1.2. Refere-se ao ser-aí com os seus caracteres; são eles: ser sempre meu, ter de ser, poder ser.

2. Termos e idéias importantes

2.1. ORIGINÁRIO: "JOGO DA EXISTÊNCIA"

2.2. Ente

2.2.1. Os entes são dotados de propriedades que aparecem no uso, no manuseio (na prática)

2.2.2. A significação dos entes, em geral, depende do modo como eles vêm ao encontro e se MOSTRAM em uma TOTALIDADE REFERENCIAL (se mostram na ocupação do mundo circundante)

2.3. Prática x Conhecimento perceptivo

2.3.1. Obs: Prática -> Manuseio e uso -> Conhecimento próprio

2.3.1.1. Uma conclusão inicial: "todo o saber das coisas vem junto a um fazer" - na medida em que se faz, se sabe. É um saber como sabor: na medida em que saboreamos algo, apreendemos o seu sabor. Não dá para saber o sabor sem saborear. Mas o próprio ato de saborear não prescinde de um sabor a ser saboreado. Um desses polos não é possível sem o outro. *****Dito isso, podemos passar a discutir o modo como pensamos a existência.****

2.4. Saber-fazer

2.4.1. NA CLÍNICA PSICOLÓGICA EXISTENCIAL (a qual questiona as verdades hegemonicas, universais e atemporais) pode-se encontrar aquilo que de SINGULAR, tonalidade, AFETO aparece como FORÇA capaz de atuar na TRANSFORMAÇÃO da realidade particular. Tudo isso ACOMPANHANDO aquilo que o outro tem a dizer. ***O psicólogo existencial pretende, na relação clínica, alcançar PELA ESCUTA a EXPERIÊNCIA, deixar-se guiar pelo outro, em um exercício constante de des-subjetivação. TUDO ISSO, COM A PRETENSÃO DE SUSTENTAR A POSSIBILIDADE DE TRANSFORMAÇÕES, ou seja, de deixar - ou pelo menos não impedir - APARECERem AFETOS TRANSFORMADORES DA REALIDADE.

2.4.2. Heidegger, ao tecer considerações sobre o primado da PRÁTICA, aponta para a possibilidade de pensar em termos da unidade SABER-FAZER. Ao considerar essa proposição, concluímos que o SABER não nasce dos tratados, nem das teses elaboradas logicamente; todo SABER NASCE da LIDA mais originária do homem COM aquilo que lhe vem ao ENCONTRO.

2.5. Clínica psicológica existencial

2.5.1. o homem em seu caráter de INDETERMINAÇÃO ORIGINÁRIA (nada o determina a priori: nem o orgânico, nem o psíquico e nem o social. Pode até parecer que o homem se faz pelo mundo que o determina, mas pensar dessa forma nos leva a esquecer da cooriginalidade entre os dois (tanto do homem como do mundo). Basta lembrar que se trata de uma apropriação, assim, cabe ao homem a RESPONSABILIDADE (cuidado) por aquilo de que ele se apropria.

2.5.1.1. Lembremos também do seguinte, para deixar isso bem claro: Ao homem, em sua indeterminação originária, não é possível, em nenhuma hipótese, prescindir do mundo. O mundo lhe oferece apoio, sustentação, caminho. Logo, homem e mundo existem de modo indissociável.

2.5.2. Ao pensar homem e mundo em uma unidade radical, rompe-se totalmente com a idéia de INTERIORIDADE que posiciona as coisas (Assim, não podemos pensar em prejuízos psíquicos e infortúnios determinados por forças externas, responsabilizando o mundo por aquilo que acontece ao homem).

2.5.3. Então, pergunta-se: qual será a tarefa do clínico, uma vez que não há INTERIORIDADE portadora daquilo que é mais autêntico? Ainda, nesse mesmo contexto, como poderá o clínico orientar o caminho que aquele que se encontra em conflito deve seguir?

2.5.4. Como defender a clínica como uma tarefa em que o saber e o fazer se encontram em uma unidade também indissociável? Clínica como algo que acontece no âmbito de uma experiência peculiar (experiência essa que dá o tom, o SABOR, o SABER, o know-how), que não ensina modelos, não dá lições, apenas aponta para possibilidades e desafios (mostrando que é "fazível" - que pode ser feito: esse é o "ensino" irrepetível que acontece na relação clínica).

2.5.5. Na clínica existencial, há uma UNIDADE INDISSOCIÁVEL ENTRE O SABER E O FAZER, que prescinde totalmente do caráter instrumental e antropológico da técnica, no entanto, compreendendo a técnica como um fazer do homem, radicaliza então como o poder da vontade humana.

2.5.6. Na relação terapêutica, a vontade do psicoterapeuta não é soberana no que diz respeito aos "resultados" que serão alcançados pelo analisando

2.6. Acolhimento atento

2.6.1. Sobre a DISPOSIÇÃO do clínico, de modo a poder ACOLHER O OUTRO, em sintonia de ATENÇÃO COM O OUTRO (obs: disposição à escuta ao outro).

2.6.1.1. 5 situação sobre a DISPOSIÇÃO do psicólogo clínico: - A relação analista-analisando - A compreensão na relação psicoterapêutica - A adição e o não compartilhamento das ilusões - Deixando transparecer a tensão entre o querer e o poder - Questionando as verdades estabelecidas

2.6.1.1.1. 1) A relação analista-analisando

2.7. Condição de possibilidade

2.7.1. Sobre aquilo que se abre como possibilidade para o analisando

2.7.1.1. A clínica psicológica, que não se realiza por meio de manipulações, correções, TÉCNICAS E RESULTADOS, pode dar a parecer que não tem nenhuma razão de ser. Defendemos aqui, por meio da literatura e de exemplos clínicos, que TRANSFORMAÇÕES acontecem. No entanto, elas se dão de forma tão SUTIL e silenciosa que podemos acreditar, desavisadamente, que nada aconteceu. Por esse motivo é que prosseguimos agora, com algumas das POSSIBILIDADES QUE SE ABREM EM UMA CLÍNICA EXISTENCIAL, em que o analisando vai, pouco a pouco ou repentinamente: destruindo as identidades sedimentadas; conquistando o caráter de PODER SER; consquistando a sua medida existencial; TRANSFIGURANDO O SOFRIMENTO; LIBERTANDO-SE DO SABER DE SI e conquistando o CUIDADO DE SI.

2.7.1.1.1. 1) Destruindo identidades sedimentadas:

2.7.1.1.2. 2) Conquistando o caráter de poder ser

2.7.1.1.3. 3) Conquistando a medida existencial

2.7.1.1.4. 4) Conquistando o cuidado de si

2.7.1.2. 5) Dissolução do sofrimento

2.7.1.2.1. Como afinal se da a lida do psicólogo clínico com o sofrimento? O que afinal, é a dor? E o sofrimento? Dor e sofrimento não são o mesmo?

2.7.1.2.2. Fogel nos diz, que dor e sofrimento não são o mesmo. Ao tentar esclarecer que dor e sofrimento não são compreendidos como tendo o mesmo sentido, recorremos ao que Fogel (2010) nos diz ao utilizar duas expressões: dor e dor da dor. Ele diz que dor é aquilo que aparece não por lamentação. É algo da ordem do inevitável. Sofrimento é a dor porque se tem dor. É a lamentação pela dor que se vive. A primeira, nos diz Kierkegaard, refere-se a tristeza, pesar, pena; a segunda, afirma o filósofo dinamarquês, é o desespero, que nós denominamos sofrimento. Sofrimento pelo fato de estarmos atravessando momentos de infortúnios pelos quais consideramos que não deveríamos passar. Sofrimento é a doença do querer o que não se pode conquistar pela vontade. A primeira dor, nos diz Kierkegaard, é aquela pela qual a criança é tomada quando algo a atinge, e a tristeza é infinitamente profunda. A segunda é aquela em que o adulto sofre não apenas com a dor, mas com o fato de que ele vive a dor. Esclarecemos que a primeira dor é o espinho na carne e a segunda dor é a dor por se ter o espinho, ou seja, trata-se da perda ou a marca de algo que acreditamos que deveria ser da ordem do imaculado.

2.7.1.2.3. Para finalizar, cabe um esclarecimento: a dor é algo de que o existente jamais pode se esquivar; aliás, quanto mais tenta, mais dói. ESSA DOR DA DOR É JUSTAMENTE AQUILO QUE CABE AO PSICÓLOGO ACOMPANHAR, DE MODO QUE O HOMEM, AFINAL, SAIBA QUE A DOR É INEVITÁVEL. A luta insana na tentativa de escapar da dor é sofrimento, que finaliza quando se para de lutar e se aceita, de uma vez por todas, que vida e dor são inseparáveis.

2.8. A clínica que aguarda e resguarda o acontecimento