Coesão e Coerência Textuais

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Coesão e Coerência Textuais por Mind Map: Coesão e Coerência Textuais

1. 3 - Como analisar a coesão

1.1. A coesão textual depende de cinco categorias de procedimento: referência, substituição, elipse, conjunção e léxico.

1.1.1. Referência - função pela qual um signo linguístico se relaciona a um objeto extralinguístico.

1.1.2. Substituição - colocação de um item no lugar de outro(s) ou até de uma oração inteira

1.1.3. Elipse - omissão de um item lexical recuperável pelo contexto, ou seja, a substituição por zero (0).

1.1.4. Conjunção - tem natureza diferente das outras relações coesivas por não se tratar simplesmente de uma relação anafórica.

1.1.5. Coesão Lexical - é obtida pela reiteração de itens lexicais idênticos ou que possuem o mesmo referente.

1.2. Marcuschi apresenta quatro grupos de fatores de “conexão seqüencial”: repetidores, substituidores, seqüenciadores e moduladores.

1.2.1. Repetidores — recorrência, paralelismo e definitivização.

1.2.2. Substituidores — paráfrase, pro-formas (nominais, verbais, adverbiais e pro-sintagmas), pronominalização (anáfora, catáfora e exófora) e elipse.

1.2.3. Seqüenciadores — tempo, aspecto, disjunção, conjunção, contrajunção, subordinação, tema-rema.

1.2.4. Moduladores — entoação e modalidades

1.3. Proposta de reclassificação: está-se tornando possível chegar a uma proposta teórica diferente das já sugeridas: uma classificação em termos de função que exercem esses mecanismos na construção do texto e não de classes de palavras, de léxico etc.

1.3.1. Então agora tem-se 3 tipos de coesão: Referencial, recorrencial e sequencial stricto sensu.

2. 4 - Coesão Referencial

2.1. A referência constitui um primeiro grau de abstração: o leitor/alocutário relaciona determinado signo a um objeto tal como ele o percebe dentro da cultura em que vive.

2.2. A coesão referencial pode ser por: Substituição ou Reiteração.

2.2.1. Substituição: se dá quando um componente é retoma do ou precedido por uma pro-forma (elemento gramatical representante de uma categoria como, por exemplo, o nome; caracteriza-se por baixa densidade sêmica: traz as marcas do que substitui).

2.2.1.1. No caso de retomada, tem-se uma anáfora e, no caso de sucessão, uma catáfora

2.2.1.2. As pro-formas podem ser pronominais, verbais, adverbiais, numerais, e exercem função de pro-sintagma, pro constituinte ou pro-oração.

2.2.2. Reiteração:

2.2.2.1. É a repetição de expressões no texto (os elementos repetidos têm a mesma referência).

2.2.2.2. A reiteração dá-se por:

2.2.2.2.1. Repetição do mesmo item lexical

2.2.2.2.2. Sinônimos

2.2.2.2.3. Hiperônimos e Hipônimos

2.2.2.2.4. Expressões nominais definidas

2.2.2.2.5. Nomes genéricos

2.3. Marcuschi diz: “Um texto não pode manter o tempo todo suas entidades indefinidas, pois elas não seriam localizáveis no universo cognitivo”.

3. 5 - Coesão Recorrencial

3.1. A coesão recorrencial se dá quando, apesar de haver re tomada de estruturas, itens ou sentenças, o fluxo informacional caminha, progride; tem, então, por função levar adiante o discurso.

3.2. São os casos de Coesão Recorrencial:

3.2.1. Recorrência de termos: reconhece as funções de ênfase, intensificação e “um meio para deixar fluir o texto”.

3.2.2. Paralelismo (recorrência de estruturas): Isso acontece quando as estruturas são reutilizadas, mas com diferentes conteúdos.

3.2.3. Paráfrase (recorrência semântica): é uma atividade efetiva de reformulação. Segundo Fuchs: “bem ou mal, na totalidade ou em parte, fielmente ou não, se restaura o conteúdo de um texto- fonte, num texto-derivado”.

3.2.4. Recursos fonológicos segmentais e supra-segmentais: Segundo Dressler: “em princípio, a forma fonética do texto é uma conseqüência da estrutura semântica fornecida pela sintaxe"

3.2.4.1. alguns casos em que a coesão é também obtida com esse componente:

3.2.4.1.1. Ritmo

3.2.4.1.2. Recursos de motivação sonora

4. 7 - Pausa para Análise de Texto

4.1. Num texto, a exploração de alguns fatores em detrimento de outros evidencia a constituição peculiar de cada texto, caracterizando conseqüentemente seu produtor.

4.2. As marcas linguísticas constituem indicadores das intenções do autor, porém podem não coincidir exatamente com estas mesmas intenções ou porque ele as mascarou ou por que o texto permite leituras não previstas.

4.3. Análises de textos

5. 9 - As Estruturas Cognitivas

5.1. Conceitos: Os conceitos são, segundo Marcuschi, uma constelação de conhecimentos armazenados, na memória semântica e na memória episódica, em unidades consistentes, porém não monolíticas ou estanques.

5.2. Tipologia dos conceitos: Primários e Secundários

5.2.1. Primários: funcionam como controles centrais, isto é, como pontos por meio dos quais se dá, estrategicamente, o processamento do texto. A partir deles são ativados os secundários. São primários: objetos, situações, eventos, ações.

5.2.2. Secundários - São secundários: agente, instrumento, tempo, locação, entidade afetada, cognição, emoção, volição, percepção etc

5.3. Modelos cognitivos globais

5.3.1. Os modelos cognitivos globais são blocos de conheci mentos intensamente utilizados no processo de comunicação e representam de forma organizada nosso conhecimento prévio armazenado na memória

5.3.2. Frames (quadros, molduras)

5.3.2.1. A teoria dos Frames consiste de um mecanismo de armazenagem de conhecimento por computadores, isto é, como repre sentar o conhecimento na linguagem artificial, de forma que se aproxime da linguagem natural.

5.3.2.2. Os frames são modelos globais que contêm o conheci mento comum sobre um conceito primário (geralmente situações estereotipadas), como Natal, Carnaval, Imposto de renda etc.

5.3.2.3. Os frames estabelecem que elementos, “em princípio, fazem parte de um todo, mas não estabelecem entre eles uma ordem ou seqüência (lógica ou temporal)”.

5.4. Esquemas

5.4.1. Esquemas são modelos cognitivos globais de eventos ou estados dispostos em seqüências ordenadas, ligadas por relações de proximidade temporal e causalidade; são previsíveis, fixos, determinados e ordenados, segundo Beaugrande e Dressler.

5.4.2. Os esquemas podem ser rompidos, recurso utilizado com muita freqüência, por exemplo, na linguagem da propaganda.

5.5. Planos

5.5.1. Planos são “modelos de comportamento deliberados exibidos pelas pessoas, podendo abranger vários propósitos superpostos”, segundo Schank e Abelson e Marcuschi. Além de terem todos os elementos numa ordem previsível, levam o leitor/ouvinte a perceber a intenção do escritor/falante

5.5.1.1. O que os distingue dos esquemas é exatamente permitirem reconhecer o que pretende o planejador.

5.6. Scripts

5.6.1. São planos estabilizados, utilizados ou invocados freqüentemente para especificar os papéis dos participantes e as ações deles esperadas.

5.6.1.1. Diferentemente dos planos, são estereotipados e contêm uma rotina preestabelecida.

5.7. Cenários

5.7.1. Sanford e Garrod 8 escolheram o termo cenário para descrever “o domínio estendido da referência” que é usado para interpretar textos escritos, pois “pode-se pensar o conhecimento de contextos e situações como constituindo um cenário interpretativo atrás do texto”

5.8. Superestruturas

5.8.1. “A forma global de um texto, que define sua organização e as relações hierárquicas entre seus fragmentos. Assim, uma superestrutura, mais do que a forma sintática de uma oração, é descrita em termos de categorias e regras de formação”, segundo Van Dijk.

5.9. O conhecimento prévio

5.9.1. Existem vários níveis de conhecimento: Conhecimento Linguístico Conhecimento Textual Conhecimento de Mundo

5.9.1.1. Conhecimento Linguístico: é o conhecimento implícito que faz com que um indivíduo fale uma língua como falante nativo.

5.9.1.2. Conhecimento Textual: está relacionado à classificação do texto quanto à estrutura (por exemplo, narrativo, expositivo, descritivo), quanto à interação autor-leitor (narração, argumentação, descrição). Quanto mais conhecimento textual o leitor/ouvinte tiver, melhor ele compreenderá o texto.

5.9.1.3. Conhecimento de Mundo: adquirido tanto formal como informalmente, abrange desde o conhecimento que um cientista tem sobre sua especialidade, até o mais informal conhecimento.

5.10. Para chegar à compreensão do texto como um todo coerente, é necessário que sejam trabalhadas não só as relações coesivas mas, e principalmente as de conexão conceitual-cognitiva.

6. Introdução

6.1. Enunciado e Texto: Diferença - Texto é a soma dos enunciados, para se ter sua produção e compreensão.

6.2. Competência da Linguística: distinguir um texto coerente de um aglomerado incoerente de enunciados.

6.3. Texto em sentido amplo, designando toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano. Então o texto consiste em qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão.

6.3.1. O Texto trata-se de um contínuo comunicativo contextual caracterizado pelos fatores de textualidade: contextualização, coesão, coerência, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade, e intertextualidade.

6.4. O discurso é manifestado, linguisticamente, por meio de textos (em sentido estrito).

7. 2 -Coesão e Coerência

7.1. Coesão refere-se às relações de sentido que se estabelecem entre os enunciados que compõem o texto. A interpretação de um elemento depende da interpretação de outro.

7.1.1. A noção de coesão precisa ser “complementada” pela noção de registro.

7.2. Sistema linguístico - 3 níveis: o semântico (significado), o léxico-gramatical (formal) e o fonológico ortográfico (expressão).

7.3. A coerência é manifestada em grande parte macrotextualmente, e refere-se aos modos como os componentes do universo textual.

7.3.1. A coerência é o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos.

7.4. Coesão e Coerência - Diferença

7.4.1. Há um sequenciamento coesivo de fatos isolados que não têm condição de formar um texto (a coesão não é condição nem suficiente nem necessária para formar um texto).

7.4.2. Há textos destituídos de coesão mas cuja textualidade se dá ao nível da coerência

7.4.3. A retomada de elementos não é o único meio para se constituírem relações interfrásicas (não é condição necessária para a coerência).

7.4.4. A coerência não deve ser buscada unicamente na sucessão linear dos enunciados, mas, sim, numa ordenação hierárquica.

7.4.5. Não é independente de fatores, tais como, escritor/locutor, leitor/alocutário, lugar e tempo do discurso.

8. 6 - Coesão Sequencial

8.1. Os mecanismos da Coesão Sequencial é fazer progredir o texto (da mesma forma que o recorrencial). Mas diferem dos de recorrência, por não haver neles retomada de itens, sentenças ou estruturas.

8.2. Pode ocorrer por:

8.2.1. Sequenciação Temporal : Embora todo texto coeso tenha uma seqüenciação temporal (já que a coesão é linear) uso o termo em sentido estrito: para indicar o tempo do “mundo real

8.2.1.1. Ordenação Linear dos elementos

8.2.1.2. Expressões que assinalam a ordenação ou continuação das seqüências temporais

8.2.1.3. Partículas temporais

8.2.1.4. Correlação dos tempos verbais (consecutio temporum)

8.2.2. Seqüenciação por conexão: Num texto, tudo está relacionado; um enunciado está subordinado a outros na medida em que não só se compreende por si mesmo, mas ajuda na compreensão dos demais.

8.2.2.1. Esta interdependência semântica e/ou pragmática é expressa por operadores do tipo lógico, operadores discursivos e pausas.

8.2.2.2. Operadores do tipo lógico: Podem estabelecer relações de:

8.2.2.2.1. Disjunção

8.2.2.2.2. Condicionalidade

8.2.2.2.3. Causalidade

8.2.2.2.4. Mediação

8.2.2.2.5. Complementação

8.2.2.2.6. Restrição ou delimitação

8.2.2.3. Operadores do Discurso: Podem ser:

8.2.2.3.1. Conjunção

8.2.2.3.2. Disjunção

8.2.2.3.3. Contra junção

8.2.2.3.4. Explicação ou justificação

8.2.2.4. Pausas: Indicadas, na escrita, por dois-pontos, vírgula, ponto- e-vírgula ou ponto final etc., substituem os conectores frásicos, podendo assinalar relações diferentes facilmente explicitadas.

9. 8 - Reformulando a noção de coerência

9.1. Os fatores de coerência são os que dão conta do processamento cognitivo do texto e permitem uma análise mais profunda do mesmo.

9.2. Enquanto a coesão se dá ao nível microtextual — conexão da superfície do texto, a coerência caracteriza-se como o nível de conexão conceitual e estruturação do senti do, manifestado, em grande parte, macrotextualmente.

9.3. Segundo Beaugrande e Dressler o texto coerente é aquele em que há uma continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expressões do texto.

9.4. O texto contém mais do que o sentido das expressões na superfície textual, pois deve incorporar conhecimentos e experiência cotidiana, atitudes e intenções, isto é, fatores não linguísticos.

9.4.1. Então por isso um texto não é em si coerente ou incoerente; ele o é para um leitor/alocutário numa determinada situação.

9.5. Existe dois tipos de conhecimento:

9.5.1. Conhecimento declarativo: é o conhecimento dado pelas sentenças e suas proposições que organizam os conhecimentos a respeito de situações, eventos e fatos do mundo real e entre as quais se estabelecem relações do tipo lógico corno de generalização, especificação, causalidade etc. (armazena do na memória semântica).

9.5.2. Conhecimento procedimental: é o conhecimento dado pelos fatos ou convicções num determinado formato, para um uso determinado. Esse conhecimento, armazenado na memória episódica através de determinados modelos globais.

10. 11 - Coesão e Coerência no texto Conversacional

10.1. O texto Conversacional

10.1.1. Existem dois tipos de conversação: Natural e Artificial

10.1.1.1. Natural: com as variedades informal, ou coloquial, e formal.

10.1.1.2. Artificial: desenvolvida em peças de teatro, filmes, novelas, romances; estas seguem um tipo de roteiro prévio.

10.1.2. Existem também uma outra característica da língua falada denominada por Chafe, envolvimento, que contrasta com o afastamento, o deslocamento da escrita, e que é criado por um número de ocorrências do tipo:

10.1.2.1. o locutor usa estratégias de monitoração (entoação, Pausas...)

10.1.2.2. discurso direto

10.1.2.3. uso do pronome de primeira pessoa

10.1.2.4. uso de partículas enfáticas (realmente, Justamente)

10.1.2.5. desfocado

10.1.2.6. ênfase nas ações e agentes antes que estados e objetos

10.1.2.7. ênfase nas pessoas e suas relações

10.2. A noção de tópico discursivo

10.2.1. De um mo do geral, o texto conversacional é coerente: o problema é que, como ele obedece a processos de ordem cognitiva, muitas vezes, se torna difícil detectar as marcas lingüísticas e discursivas dessa coerência, pois ela geralmente não se dá com base nessas marcas, mas, na relação entre os referentes; daí a importância que a noção de tópico e de desenvolvimento dos tópicos na conversação vem adquirindo ultimamente.

10.2.2. O tópico é uma noção que pode ser entendida como “aquilo acerca do que se está falando.

10.2.3. O tópico tem como propriedades:

10.2.3.1. A centração

10.2.3.2. A organicidade

10.2.3.3. A delimitação local

10.2.3.4. Lingüísticas: marcadores conversacionais

10.2.3.5. discursivas: implicatividade entre os turnos, perguntas feitas pelo interlocutor etc

10.3. As Digressões

10.3.1. Encontram-se, às vezes, no texto conversacional, porções que não se acham topicamente relacionadas nem com o que veio imediatamente antes, nem com o que está imediatamente depois, que, por sua vez, se acha relacionado com o primeiro.

10.3.2. Existe três tipos básicos de digressão:

10.3.2.1. Digressões baseadas no enunciado

10.3.2.2. Digressões baseadas na interação

10.3.2.3. Digressões baseadas em sequências inseridas