INFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO

Mapa mental referente à disciplina de Microbiologia Aplicada administrada pelo IFRJ.

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INFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO por Mind Map: INFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO

1. Microbiota gastroinstestinal

1.1. O corpo humano é habitado por bactérias cuja população é 10x superior ao nº de células humanas e a maioria dessas bactérias estão no TRATO GASTROINTESTINAL.

1.2. Algumas bactérias que colonizam o TGI correspondem a organismos encontrados na cavidade oral e que muitas vezes foram introduzidos com a passagem de alimentos.

1.3. Corresponde a uma coluna de nutrientes misturada a microorganismos, primariamente bactérias. Muitos nutrientes importantes são produzidos pela microbiota endógena.

1.4. Fatores que influenciam o estabelecimento da microbiota: Alimentação, idade, genética, condições sanitárias, hábitos de higiene, acidez gástrica e barreiras físicas, imunidade e microflora entérica.

1.5. Benefícios de uma microbiota saudável: Síntese de vitaminas, impedimento de colonização de patógenos, estímulo da produção de anticorpos naturais, estímulo do desenvolvimento de alguns tecidos e estímulo de produção de anticorpos naturais.

1.6. Antagonismo microbiano: Ocorre quando a microbiota normal protege o hospedeiro contra a colonização por microorganismos potencialmente patogênicos ao competir com eles por nutrientes, o que leva à produção de substâncias antagonistas (bacteriocinas, um antibiótico natural). Quando o equilíbrio entre a microbiota normal e os microorganismos patogênicos é alterado o resultado pode ser o surgimento de doenças. No intestino grosso pode ocorrer o antagonismo microbiano por E. coli (produzem bacteriocinas, proteínas que inibem o crescimento de outras bactérias da mesma espécie ou similares) e Clostridium difficile (responsável por quase todas infecções gastrointestinais). Além disso, o uso de antiácidos faz aumentar o pH do estômago, tornando-o menos ácido, e permitindo a passagem de patógenos para o intestino.

2. Trato digestivo e TGI

2.1. O trato digestivo começa na boca e o TGI compreende o estômago e os intestinos.

2.2. Funções do TGI: Digestória, absortiva, excretória, imunológica, neurológica, endócrina e destoxificante.

2.3. Órgãos e funcões: Boca - Produzir saliva, umedecer, digerir carboidratos, ação antimicrobiana, fator de crescimento epidérmico e possui os dentes que moem, cortam e trituram os alimentos. Esôfago - Conduzir alimentos ao estômago. Estômago - Digerir proteínas, produzir enzimas e ácido clorídrico, ação antimicrobiana. Vesícula biliar - Armazenar a bile, auxiliar na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Pâncreas - Produzir enzimas digestivas e bicarbonatos, digerir carboidratos e proteínas e gorduras. Intestino delgado - Absorver a maior parte dos nutrientes, água, ácidos graxos, vitaminas, minerais, glicose, aminoácidos e fitoquímicos. Produzir neurotransmissores e hormônios. Intestino grosso - Reabsorver água e minerais, eliminar metais pesados e carcinógenos e outras toxinas.

3. Órgãos do TGI

3.1. Estômago: Por possuir fluidos muito ácidos, é uma barreira química contra a entrada de microorganismos no TGI. Porém, ainda assim, há microorganismos capazes de colonizá-los. Sua população microbiana consiste em diversos taxons bacterianos diferentes.

3.2. Intestino delgado: Possui 2 ambientes distintos, o duodeno e o íleo que são conectados pelo jejuno. O duodeno, adjacente ao estômago, é altamente ácido e sua microbiota normal assemelha-se à encontrada no estômago. No duodeno ao íleo o pH torna-se, gradativamente, menos ácido havendo um aumento no número de bactérias mais anóxico. Bactérias anaeróbias fusiformes são geralmente encontradas nessa região.

3.3. Intestino grosso: Os aeróbios facultativos consomem qualquer oxigênio remanescente, tornando-o anóxico; essa condição promove o crescimento de anaeróbios obrigatórios, incluindo espécies de Clostridium e Bacteroides. Mais de 99% das bactérias presentes são espécies de Bacteroides e espécies gram-positivas. Sua microbiota normal consiste em Escherichia coli, Bacterioides, Fusobacterium, Lactobacillus, Enterococcus etc. O intestino grosso contém os maiores números de microorganismos da microbiota do corpo, em razão da disponibilidade de umidade e nutrientes. A diarréia elimina parte da microbiota normal.

4. Alimentos que ajudam na microbiota

4.1. Probióticos: Alimentos que contêm bactérias vivas e que melhoram o equilíbrio da microbiota intestinal. Exemplos: Iorgurtes fermentados, chucrute, kimchee, kombucha, kefir, etc.

4.2. Prebióticos: Alimentos não-geríveis pelo ser humano, mas promovem a seleção das espécies benéficas e limitam o número de bactérias no intestino. Exemplos: Frutoologossacarídeos (FOS), a pectina, ligninas, inulina, etc, que podem ser encontrados em cebola, alho, banana verde, cereais, etc.

4.3. Simbióticos: Alimentos que combinam probióticos e prebióticos. Exemplos: iogurtes, bebidas lácteas fermentadas, suplementos alimentares, fármacos, sucos de frutas e legumes fermentados.

5. Infecções gastrointestinais

5.1. Podem ser virais, bacterianas ou parasitárias que causam gastroenterite e envolve o estômago e intestino delgado.

5.2. Podem ocorrer por transmissão direta: Via oral-fecal, falta de higiene ou contato com superfícies e objetos contaminados. Ou por transmissão indireta: Consumo de água e alimentos contaminados e falta de saneamento básico.

5.3. Os principais grupos bacterianos envolvidos incluem as bactérias gram-negativas, as gram-positivas formadoras de endosporos e as gram-positivas não formadoras de endosporos.

5.4. Gastroenterite: Inflamação das membranas mucosas do TGI, acompanhada por diarreia e/ou vômito e é muito frequente em crianças. Seus principais causadores são Escherichia coli, Norovirus, Rotavirus, Shigella sp, Salmonella sp e Yersinia enterocolítica.

5.5. Doença diarreica aguda (DDA): Causada por bactérias, vírus ou parasitas intestinais. Ocorre, diarreia, vômito, febre, dor abdominal e pode haver presença de muco e/ou sangue nas fezes. Sua duração é entre 2 e 14 dias e alguns dos agentes que a provocam podem produzir toxinas e, ao mesmo tempo, invasão e ulceração do epitélio.

6. Agentes infecciosos

6.1. Escherichia coli: Presente no trato intestinal de animais homeotérmicos, é comersal e apenas pequena parte das estirpes apresenta patogenecidade responsável por enfermidades. Sua transmissão é via oral-fecal por alimentos contaminados e pode causar 5 diferentes tipos de infecções diarreiogênicas. Os sintomas incluem diarreia, desenteria, náuseas, vômito e desconforto abdominal.

6.2. Salmonella spp: Bacilos gram-negativos não produtores de esporos e anaeróbios facultativos responsáveis por graves intoxicações alimentares, está presente em alimentos, pode ser fatal e constitui 3 tipos diferentes de enfermidades: A febre tifoide (causada por água e alimentos contaminados por material fecal humano e possui sintomas como febre alta, diarreia, vômitos e septicemia), a febre entérica (semelhante à tifoide, mas com sintomas mais brandos) e a salmonelose (caracterizada por febre, diarreia, dores abdominais e vômitos.

6.3. Shigella spp: Causa Shigelose ou disenteria bacilar (mais comum em crianças), pode provocar perda de fluido intestinal e são anaeróbias facultativas com baixa atividade metabólica. Suas enfermidades podem ser causadas por alimentos contaminados.

6.4. Vibrio cholerae: Bacilo gram-negativo, aeróbio, curto, curvo e móvel que causa a cólera. A cólera é na maioria das vezes assintomática ou com diarreia de baixa intensidade, podendo em poucas pessoas ocorrer diarreia aquosa profusa de instalação súbita com potencial fatalidade e de evolução rápida. Gera massa de muco intestinal e células epiteliais, conhecido como "fezes de água de arroz".

6.5. Campylobacter: Uma das principais causas de diarreia aguda no mundo. São gram-negativos e móveis. Alimentos como aves, leites e derivados são locais de contaminação que podem servir de veiculação à bactéria, grande percentual de animais de corte possui esse microorganismo nas fezes. A infecção causada por esse agente é mais frequente em meses quentes e seus sintomas incluem dor abdominal aguda, diarreia, náusea, dor de cabeça, dor muscular e febre.

6.6. Helicobacter: O H. Pylori é gram-negativo, espiralado e com distribuição universal, sendo considerado a causa de infecção crônica mais frequente em humanos. Gera perda da capa mucosa protetora e provoca gastrite e úlceras gástricas.

6.7. Staphylococcus aureaus: Gram-positivas não formadoras de endosporos que podem causar destruição tecidual. Náusea, vômitos, diarreia, dor abdominal, dor de cabeça e sudorese estão entre seus sintomas.