PSICOPATOLOGIA 1

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PSICOPATOLOGIA 1 por Mind Map: PSICOPATOLOGIA 1

1. SEMIOLOGIA

1.1. SEMIOLOGIA PATOLÓGICA

1.1.1. SEMIOLOGIA PATOLÓGICA: campo de estudos ligado à investigação dos sinais e sintomas dos transtornos mentais.

1.1.1.1. SEMIOTÉCNICA: conjunto de técnicas relacionadas à coleta de informações e observação de sinais e sintomas

1.1.1.1.1. SEMIOGÊNESE: campo de investigação ligado à informação e ao sentido de sinais e sintomas

1.2. A SEMIOLOGIA É O ESTUDO DOS SIGNOS

1.3. SIGNOS: representação de algo que atribui sentido; sendo divido em:

1.3.1. SÍMBOLOS: signos mais complexos, não há semelhança com o representado.

1.3.1.1. ÍNDICE: guardam relação de continuidade em relação ao objeto representado, necessitando de aprendizagem.

1.3.1.1.1. ÍCONE: tem relação de semelhança com o representado.

2. NORMALIDADE

2.1. NORMALIDADE COMO AUSÊNCIA DE DOENÇA: interpreta o indivíduo de acordo com o que ele não possui.

2.1.1. NORMALIDADE IDEAL: utopia do indivíduo sadio e evoluído. Aqueles indivíduos adaptados às normas morais e políticas de determinadas sociedade.

2.1.1.1. NORMALIDADE ESTATÍSTICA: normal é aquilo que se observa com maior frequência.

2.1.1.1.1. NORMALIDADE COMO BEM-ESTAR: definido pela OMS como bem-estar físico, mental e social. Sendo uma utopia, pois parte da subjetividade.

3. TIPOS DE ENTREVISTAS

3.1. ESTRUTURADA: quando as perguntas já estão prontas e as respostas já dadas.

3.1.1. ABERTA (não estruturada): sem nenhum roteiro prévio.

3.1.1.1. SEMI-ESTRUTURADA: algumas questões dadas previamente no roteiro mas esse roteiro sofre alterações durante a entrevista.

3.2. ANAMNESE: tipo de entrevista com função de investigar sinais e sintomas. Tem foco clínico.

3.3. EXAME PSÍQUICO

4. CONSCIÊNCIA E ALTERAÇÕES

4.1. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: rebaixamento da consciência

4.1.1. ONIBULAÇÃO: dificuldade de compreensão, capacidade de responder perguntas simples, lentidão da motricidade. Leve rebaixamento da consciência.

4.1.1.1. SUPOR: responde apenas estímulos fortes e dolorosos. Paciente sonolento com psicomotricidade reduzida. Intenso rebaixamento.

4.1.1.1.1. COMA: grau + profundo de rebaixamento da consciência, não há atividade consciente, ausência da atividade psicomotora.

4.2. ALTERAÇÕES QUALITATIVA: elevação do nível da consciência

4.2.1. ESTADO CREPUSCULAR (consciência restrita na mente) : Frequentemente acontece no estado de embriaguez. Alterações na qual há uma redução no campo da consciência a um determinado campo de ideias, e tem atividade psicomotora, podendo acontecer quadros de violência

4.2.1.1. ESTADO SEGUNDO: tem autores que falam que é a mesma coisa do crepuscular, porém, a diferença é que esse estado não é ligado a questões orgânicas. É causado por questões psíquicas e não é violento.

4.2.1.1.1. DISSOCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: designa a fragmentação ou divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. Acontece quando se está diante de um evento intenso.

5. ATENÇÃO

5.1. NATUREZA:

5.1.1. Voluntária: por um ato de vontade.

5.1.1.1. Espontânea: é capturada

5.2. DIREÇÃO:

5.2.1. Externa: eventos exteriores.

5.2.1.1. Internas: algo de dentro

5.3. AMPLITUDE:

5.3.1. Focal: voltado p/ um ponto

5.3.1.1. Dispersa

5.4. TENACIDADE: sustentar a atenção tendo como foco uma área ou objeto.

5.4.1. VIGILÂNCIA: deslocar a atenção de um foco p/ outro.

5.4.1.1. HÁBITO: em decorrência da repetição de um estímulo, há ausência de respostas de orientação.

5.4.1.1.1. SENSIBILIZAÇÃO: em decorrência da reptição de um estímulo há progressivo aumento da resposta de orientação.

5.5. ANORMALIDADE DA ATENÇÃO

5.5.1. HIPOPREXIA: desligamento da atenção. Perda básica da capacidade de concentração, com fatigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção de estímulos ambientais e compreensão.

5.5.1.1. APROXIA: total abolição da capacidade de atenção

5.5.1.1.1. HIPERPROSEXIA: muita atenção, no qual há uma tendência incoercível a obstinar-se, a deter-se indefinidamente sobre certos objetos com surpreendente infatigabilidade.

5.6. ATENÇÃO E TRANSTORNOS MENTAIS

5.6.1. Transtorno de humor; Transtorno obsessivo compulsivo; Esquizofrenia; TDAH.

6. SENSOPERCEPÇÃO

6.1. RELAÇÃO SUJEITO-MUNDO

6.1.1. Perspectiva representacional

6.1.1.1. Compreendemos o mundo a partir dos 5 sentidos, e a partir do que sentimos, criamos representações mentais.

6.2. Sensação x Percepção

6.2.1. A sensação diz respeito ao fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores.

6.2.2. Já a percepção diz respeito á tomada de consciência do estímulo sensorial. Vai da dimensão neuropsicológica e psicológica da sensopercepção.

6.3. O processamento de informações ocorre desta forma:

6.3.1. Estímulos (nos afetam)-> Sensações -> Percepções

6.4. PERCEPÇÃO

6.4.1. Imagem mental, construção

6.5. APERCEPÇÃO

6.5.1. É a percepção clara e plena de um objeto por meio de reconhecimento ou identificação do percebido com o objeto preexistente. Tem uma significação atrelada ao ''objeto''; experiência anterior.

6.6. QUALIDADES DE IMAGEM

6.6.1. Nitidez -> a imagem é nítida, seus contornos são precisos.

6.6.2. Corporeidade -> a imagem é viva, corpórea, tem luz, brilho e cores vivas)

6.6.3. Estabilidade -> a imagem percebida é estável, não muda de um momento para outro.

6.6.4. Extrojeção -> a imagem, provinda do espaço exterior, também é percebida neste espaço.

6.6.5. Ininfluenciabilidade voluntária -> o indivíduo não consegue alterar voluntariamente a imagem percebida.

6.6.6. Completitude -> a imagem apresenta desenho completo e determinado, com todos os detalhes diante do observador.

6.7. IMAGEM

6.7.1. Percepção presente de um objeto real.

6.8. REPRESENTAÇÃO

6.8.1. Imagem mental, ocorre da experiência mnêmica de um objeto que não se encontra mais presente. É um subtipo de imagem representativa (memória).

6.8.2. Características da representação:

6.8.2.1. Pouca nitidez -> os contornos, geralmente, são borrados.

6.8.2.2. Pouca corporeidade ->a representação não tem a vida de uma imagem real

6.8.2.3. Instabilidade ->a representação aparece e desaparece facilmente do campo de consciência

6.8.2.4. Introjeção ->a representação é percebida no espaço interno

6.8.2.5. Incompletude -> a representação demonstra um desenho indeterminado, apresentando-se geralmente incompleta e apenas com alguns detalhes.

6.9. SUBTIPOS DE IMAGEM REPRESENTAVIVA

6.9.1. Imagem eidética -> representação com características semelhantes à percepção. Processo voluntário; fiel ao real.

6.9.2. Pareidolia -> imagens visualizadas do ambiente a partir de estímulos imprecisos. Trata-se de processo voluntário de modificação de uma percepção.

6.9.3. Imaginação -> atividade psíquica, geralmente voluntária, que consiste na evocação de imagens percebidas no passado (imagem mnêmica) ou na criação de novas imagens (imagem criada). a partir de memórias criamos imagens mentais.

6.10. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA SENSOPERCEPÇÃO

6.10.1. Hipertesia-> é a condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração. (psicopatológica)

6.10.2. Hiperpatia -> quando uma sensação desagradável (geralmente de queimação dolorosa) é produzida por um leve estímulo da pele. (neurológica)

6.10.3. Hipotesia -> o mundo circundante é percebido como mais escuro; as cores tornam-se mais pálidas e sem brilho; os alimentos não têm mais sabor; e os odores perdem sua intensidade. (psicopatológica, em ex é a depressão)

6.10.4. Parestesia-> são sensações táteis desagradáveis (embora não sentidas propriamente como dor), em geral espontâneas, descritas como “formigamentos, adormecimentos, picadas, agulhadas ou queimação” mais ou menos intensas. (ex. parestesia de Berger)

6.10.5. Disestesia-> são sensações anômalas, em geral dolorosas, desencadeadas por estímulos externos; assim, ao estimular a pele do paciente com calor, este refere sensação de frio; e, após um leve roçar sobre a pele, refere dor.

6.11. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA SENSOPERCEPÇÃO

6.11.1. Ilusão->percepção deformada de um objeto real e presente.

6.11.1.1. Causas-> Estados de rebaixamento do nível de consciência. Por turvação da consciência, a percepção torna-se imprecisa, fazendo com que os estímulos sejam percebidos de forma deformada.

6.11.1.2. Estados de fadiga grave ou de inatenção marcante. Podem ocorrer ilusões transitórias e sem muita importância clínica.

6.11.1.3. Alguns estados afetivos. Por sua acentuada intensidade, o afeto de o processo de sensopercepção, gerando as chamadas ilusões catatímicas.

6.11.2. Alucinação-> Alucinações verdadeiras são aquelas que têm todas as características de uma imagem perceptiva real nitidez, corporeidade, projeção no espaço exterior, constância. É a percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo

6.11.2.1. Alucinação visual-> São visões nítidas que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais. As alucinações visuais podem ser simples ou complexas. As alucinações visuais simples também são denominadas fotopsias. Nelas, o indivíduo vê cores, bolas e pontos brilhantes. As alucinações visuais complexas incluem figuras e imagens de pessoas (vivas ou mortas, familiares ou desconhecidas), de partes do corpo (órgãos genitais, caveiras, olhos assustadores, cabeças disformes, etc.), de entidades (o demônio, uma santa, um fantasma), de objetos inanimados, animais ou crianças.

6.11.2.1.1. Alucinações cenográficas: visões de cenas completas.

6.11.2.1.2. Alucinações liliputianas: percepção de personagens minúsculos entre os personagens reais.

6.11.2.2. Alucinação Auditiva-> Percepção sonora sem qualquer estímulo. podem sem simples ou complexas. Simples: ruídos primários. Complexas: audioverbal – o paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real (vozes de comando ou vozes que comentam a ação).

6.11.2.2.1. Outras alterações próximas às alucinações auditivas complexas: Sonorização do pensamento: experiência de ouvir o próprio pensamento enquanto pensa.

6.11.2.2.2. Eco do pensamento: experiência de ouvir o pensamento após pensa-lo.

6.11.2.2.3. Publicização do pensamento: experiência de o próprio pensamento pode ser ouvido por outras pessoas.

6.11.2.3. Alucinação Tátil-> O paciente sente espetadas, choques ou insetos ou pequenos animais correndo sobre sua pele. Também são relativamente freqüentes as alucinações táteis sentidas nos genitais, sobretudo em pacientes esquizofrênicos, que sentem de forma passiva que forças estranhas tocam, cutucam ou penetram seus genitais.

6.11.2.4. Outras alucinações-> Olfativas ou gustativas: Relacionadas ao olfato ou ao paladar.

6.11.2.5. Cinestésicas: Relacionada ao movimento (do corpo, do espaço).

6.11.2.6. Cenestésicas: Relacionadas ao corpo e órgãos.

6.11.2.7. Funcionais: Relacionadas a estímulos reais, mas sem objeto.

6.11.2.8. Combinadas (ou sinestésicas): experiências alucinatórias nas quais combinam-se diferentes alucinações sensoriais.

6.11.2.9. Extracampina: alucinações fora do campo sensoperceptivo usual.

6.11.2.10. Autoscópica: alucinação visual (que também pode apresentar componentes táteis e cenestésicos) na qual o indivíduo enxerga a si mesmo, vê o seu corpo, como se estivesse fora dele, contemplando-o. Experiência próxima à ‘sensação de presença’.

6.11.2.11. Alucinações ligadas ao sono->

6.11.2.11.1. Hipnagógicas: se manifestam no momento em que o indivíduo está adormecendo

6.11.2.11.2. Hipnopômpicas: ocorrem na fase em que o indivíduo está despertando.

6.11.3. Outras alterações qualitativas da sensopercepção:

6.11.3.1. Alucinoses-> Alucinações nas quais aquele que as tem reconhecem sua natureza estranha, patológica.

6.11.3.2. Pseudo-alucinações-> apresenta semelhança com a alucinação, mas dela se diferencia pela ausência de vivacidade e corporeidade, sendo pouco nítida e imprecisa.

7. PENSAMENTO

7.1. COMO SE FORMAM?

7.1.1. Conceitos: n depende de elementos sensoriais e permite generalizações

7.1.1.1. Juízos: relação entre os conceitos

7.1.1.1.1. Raciocínios: articulação entre diferentes juízos

7.1.2. PROCESSO DO PENSAR

7.1.2.1. Curso do pensamento: modo como ele caminha.

7.1.2.1.1. Forma: modo como as ideias se organizam.

7.1.3. ALTERAÇÕES

7.1.3.1. CONCEITO

7.1.3.1.1. Desintegração: o conceito deixa de ter seu sentido reconhecido socialmente.

7.1.3.2. JUÍZOS

7.1.3.2.1. Deficiente ou prejudicado: juízo simplista demais, uso literal das palavras.

7.1.3.3. RACIOCÍNIO

7.1.3.3.1. O raciocínio dito ''normal'' leva em consideração a realidade e os princípios estabelecidos dentro de uma perspectiva sociocultural.

7.1.3.3.2. ALTERAÇÕES POSSÍVEIS:

7.1.3.3.3. OUTRAS FORMAS DE ALTERAÇÃO DO RACIOCÍNIO:

7.1.3.4. Alterações do processo do pensar: Curso

7.1.3.4.1. Aceleração: O pensamento flui de forma muito acelerada, uma ideia se sucedendo à outra rapidamente.

7.1.3.4.2. Lentificação: O pensamento progride lentamente, forma dificultosa.

7.1.3.4.3. Bloqueio: O doente relata que, sem saber por que, “o pensamento para”, é bloqueado.

7.1.3.4.4. Roubo: É uma vivência, frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente.

7.1.3.5. Alterações do processo do pensar: Forma

7.1.3.5.1. Fuga de ideias:-> As associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou finalidade do pensamento e passam a ocorrer por assonância e as ideias se associam muito mais pela presença de estímulos externos contingentes. Ex: se distrai coma fala, enquanto fala.

7.1.3.5.2. Dissociação e incoerência do pensamento-> Os pensamentos passam progressivamente a não seguir uma sequência lógica e bem-organizada, e os juízos não se articulam de forma coerente uns com os outros.

7.1.3.5.3. Afrouxamento das associações-> embora ainda haja concatenação lógica entre as ideais, nota-se já o afrouxamento dos enlaces associativos. As associações parecem mais livres, não tão bem-articuladas. Ex: esquizofrenia.

7.1.3.5.4. Descarrilhamento-> O pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, toma atalhos colaterais, desvios, pensamentos supérfluos, retornando aqui ao seu curso original.

7.1.3.5.5. Desagregação do pensamento-> há profunda e radical perda dos enlaces associativos. Sobram apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e ideias fragmentadas, muitas vezes irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional, sem que sejam detectadas uma linha diretriz e uma finalidade no ato de pensar.

7.1.3.6. Alterações do processo de pensar: conteúdo

7.1.3.6.1. Persecutórios

7.1.3.6.2. depreciativos, de ataque à autoestima

7.1.3.6.3. de poder, riqueza, grandeza ou missão

7.1.3.6.4. religiosos, místicos, mágicos

7.1.3.6.5. eróticos, sexuais, de ciúmes

7.1.3.6.6. de culpa

7.1.3.6.7. conteúdos hipocondríacos

8. JUÍZO

8.1. JUÍZO DE REALIDADE e SUAS ALTERAÇÕES

8.1.1. O ajuizar, isto é, produzir juízos, é uma atividade humana por excelência. [...] Ajuizar quer dizer julgar. [...] É preciso lembrar que alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. [...] Juízos falsos podem ser produzidos de inúmeras formas, sendo ou não patológicos.

8.2. ERRO SIMPLES x DELÍRIO

8.2.1. Erro por: confusão de semelhante; atribuição de causa e efeito a eventos ocasionais; erro dos sentidos.

8.2.2. Os erros são possíveis de serem corrigidos pela experiência, pelas provas e pelos dados que a realidade oferece.

8.2.3. Delírio: As idéias delirantes, ou delírios, são juízos patologicamente falsos.

8.2.4. Dessa forma, o delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental. Sua base é mórbida, pois é motivado por fatores patológicos.

8.2.5. ERRO SIMPLES

8.2.5.1. Os tipos de erros mais comuns, não determinados (necessariamente) por transtorno mental, são os PRECONCEITOS, as CRENÇAS culturalmente sancionadas, as SUPERSTIÇÕES e as chamadas IDÉIAS PREVALENTES.

8.3. Alterações patológicas do juízo

8.3.1. Ideias prevalentes: “São idéias que, por conta da importância afetiva que têm para o indivíduo, adquirem predominância enorme sobre os demais pensamentos, conservando-se obstinadamente em sua mente” Ex: a mãe que chora

8.3.2. Delírios: Juízos falsos em relação aos quais há ausência de crítica ou possibilidade de correção.

8.4. Dimensões do delírio

8.4.1. Grau de convicção Extensão Bizarrice (implausibilidade) Desorganização Pressão ou preocupação Resposta afetiva ou afeto negativo Comportamento desviante

8.5. Classificações dos delírios

8.5.1. Primário ou secundário – relacionado à função psíquica envolvida (se ligada ao pensamento ou outras funções como afetividade e consciência).

8.5.2. Simples ou complexos – relacionado ao número de temas;

8.5.3. Sistematizados ou não sistematizados – relacionado à articulação entre os temas e riqueza de detalhes.

8.5.4. Congruentes ou incongruentes com o humor – relacionado à coerência do delírio em relação ao humor.

8.5.5. Agudo ou crônico – relacionado ao surgimento e à duração.

8.6. Surgimento e evolução

8.6.1. Em geral, os delírios surgem após período pré-delirante, denominado HUMOR DELIRANTE. Nesse período, o paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, sente como se algo terrível estivesse por acontecer, mas não sabe exatamente o quê... Predominam aqui grande perplexidade, sensação de fim de mundo, de estranheza radical. Esse estado pode durar horas ou dias. O estado pré-delirante termina com a formação do delírio.

8.7. Mecanismos constitutivos do delírio

8.7.1. Delírio interpretativo Delírio intuitivo Delírio imaginativo Delírio catatímico Delírio mnêmico Delírio onírico Delírio alucinatório e percepção delirante

8.8. Mecanismos de manutenção do delírio

8.8.1. Inércia Pobreza na comunicação interpessoal Reações de terceiros à produção delirante

8.9. Classificação segundo conteúdo

8.9.1. Perseguição De grandeza De influência De relação Místico ou religioso De ciúmes e de infidelidade Erotomaníaco De conteúdo depressivo (ruína, culpa e auto acusação, negação de órgãos, hipocondríaco De culpa e auto-acusação

8.10. Delírios menos frequentes

8.10.1. De reinvindicação (querelância) De invenção ou descoberta De reforma (salvacionismo) Cenestopático De infestação Fantástico (mitomaníaco)

9. AFETIVIDADE E SUAS ALTERAÇÕES

9.1. A vida AFETIVA é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a todas as vivências humanas. Sem a afetividade, a vida mental torna-se vazia, sem sabor.

9.2. Afetividade é um termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o HUMOR, as EMOÇÕES e os SENTIMENTOS.

9.3. [...] Quanto mais os estímulos e os fatos ambientais afetam o indivíduo (até a intimidade do ser), mais nele aumenta a alteração e diminui a objetividade. Distinguem-se cinco tipos básicos de vivências afetivas:

9.3.1. HUMOR ou ESTADO DE ÂNIMO

9.3.1.1. Estado afetivo mais diluído que se encontra na gente. É um estado de fuso, é como um "plano de fundo" onde te ajuda a lidar com outras emoções que são afetadas pelo humor.

9.3.2. EMOÇÕES

9.3.2.1. O que é significante pra gente (p/ nos emocionarmos precisamos estar diante de algo significativo). É algo intenso e que passa. Tem uma relação importante (ex: se vc está mt feliz, seu coração pode ficar acelerado.

9.3.3. SENTIMENTOS

9.3.3.1. Ao contrário das emoções, ele é contínuo. É algo que fica. Eles são menos intensos por serem duradouros. É associado ao plano mental, EX: alguém te xinga e você fica com raiva (emoção), depois você vai percebendo que essa pessoa já te olhou torto na outra vez, então vc começa a ter um sentimento de ódio por aquela pessoa.

9.3.4. AFETOS

9.3.4.1. É relacionado com carga emocional. ex: falamos de chuva, essa ideia de chuva tem uma carga afetiva. Eu, por exemplo, não gosto.

9.3.5. PAIXÕES

9.3.5.1. Tem característica das emoções (é intensa, pois toda a energia psíquica fica naquilo); por outro lado ela não é tão duradoura quanto os sentimentos. A paixão é mais estável que a emoção e menos intensa que o sentimento. A paixão mobiliza.

9.4. HUMOR ou ESTADO DE ÂNIMO

9.4.1. É definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento. [...] É um dos transfundos essenciais da vida psíquica.

9.5. EMOÇÕES

9.5.1. Podem ser definidas como reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. Assim, a emoção é um estado afetivo intenso, de curta duração [...]. Assim como o humor, as emoções são freqüentemente acompanhadas de reações somáticas mais ou menos especificas.

9.6. SENTIMENTOS

9.6.1. São estados e configurações afetivas estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos passageiros. [...] Estão comumente associados à conteúdos intelectuais, valores, representações em geral, não implicam concomitantes somáticos. Constituem fenômeno muito mais mental que somático. [...] Os afetos e os sentimentos são vivenciados, de modo geral, em dois pólos: AGRADÁVEL e DESAGRADÁVEL, PRAZEROSO e DESPRAZÍVEL.

9.7. AFETOS

9.7.1. Qualidade e tônus emocional que acompanha uma idéia ou representação mental. [...] São o componente emocional de uma idéia.

9.8. PAIXÕES

9.8.1. É um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os demais interesses. Segundo Pieron (1996), a paixão intensa impede o exercício de uma lógica imparcial.

9.9. CATATIMIA

9.9.1. Bleuler (1942) denominou de CATATIMIA a importante influência que a vida afetiva, o estado de humor, as emoções, os sentimentos e as paixões exercem sobre as demais funções psíquicas. [...] A SENSOPERCEPÇÃO pode se alterar em função de estados afetivos intensos [...].

9.10. REAÇÃO AFETIVA

9.10.1. A vida afetiva ocorre sempre em um contexto de relações do EU com o mundo e com as pessoas, variando de um momento para outro à medida que os eventos e as circunstâncias da vida se sucedem. A AFETIVIDADE se caracteriza particularmente por sua dimensão de reatividade. Nesse sentido, há duas importantes dimensões da resposta ou reação afetiva de um indivíduo:

9.11. SINTONIZAÇÃO AFETIVA

9.11.1. Capacidade de o indivíduo ser influenciado afetivamente por estímulos externos; assim, o sujeito entristece-se com ocorrências dolorosas, alegra-se com eventos positivos, etc. [...].

9.12. IRRADIAÇÃO AFETIVA

9.12.1. É a capacidade que o indivíduo tem de transmitir, irradiar ou contaminar os outros com seu estado afetivo momentâneo; por meio da irradiação afetiva, faz com que os outros entrem em sintonia com ele.

9.13. RIGIDEZ AFETIVA

9.13.1. O indivíduo não deseja, tem dificuldade ou impossibilidade, tanto de sintonização como de irradiação afetiva; ele não produz reações afetivas nos outros nem reage afetivamente diante da situação existencial cambiante.

9.14. ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE, ALTERAÇÕES DO HUMOR

9.14.1. DISTIMIA

9.14.1.1. Em psicopatologia geral, é o termo que designa a alteração básica do humor tanto no sentido da INIBIÇÃO como no sentido da EXALTAÇÃO.

9.14.2. DISFORIA

9.14.2.1. Por sua vez, diz respeito à DISTIMIA acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal-humorada.

9.14.3. HIPERTIMIA

9.14.3.1. Refere-se ao humor patologicamente alterado no sentido de exaltação e da alegria.

9.14.4. HIPOTIMIA

9.14.4.1. Refere-se à base afetiva de todo transtorno depressivo.

9.14.5. EUFORIA ou ALEGRIA PATOLÓGICA

9.14.5.1. No espectro maníaco, define o humor morbidamente exagerado, no qual predomina um estado de alegria intensa e desproporcional às circunstancias.

9.14.6. ELAÇÃO

9.14.6.1. Há além da alegria patológica, a expansão do EU, uma sensação subjetiva de grandeza e de poder. O EU vai além dos seus limites, ganhando o mundo.

9.14.7. PUERILIDADE

9.14.7.1. Alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto infantil, simplório, regredido. O indivíduo ri ou chora por motivos banais; sua vida afetiva é SUPERFICIAL, sem afetos profundos, consistentes e duradouros.

9.14.8. MORIA

9.14.8.1. É uma forma de alegria muito pueril, ingênua, boba, que ocorre principalmente em pacientes com lesões extensas dos lobos frontais, em deficientes mentais e em indivíduos com quadros demenciais acentuados.

9.14.9. ESTADO DE ÊXTASE

9.14.9.1. Há uma experiência de beatitude, uma sensação de dissolução do EU no todo, de compartilhamento íntimo do estado afetivo interior com o mundo exterior, muitas vezes com o colorido do hipertímico e expansivo. Está freqüentemente associado a experiências circunscritas a um contexto religioso ou místico, não sendo aqui considerado como fenômeno psicopatológico, mas cultural. [...] Pode estar presente [...] no transe histérico, esquizofrenia ou na mania.

9.14.10. IRRITABILIDADE PATOLÓGICA

9.14.10.1. Há hiper-reatividade desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a estímulos (mesmo leves) do meio exterior. Qualquer estímulo é sentido como perturbador, e o indivíduo reage prontamente de forma disfórica.

9.14.11. ANSIEDADE

9.14.11.1. definida como estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável. Inclui manifestações somáticas e fisiológicas (taquicardia, [...] tremores, [...]) e psíquicas (inquietação interna, apreensão, [...]).

9.14.12. ANGÚSTIA

9.14.12.1. relaciona-se diretamente à sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão, sufocamento. Assemelha-se muito à ANSIEDADE, mas tem conotação mais corporal e mais relacionada ao PASSADO.

9.14.13. MEDO

9.14.13.1. caracterizado por referir-se a um objeto mais ou menos preciso, diferencia-se da ansiedade e da angústia, que não se referem a objetos precisos (o medo é, quase sempre, medo de algo).

9.15. ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES e DOS SENTIMENTOS

9.15.1. APATIA

9.15.1.1. Diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. Os pacientes queixam-se de não poderem sentir nem alegria, nem tristeza, nem raiva, nem nada... [...] Trata-se de um estado afetivo próprio dos quadros depressivos [...].

9.15.2. HIPOMODULAÇÃO DO AFETO

9.15.2.1. Incapacidade do paciente de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial, indicando rigidez na sua relação com o mundo.

9.15.3. INADEQUAÇÃO DO AFETO ou PARATIMIA

9.15.3.1. Reações completamente incongruentes a situações existenciais ou a determinados conteúdos ideativos, revelando desarmonia profunda da vida psíquica (ataxia intrapsíquica), contradição profunda entre a esfera IDEATIVA e a AFETIVA.

9.15.4. POBREZA DE SENTIMENTOS e DISTANCIAMENTO AFETIVO

9.15.4.1. Perda progressiva e patológica das vivências afetivas. Há, aqui, o empobrecimento relativo à possibilidade de vivenciar alternâncias e variações sutis na esfera afetiva.

9.15.5. EMBOTAMENTO AFETIVO e DEVASTAÇÃO AFETIVA

9.15.5.1. Perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo É OBSERVÁVEL, constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente.

9.15.6. SENTIMENTO DE FALTA DE SENTIMENTO

9.15.6.1. É a vivência de incapacidade para sentir emoções, experimentada de forma muito penosa pelo paciente. É percebido claramente pelo doente, que se queixa de sentir-se intimamente morto ou em estado de vazio afetivo. [...] É vivenciado com muito sofrimento, como uma tortura.

9.15.7. ANEDONIA

9.15.7.1. É a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da vida. [...] Não consegue mais sentir prazer sexual, não consegue desfrutar de um bom papo com os amigos, de um almoço gostoso com a família, de um bom filme, etc. [...] É um sintoma central das síndromes depressivas [...].

9.15.8. INDIFERENÇA

9.15.8.1. Foi descrita particularmente na histeria como uma “bela indiferença”. Trata-se de certa frieza afetiva incompreensível diante dos sintomas que o paciente apresenta [...] Não é uma indiferença profunda, sendo mais aparente e teatral que real (daí BELA) [...].

9.15.9. LABILIDADE AFETIVA e INCONTINÊNCIA AFETIVA

9.15.9.1. Estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos ou emoções. O indivíduo oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para outro. Na incontinência afetiva, o indivíduo não consegue conter de forma alguma suas reações afetivas.

9.15.10. AMBIVALÊNCIA AFETIVA

9.15.10.1. É o termo cunhado por Bleuler para descrever sentimentos opostos em relação a um mesmo estímulo ou objeto, sentimentos que ocorrem de modo absolutamente simultâneo. (ex: amar e odiar algo)

9.15.11. NEOTIMIA

9.15.11.1. Designação para sentimentos e experiências afetivas inteiramente novos vivenciados por pacientes em estado psicótico. São afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os experimenta.

9.15.12. MEDO

9.15.12.1. [...] Estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e invalidez crescentes, ante a impressão iminente de que sucederá algo que o indivíduo quer evitar, o que progressivamente se considera menos capaz de fazer.

9.15.13. FOBIAS

9.15.13.1. São medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações fobígenas.

10. VONTADE E SUAS ALTERAÇÕES

10.1. Vontade

10.1.1. Atividade psíquica direciona a realização/manutenção das ações. Implica em um processo de escolha. É atravessada por: Instintos Afetividade Cultura Cognição

10.2. Ação voluntária: ato de vontade pautado por ponderação, análise e reflexão, anteriores à ação motora.

10.2.1. Intenção ou propósito: tendências básicas do indivíduo, inclinações e interesses; Deliberação: ponderação consciente, tomando-se em conta os motivos e os móveis implicados – análise básica Decisão propriamente dita: instante que demarca o início da ação Execução: fase final onde os atos são postos em funcionamento

10.3. ALTERAÇÕES DA VONTADE

10.3.1. HIPOBULIA/ABULIA: diminuição ou abolição da atividade volitiva Associada a apatia (indiferença afetiva)

10.3.2. ATARAXIA: estado de indiferença volitiva e afetiva desejada e buscada ativamente pelo indivíduo

10.4. IMPULSO E COMPULSÃO

10.4.1. ATO IMPULSIVO Oposto a ação voluntária – “curto circuito” Impulsos patológicos: tipos de atos impulsivos nos quais predominam as ações psicomotoras automáticas Incoercíveis, incontroláveis Características: abolição das fases de intenção, deliberação e decisão, em função da intensidade dos desejos e temores; egossintônico, o indivíduo não percebe o ato como inadequado e o ato em si não contraria os valores morais e desejos de quem o pratica; há uma desconsideração dos desejos e necessidades alheias e está geralmente associado a impulsos patológicos inconscientes ou a incapacidade de tolerância a frustração e necessária adaptação a realidade objetiva;

10.4.2. ATO COMPULSIVO É tido pelo indivíduo como indesejável e inadequado Há tentativas frequentes de refrear ou adiar o ato em si Ações motoras complexas Características: vivência frequente de desconforto subjetivo; egodistônico; há tentativa de resistir o ato; há sensação de alívio ao realizar o ato, porém logo a sensação é substituída por novo desconforto associam-se frequentemente a ideias obsessivas e ocorrem na tentativa de “neutralizar tais pensamentos;

10.5. IMPULSOS E COMPULSÕES PATOLÓGICAS

10.5.1. AGRESSIVAS - AUTO E HETEROAGRESSIVAS Automutilação Frangofilia (lt. frangere) Piromania Impulso ou ato suicida

10.5.2. INGESTÃO DE DROGAS OU ALIMENTOS Dipsomania: álcool Bulimia: alimentos Potomania: beber líquidos sem sede Polidipsia: sede exagerada

10.5.3. DESEJO E COMPORTAMENTO SEXUAL Fetichismo Exibicionismo Voyeurismo Pedofilia (crianças) Pederastia (crianças do mesmo sexo) Gerontofilia (idosos) Zoofilia (animais) Necrofilia (cadáveres) Coprofilia (excrementos)

10.5.4. OUTROS Poriomania (Forrest Gump) Cleptomania Jogo patológico Compulsão a compras Compulsão por internet e vídeo game

10.5.5. OUTRAS ALTERAÇÕES DA VONTADE

10.5.5.1. Negativismo

10.5.5.1.1. Ativo Passivo

10.5.5.2. Mutismo seletivo ou generalizado

10.5.5.3. Sitiofobia (alimentos)

10.5.5.4. Obediência automática

10.5.5.5. Fenômenos em eco:

10.5.5.5.1. Ecolalia Ecopraxia Ecomimia Ecografia

10.5.5.6. Automatismos

10.5.5.6.1. Psicomotor Mental

10.6. ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE

10.6.1. Agitação psicomotora: aceleração e exaltação de toda atividade motora do indivíduo: Lentificação psicomotora Estupor Catalepsia Flexibilidade cerácea Cataplexia Estereotipias motoras Maneirismo Tiques Conversão

10.6.2. ALTERAÇÕES DA MARCHA O padrão de marcha do paciente psiquiátrico deve ser comparado, a título de diagnóstico diferencial, com os principais padrões de marcha alteradas das doenças neurológicas

11. LINGUAGEM E SUAS ALTERAÇÕES

11.1. Algumas definições

11.1.1. Linguagem é um sistema até certo ponto arbitrário de signos – fonéticos e gráficos (as palavras) –, que funciona como um processo intermediário entre o pensamento e o mundo externo. É composta por elementos fonéticos, semânticos e sintáticos. Chomsky (competência x desempenho), Pragmática da linguagem: Saussure (língua X palavra), Bakhtin (enunciado x enunciação) Funções da linguagem: comunicação, suporte do pensamento, expressão dos estados emocionais, afirmação do eu /mundo, expressão artística e/ou lúdica.

11.2. Linguagem e pensamento

11.2.1. Linguagem permite a expressão do pensamento, porém não se confunde com este. Trata-se de duas funções psíquicas que se relacionam mas mantem independência entre si.

11.3. Alterações associadas a lesões neuronais

11.3.1. Afasia – perda da linguagem, falada e/ou escrita. Incapacidade de compreender e/ou utilizar os símbolos verbais.

11.3.2. Parafasias - são formas mais discretas de déficit de linguagem, comuns no início de síndromes demenciais. Há perda de habilidade em colocar palavras ou sílabas na posição correta.

11.3.3. Agrafia - perda da linguagem escrita.

11.3.4. Alexia - perda da capacidade previamente adquirida para a leitura.

11.3.5. Dislexia – transtorno de aprendizagem. Inabilidade na relação entre fonemas e símbolos escritos (letras/ palavras).

11.3.6. Disartria - É a incapacidade de articular corretamente as palavras devido a alterações no aparelho fonador.

11.3.7. Disfonia– alteração da fala, ligada à sonoridade das palavras.-

11.3.8. Dislalia - alteração da linguagem falada que resulta da deformação, da omissão ou da substituição dos fonemas.

11.4. Alterações associadas a transtornos mentais

11.4.1. Afonia (disfemia) – perda da fala associada a estados emocionais intensos.

11.4.2. Gagueira – alteração da fluência da fala.

11.4.3. Logorréia - produção aumentada da lingua

11.4.4. Taquifasia (aceleração do discurso), podendo haver perda da lógica.

11.4.5. Bradifasia – lentificação do discurso.

11.4.6. Mutismo – ausência de resposta verbal.

11.4.7. Estereotipia verbal (perseveração) – repetição de sons, frases ou palavras sem aparente sentido de comunicação.

11.4.8. Ecolalia – repetição automática em eco das últimas palavras emitidas no ambiente.

11.4.9. Palilalia e logoclania – repetição automática da (s) última (s) palavra (s) ou sílaba ditas pelo próprio sujeito.

11.4.10. Tiques verbais – comportamentos verbais aparentemente sem sentido (sons guturais ou palavras) que aparecem de maneira abrupta e se repetem de maneira espasmódica.

11.4.11. Coprolalia – uso involuntário e repetitivo de palavras obscenas e de baixo calão.

11.4.12. Alogia- empobrecimento da linguagem.

11.4.13. Verbigeração – repetição de palavras ou frases aparentemente sem sentido, como se estivesse falando para si.

11.4.14. Mussitação – repetição de palavras ou frases, sem função de comunicação, em voz sussurrada, quase sem mover os lábios.

11.4.15. Glossolalia – fala sem sentido linguístico, ancorada em sons guturais e fonemas mantendo semelhanças com uma fala normal. (fala dos bebês, “falar em línguas”)

12. TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

12.1. Algumas definições

12.1.1. Os transtornos são aqueles nos quais a sensação de medo e/ou ansiedade tem papel muito importante.

12.1.2. Medo: resposta à ameaça real percebida

12.1.3. Ansiedade: resposta antecipatória de perigo futuro

12.1.4. Crises de ansiedade: Há descarga do sistema nervoso autônomo. Ocorrem sintomas como batedeira ou taquicardia, suor frio, tremores, desconforto respiratório ou sensação de asfixia, náuseas, formigamentos em membros, dedos e/ou lábios. Pode acontecer despersonalização e desrealização. Também são comuns: medo de ter um ataque do coração, um infarto, de morrer e/ou enlouquecer.

12.2. “Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada. Assim, embora os transtornos de ansiedade tendam a ser altamente comórbidos entre si, podem ser diferenciados pelo exame detalhado dos tipos de situações que são temidos ou evitados e pelo conteúdo dos pensamentos ou crenças associados”. (DSM-V)

12.3. Critérios diagnósticos segundo o DSM-V.

12.3.1. Transtorno de ansiedade de separação

12.3.1.1. A. Medo ou ansiedade impróprios e excessivos em relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, evidenciados por três (ou mais) dos seguintes aspectos:

12.3.1.1.1. 1. Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego. 2. Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte. 3. Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego (p. ex., perder-se, ser seqüestrado, sofrer um acidente, ficar doente). 4. Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação. 5. Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos. 6. Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego. 7. Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação. 8. Repetidas queixas de sintomas somáticos (p. ex., cefaleias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de apego ocorre ou é prevista.

12.3.1.2. B. O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, durando pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes e geralmente seis meses ou mais em adultos.

12.3.1.3. C. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

12.3.1.4. D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como a recusa em sair de casa devido à resistência excessiva à mudança no transtorno do espectro autista; delírios ou alucinações envolvendo a separação em transtornos psicóticos; recusa em sair sem um acompanhante confiável na agorafobia; preocupações com doença ou outros danos afetando pessoas significativas no transtorno de ansiedade generalizada; ou preocupações envolvendo ter uma doença no transtorno de ansiedade de doença.

12.3.2. Mutismo Seletivo

12.3.2.1. A. Fracasso persistente para falar em situações sociais específicas nas quais existe a expectativa para tal (p. ex., na escola), apesar de falar em outras situações. B. A perturbação interfere na realização educacional ou profissional ou na comunicação social. C. A duração mínima da perturbação é um mês (não limitada ao primeiro mês de escola). D. O fracasso para falar não se deve a um desconhecimento ou desconforto com o idioma exigido pela situação social. E. A perturbação não é mais bem explicada por um transtorno da comunicação (p. ex., transtorno da fluência com início na infância) nem ocorre exclusivamente durante o curso de transtorno do espectro autista, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico.

12.3.3. Fobia Específica

12.3.3.1. Critérios Diagnósticos

12.3.3.1.1. A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue). B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade. C. 0 objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento. D- O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo objeto ou situação específica e ao contexto sociocultural. E- O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de seis meses. E O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou situações relacionados a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo); evocação de eventos traumáticos (como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de casa ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade de separação); ou situações sociais (como no transtorno de ansiedade social)

12.3.4. Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social)

12.3.4.1. A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras). B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (i.e., será humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou ofenderá a outros). C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. ^ > Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso chorando, com ataques de raiva, imobilidade, comportamento de agarrar-se, encolhendo-se ou fracassando em falar em situações sociais. D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade. E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o contexto sociocultural. F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. O medo, ansiedade ou esquiva não é conseqüência dos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica. I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro autista. J. Se outra condição médica (p. ex., doença de Parkinson, obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou é excessivo.

12.3.5. Transtorno de Pânico

12.3.5.1. A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:

12.3.5.2. B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características:

12.3.5.2.1. 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas conseqüências (p. ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que têm por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas).

12.3.5.3. C. A perturbação não é conseqüência dos efeitos psicológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo, doenças cardiopul- monares). D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., os ataques de pânico não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas circunscritas, como na fobia específica; em resposta a obsessões, como no transtorno obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como no transtorno de ansiedade de separação.

12.3.6. Agorafobia

12.3.6.1. A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes:

12.3.6.1.1. 1. Uso de transporte público (p. ex., automóveis, ônibus, trens, navios, aviões). 2. Permanecer em espaços abertos (p. ex., áreas de estacionamentos, mercados, pontes). 3. Permanecer em locais fechados (p. ex., lojas, teatros, cinemas). 4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. 5. Sair de casa sozinho.

12.3.6.2. B. O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores (p. ex., medo de cair nos idosos; medo de incontinência). C. As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou ansiedade. D. As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença de uma companhia ou são suportadas com intenso medo ou ansiedade. E. O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real apresentado pelas situações agorafóbicas e ao contexto sociocultural. F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. Se outra condição médica (p. ex. doença inflamatória intestinal, doença de Parkinson) está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente excessivo. I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental - por exemplo, os sintomas não estão restritos a fobia específica, tipo situacional; não envolvem apenas situações sociais (como no transtorno de ansiedade social); e não estão relacionados exclusivamente a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo), percepção de defeitos ou falhas na aparência física (como no transtorno dismórfico corporal) ou medo de separação (como no transtorno de ansiedade de separação).

12.3.7. Transtorno de Ansiedade Generalizada

12.3.7.1. A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). (Em crianças, apenas um sintoma é exigido).

12.3.7.2. 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).

12.3.7.3. D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental

12.3.8. Transtorno de ansiedade induzido por substâncias/medicamentos

12.3.8.1. A. Ataques de pânico ou ansiedade proeminente predominam no quadro clínico. B. Existem evidências, a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais, de (1) ou (2):

12.3.8.1.1. 1. Os sintomas no Critério A desenvolveram-se durante ou logo após a intoxicação ou abstinência de substância ou após exposição a um medicamento. 2. A substância/medicamento envolvida é capaz de produzir os sintomas no Critério A.

12.3.8.2. C. A perturbação não é mais bem explicada por um transtorno de ansiedade não induzido por substância/medicamento. As evidências de um transtorno de ansiedade independente podem incluir: D. Os sintomas precedem o início do uso da substância/medicamento; os sintomas persistem por um período substancial de tempo (p. ex., cerca de um mês) após a cessação da abstinência aguda ou intoxicação grave; ou existem evidências sugerindo a existência de um transtorno de ansiedade independente, não induzido por substância/medicamento (p. ex., história de episódios recorrentes não relacionados a substância/medicamento). D. A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de delirium. E. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

12.3.9. Transtorno de Ansiedade devido á Outra condição médica

12.3.9.1. A. Ataques de pânico ou ansiedade predominam no quadro clínico. B. Existem evidências, a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais, de que a perturbação é a consequência fisiopatológica direta de outra condição médica. C. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental. D. A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de Delirum. E. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.