1. A norma-padrão
1.1. Apesar de a língua apresentar muitas variedades linguísticas, há uma tradição gramatical que define alguns parâmetros para a escrita (e para a fala, em situações mais formais).
1.2. A opção pelo estudo da norma-padrão na escola tem relação com o fato de ela ter grande prestígio social e seu domínio ser importante para uso em diversas situações. Isso não significa que as variedades da língua que se afastam da norma-padrão devam ser consideradas incorretas, ineficientes ou descartáveis.
1.3. Gramática
1.3.1. Normativa
1.3.1.1. As regras da gramática normativa ditam a forma como o português deve ser falado/escrito.
1.3.2. Internalizada
1.3.2.1. É o conjunto de regras que cada pessoa domina e que permite que ela se comunique e também compreenda os outros. Essa gramática internalizada está sempre em construção enquanto a pessoa viver.
2. A língua é um código verbal característico, ou seja, um conjunto de palavras e combinações específicas compartilhado por um determinado grupo.
2.1. Pensemos juntos: o galego-português é uma língua de origem latina da qual deriva o português brasileiro, tal como conhecemos hoje. É um equívoco, entretanto, acreditarmos que o português brasileiro é uma língua falada homogeneamente em todo o país, uma vez que há elementos diversos que contribuem para que ela sofra variações. Essas variações são de natureza geográfica, histórica, social, entre outras, e a elas se devem as diferenças observadas entre os falares dos brasileiros. Alterações lexicais, semânticas e sintáticas, isto é, quanto a vocabulário, significados e construções, são comuns e naturais, fazendo parte da evolução de qualquer idioma.
2.2. Assim: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA são os diferentes modos de falar uma língua – as variedades linguísticas – relacionados à idade do falante, à sua classe social, ao espaço em que ele se encontra e, ainda, aos objetivos e aos usos específicos que ele faz da língua.
2.2.1. Variação geográfica ou diatópica: está relacionada com o local em que é desenvolvida, tal como as variações entre o português do Brasil e de Portugal, chamadas de regionalismo.
2.2.2. Variação social ou diastrática: é percebida segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos, tal como uma conversa entre um orador jurídico e um morador de rua.
2.2.2.1. Variação histórica ou diacrônica: ocorre com o desenvolvimento da história, tal como o português medieval e o atual.
2.2.3. Variação situacional ou diafásica: ocorre de acordo com o contexto, por exemplo, situações formais e informais. As gírias são expressões populares utilizadas por determinado grupo social.
3. A linguagem pode ser verbal
3.1. constituída de palavras, faladas ou escritas.
3.1.1. A linguagem pode ser não verbal
3.1.1.1. constituída de melodias, gestos, expressões físicas, imagens, etc.
3.1.1.1.1. A linguagem pode ser mista
4. Teoria da comunicação
4.1. Proposta por Roman Jakobson, essa teoria considera que a comunicação humana também segue regras e, portanto, pode ser analisada. Para tanto, Jakobson explicita o que seriam, para ele, os elementos essenciais do processo de comunicação:
4.1.1. Os elementos da comunicação são seis:
4.1.1.1. Emissor
4.1.1.1.1. É quem transmite a mensagem.
4.1.1.2. Receptor
4.1.1.2.1. É quem recebe a mensagem.
4.1.1.3. Mensagem
4.1.1.3.1. É tudo aquilo que o emissor transmite ao receptor; é o objeto da comunicação.
4.1.1.4. Código
4.1.1.4.1. A língua ou os sinais utilizados, que devem ser conhecidos pelos envolvidos na comunicação.
4.1.1.5. Canal
4.1.1.5.1. O meio físico que veicula a mensagem e permite o estabelecimento da comunicação.
4.1.1.6. Referente
4.1.1.6.1. O contexto, o assunto, aquilo a que a mensagem faz referência.
5. Funções da linguagem
5.1. Na teoria da comunicação, esses elementos são representados tal como no esquema ao lado e cada um deles determina uma diferente função da linguagem, dependendo das características predominantes em cada texto e da sua finalidade principal.
5.1.1. Função emotiva/expressiva
5.1.1.1. Ocorre nos textos que têm como foco o próprio locutor (emissor) e, como objetivo principal, expressar emoções, sentimentos, estados de espírito.
5.1.1.1.1. Ex.: Eu tenho gana pelo mundo inteiro, Preciso de fôlego. Mas tenho andado em pleno desespero, E não aguento mais. Certas pessoas têm grudado em mim E não me deixam em paz. (Malu Magalhães)
5.1.2. Função conativa/apelativa
5.1.2.1. Ocorre nos textos que têm como foco o destinatário (receptor) e, como objetivo principal, convencer o interlocutor.
5.1.2.1.1. Ex.: Vem pra Caixa você também, vem!
5.1.3. Função poética
5.1.3.1. Ocorre nos textos que têm como foco a mensagem e seu processo de elaboração. A linguagem é criativa, afetiva, recorre a figuras de linguagem, ornatos, apresenta ritmo e sonoridade.
5.1.3.1.1. Ex.: Porque amou por que a!mou se sabia p r o i b i d o p a s s e a r s e n t i m e n t o s ternos ou sodarepsesed nesse museu do pardo indiferente me diga: mas por que amar sofrer talvez como se morre de varíola voluntária vágula ev idente? (Carlos Drummond de Andrade)
5.1.4. Função metalinguística
5.1.4.1. Ocorre nos textos que têm como foco o próprio código e, como objetivo, explicá-lo por meio dele mesmo, isto é, a linguagem fala sobre a própria linguagem.
5.1.4.1.1. Ex.: Um filme que trata de um processo de produção dos filmes.
5.1.5. Função fática
5.1.5.1. Ocorre nos textos que têm como foco o canal e, como objetivo, estabelecer ou dar continuidade à comunicação.
5.1.5.1.1. Ex.: João: -"Alô? -És tu? / Juliana: -Alô! Sou eu. Bom dia! / João: - Bom dia!"
5.1.6. Função referencial
5.1.6.1. Ocorre nos textos que têm como foco o referente, isto é, aquilo de que se fala, e cujo objetivo principal é informar. Destina-se a transmitir a informação objetiva, sem comentários nem juízos de valor.
5.1.6.1.1. Ex.: Notícia de jornal.