1. Objetivo 1: entender os fatos históricos do Brasil e seu destino sob o ponto de vista espiritual segundo a obra em referência
1.1. Mensagem de Emmanuel
1.1.1. As informações contidas no livro ora em estudo trata-se de informações reunidas por Humberto de Campos contidas nas tradições espirituais e versa sobre os sacrifícios realizados pelas falanges de espíritos que constantemente fazem grande sacrifícios em prol da humanidade sofredora.
1.1.2. Missão do Brasil:
1.1.2.1. 1- suprir as necessidades dos povos mais pobres do planeta;
1.1.2.2. 2- disponibilizar ao mundo inteiro uma crença baseada na fé raciocinada;
1.1.2.3. 3- Ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe.
1.1.3. O Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz.
1.2. Por que da escolha do Brasil como pátria do Evangelho?
1.2.1. Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas
1.2.1.1. A sublime exemplificação do Divino Mestre, na sua expressão pura e simples, só pede a humildade e o amor da criatura
1.2.1.2. Os verdadeiros aprendizes buscarão o advento da cristianização da humanidade, quando os homens, livres de todos os símbolos sectários de separabilidade, puderem entender, integralmente, as maravilhas ocultas da obra cristã.
1.2.1.2.1. Lembrando que Jesus se tornou Cristo. Um Cristo em potencial existe dentro de cada ser sofredor que habita a Terra. Para o Espiritismo esse conceito é o mesmo que tornar-se uma Espírito puro, com domínio completo sobre a matéria.
1.2.1.3. Foi nesse tempo que Ismael, governador espiritual do Brasil, foi escolhido pelo mestre Jesus para comandar a nação e levá-la ao destino escolhido pelo altíssimo.
1.2.2. As sombras da idade medieval confundiram as lições do Evangelho, ensanguentando todas as bandeiras do mundo cristão com as cruzadas e inquisições.
1.2.2.1. Para Jesus era preferível que Saladino, grande lider militar muçulmano, guardasse para sempre todos os poderes temporais na Palestina, a que caísse um só dos fios de cabelo de um soldado, numa guerra incompreensível por causa Dele.
1.2.2.2. Helil, espírito de grande evolução, ajudante direto de Jesus na sua obra de transformação espiritual da humanidade no séc. XIV sugeriu ao mestre que transplantasse além dos oceanos o pensamento cristão, pautados no amor e na liberdade.
1.3. O descobrimento do Brasil
1.3.1. Por determinação direta de Jesus, Helil se corporificou na Terra como o heroico Infante D. Henrique de Sagres, que operou a renovação das energias portuguesas, expandindo as suas possibilidades realizadoras para além dos mares
1.3.1.1. Aproveitando o sonho geral dos tesouros das índias, a personalidade do Infante se desdobra, com o objetivo de descortinar o continente novo ao mundo político do Ocidente.
1.3.1.2. D. Henrique de Sagres abandonou as suas atividades na Terra em 1460. Deixou plantado, no entanto, a estrutura e semente para as grandes navegações que mais tarde levaria outras nações no mesmo caminho.
1.3.2. Em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo das índias e, um pouco mais tarde, Gaspar de Corte Real descobre o Canadá
1.3.3. No dia 7 de março de 1500, preparada a grande expedição de Cabral ao novo roteiro das índias.
1.3.3.1. Henrique de Sagres, já no plano espiritual, aproveita esta maravilhosa possibilidade, falanges de navegadores espirituais se desdobram nas caravelas embandeiradas e alegres.
1.3.3.2. Aproveitam-se todos os ascendentes mediúnicos. As noites de Cabral são povoadas de sonhos sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas inquietas cedem ao impulso de uma orientação imperceptível. Os caminhos das índias são abandonados, a terra do cruzeiro finalmente foi descoberta pelos portugueses.
1.3.4. Helil preocupado com a pirataria e ambição desmedida de outras nações falou diretamente ao mestre Jesus sobre o receio de que nada valeria a descoberta se a nação fosse invadida e fracionada.
1.3.4.1. Jesus o acalmou dizendo: Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração.
1.3.4.2. Foi assim que o minúsculo Portugal, através de três longos séculos, embora preocupado com as fabulosas riquezas das índias, pôde conservar, contra flamengos e ingleses, franceses e espanhóis, a unidade territorial de uma pátria com oito milhões e meio de quilômetros quadrados e com oito mil quilômetros de costa marítima.
1.3.4.2.1. Nunca houve exemplo como esse em toda a história do mundo. As possessões espanholas se fragmentaram, formando cerca de vinte repúblicas diversas.
1.3.4.2.2. Os Estados americanos do norte devem sua posição territorial às anexações e às lutas de conquista. A Louisiana, o Novo México, o Alasca, a Califórnia, o Texas, o Oregon, surgiram depois da emancipação das colônias inglesas.
1.3.4.2.3. Só o Brasil conseguiu manter-se uno e indivisível na América, entre os embates políticos de todos os tempos
1.4. O papel dos jesuítas
1.4.1. Primeiramente, surgiram os índios, que eram os simples de coração; em segundo lugar, chegavam os sedentos da justiça divina (os degredados enviados aqui por Portugal) e, mais tarde, viriam os escravos, como a expressão dos humildes e dos aflitos, para a formação da alma coletiva de um povo bem-aventurado por sua mansidão e fraternidade. Naqueles dias longínquos de 1500, já se ouviam no Brasil os ecos acariciadores do Sermão da Montanha.
1.4.2. Temos de buscar no seio da igreja as roupagens exteriores de nossa ação regeneradora. Infelizmente, a dolorosa situação do mundo europeu, em virtude do fanatismo religioso, tão cedo não será modificada.
1.4.2.1. Somente as grandes dores realizarão a fraternidade no seio da instituição que deverá representar o pensamento do Senhor na face da Terra.
1.4.2.2. A igreja foi desviada dos seus grandes princípios pela mais terrível de todas as fatalidades históricas. Roma conhecerá momentos muito amargos, não obstante os sonhos de arte e de grandeza de Leão X
1.4.2.3. Temos de aproveitar as possibilidades que o seu campo nos oferece para encetar essa obra de edificação da pátria do Cordeiro de Deus.
1.4.3. José de Anchieta, em 1553, com Duarte da Costa, foi para terra de Santa Cruz e se transformou no desvelado apóstolo do Brasil.
1.4.3.1. Anchieta aliou, no mundo, a suprema ternura, grande energia realizadora; aqueles que, na história oficial, lhe descobrem os gestos enérgicos, não lhe notam a suavidade do coração e a profundeza dos sacrifícios;
1.4.3.2. No antigo convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, onde, com o hábito singelo de frade, adoçou ainda mais as suas concepções de autoridade. A edificadora humildade de um Fabiano de Cristo, aliada a um sentimento de renúncia total de si mesmo, constituía a última pedra que faltava na sua coroa de apóstolo da imortalidade.
1.4.4. Os humildes missionários da cruz ouviam a voz de Ismael, no âmago de suas almas; aos seus sagrados apelos, abandonaram todos os bens, para seguir os rastros luminosos d’Aquele que foi e será sempre a luz do mundo.
1.4.5. Ao longo do tempo o clero comum possuía escravos numerosos e chegava a defender o suposto direito dos escravagistas, incentivando a caça aos índios e abençoando a carga misérrima dos navios negreiros. Os jesuítas, porém, sempre trabalharam, no início da organização brasileira, dentro dos mais amplos sentimentos de humanidade.
1.4.5.1. Aldeavam os índios, aprendiam a “língua geral”, a fim de influenciarem mais diretamente no ânimo deles, trazendo as tabas rústicas às comunidades da civilização e foram, talvez, naqueles tempos longínquos, os únicos refletores dos ensinamentos do Alto, advogando o seu verbo inspirado a causa de todos os infelizes.
1.4.5.2. No plano espiritual os jesuítas recebiam o conforto das falanges de Ismael que lhes esclarecia contra a grande comoção do sofrimento que assistiam:
1.4.5.2.1. Irmãos: peçamos a Jesus pelos tiranos e pelos nossos companheiros desviados da consciência retilínea
1.4.5.2.2. Deixemos aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos, como ensinou o Divino Mestre em suas lições sublimes. Vossos irmãos, transformando a cruz do Cristo num símbolo de opressão e despotismo, nos tribunais malditos da Inquisição, cavam a sepultura moral de suas almas, que se amoldam ao sacrilégio e à ignomínia
1.5. Os negros do Brasil:
1.5.1. A raça aborígine e a raça negra sofriam toda sorte de humilhações e vexames. Os índios procuravam o Norte, em busca dos seus amigos franceses, que, expulsos do Rio por Mem de Sá, concentravam suas atividades no Maranhão, onde pretendiam fundar a França Equinocial, preocupando seriamente as autoridades da colônia
1.5.2. Com ordens diretas do mestre Jesus, Ismael esclarece a origem espiritual dos negros no Brasil: Considera que a dor é a eterna lapidaria de todos os Espíritos e que o Nosso Pai não concede aos filhos fardo superior às suas forças por ocasião das lutas evolutivas. Abriga aí, na sagrada extensão dos territórios do país do Evangelho, todos os infortunados e todos os infelizes.
1.5.2.1. Leva a essas coletividades espirituais, sinceramente arrependidas do seu passado obscuro e delituoso, a tua bandeira de paz e de esperança; ensina-lhes a ler os preceitos da minha doutrina, nos códigos dourados do sofrimento.
1.5.2.1.1. Aí se encontram antigos batalhadores das cruzadas, senhores feudais da Idade Média, padres e inquisidores, Espíritos rebeldes e revoltados, perdidos nos caminhos cheios da treva das suas consciências polutas. O emissário do Senhor desdobra nessas grutas do sofrimento a sua bandeira de luz, como uma estrela d'alva, assinalando o fim de profunda noite.
1.5.2.2. Da sua esfera de brandos, ordena a sua misericórdia que as vossas lágrimas sejam enxugadas para sempre. Um novo trabalho se apresenta para a redenção das vossas almas, desviadas nos desfiladeiros do remorso e do crime.
1.5.2.2.1. Há uma terra nova, onde Jesus implantará o seu Evangelho de caridade, de perdão e de amor indefiníveis. Nos séculos futuros, essa pátria generosa será a terra da promissão para todos os infelizes
1.5.2.2.2. Aqueles de vós que desejarem o supremo caminho venham para a nossa oficina de amor, de humildade e redenção. E aí, nas estradas escuras e tristes da angústia espiritual, viu-se, então, que falanges imensas, ansiosas e extasiadas, avançavam com fervorosa coragem para as clareiras abertas naquela mansão de dor e de sombras.
1.5.2.3. Falanges imensas, ansiosas e extasiadas, avançavam com fervorosa coragem para as clareiras abertas naquela mansão de dor e de sombras.
1.5.2.3.1. Entidades evolvidas pela ciência, mas pobres de humildade e de amor, ouviram os apelos de Ismael e vieram construir as bases da terra do Cruzeiro. Foram elas que abriram os caminhos da terra virgem, sustentando nos ombros feridos o peso de todos os trabalhos
1.5.2.3.2. Por isso que os negros do Brasil se incorporaram à raça nova, constituindo um dos baluartes da nacionalidade, em todos os tempos
1.6. O papel dos bandeirantes
1.6.1. No plano espiritual Ismael considerou a necessidade de estabelecer uma diretriz para a organização econômica da terra do Cruzeiro. Após a elaboração de largos projetos de ação do plano invisível, o sábio mensageiro do Senhor discrimina as funções de cada região da pátria brasileira.
1.6.1.1. São Paulo e Minas de hoje foram as regiões escolhidas como as duas fontes poderosas que guardariam o potencial de energias orgânicas da terra, formando os primeiros índices da etnologia brasileira. As águas do Paraíba do Sul e as de todo o percurso do São Francisco ainda constituem roteiro singular, onde se descobrem os característicos mais fortes do povo fraternal da terra do Cruzeiro
1.6.1.2. Ambos serão ainda, por muito tempo, as conchas da balança política e econômica da nacionalidade e os dínamos mais poderosos da sua produção. Obedecendo aos elevados propósitos do mundo oculto, ambos ficaram irmanados junto do cérebro do país, por indefectíveis disposições do determinismo geográfico, que os reúne para sempre
1.6.2. Ismael congregou os Espíritos que chegavam aos espaços depois do primeiro contato com a vida de Piratininga, a fim de elaborar novos projetos de trabalho naquele setor da Pátria do Evangelho
1.6.2.1. Meus irmãos — disse ele-Penetrareis o coração da terra do Cruzeiro, rasgando as sombras de suas florestas imensuráveis. Com a vossa dedicação, novas atividades serão descobertas e novas possibilidades hão de felicitar a existência dos colonizadores do país, onde nos desvelaremos pela conservação da bandeira de Jesus, desfraldada lá sobre todas as frontes e sobre todos os corações.
1.6.2.2. Quanto ao ouro escondido no seio da terra exuberante, sua existência não significa senão um estímulo à ilusão dos homens, ainda muito distantes da concepção da verdadeira fraternidade, a fim de que as criaturas possam buscar os tesouros espirituais pelo trabalho fecundante da evolução do mundo.
1.6.2.3. Dirigindo-se mais particularmente a Fernão Dias, Ismael sentenciou: — Serás o chefe da expedição mais difícil de todas; porém, da tua coragem há de surgir um caminho novo para todos os Espíritos. Muitas vezes serás compelido a exercer a mais rigorosa justiça, despendendo todas as tuas reservas de energia; mas, é preciso não esqueças a misericórdia divina, sem exorbitar das funções que te forem confiadas, entregando a Jesus os teus trabalhos de cada dia.
1.6.2.3.1. De Sorocaba, sobem por Goiás até ao Amazonas longínquo; e de Taubaté demandam a Paraíba do Norte. Em 1672, Fernão Dias Paes organiza, com todos os elementos de sua fortuna, a mais célebre das expedições saídas de São Paulo.
1.6.2.3.2. Para fortalecer a disciplina, o bandeirante audacioso manda enforcar o próprio filho, que participara da rebeldia geral, como escarmento aos companheiros, próximo à povoação do Sumidouro. As joias da mulher e das filhas são empregadas no seu arrojado empreendimento, arruinando-se a família inteira. Fernão Dias, porém, segue um roteiro luminoso
1.6.2.3.3. Implorando misericórdia em orações Ismael fala a Fernão Dias: Irmão, as quedas, com as suas experiências sombrias, constituirão os degraus do teu caminho para as mais gloriosas ascensões espirituais. Atrás dos teus passos florescem cidades valorosas no coração das matas virgens, e os que recebem os teus benefícios abençoam o teu esforço e a tua energia perseverante.
1.7. Revolução Francesa
1.7.1. Em 1789, estalara a Revolução Francesa, modificando a estrutura de todos os governos da Europa.
1.7.2. De simples oficial de artilharia, Bonaparte chegara, mediante golpes de Estado, ao cargo supremo do país, fazendo-se proclamar imperador em 1804.
1.7.2.1. Napoleão prosseguia, deixando em toda parte um rastro de lágrimas e de sangue. Suas incursões, em todos os países, lhe granjeavam o espólio miserável das posições e das coroas, que o ditador ia distribuindo pelos seus familiares e amigos.
1.7.2.2. O século XIX começava a viver embalado pelo fragor das armas, em todas as direções. Portugal alia-se à Inglaterra, resistindo às ordens supremas do conquistador. Bonaparte assina um tratado com a Espanha, que já se havia dobrado às suas determinações, e ordena a invasão imediata de Portugal
1.7.3. Os gênios espirituais velavam pelos vencidos e pelos humilhados. D. João VI chega ao Brasil em janeiro de 1808, depois de uma viagem cheia de acidentes e contrariedades.
1.7.3.1. A Casa de Bragança ia dilatar até aqui os limites do seu reino, reconhecida e feliz por encontrar no Brasil a compreensão e a bondade, o acolhimento e o amor.
1.8. A independência do Brasil
1.8.1. O exército de Ismael voltava-se para o Brasil, a fim de inspirar o primeiro soberano do Velho Mundo que pisava as terras americanas
1.8.1.1. Amigos, um novo período surgirá agora para as nossas atividades na terra do Evangelho. Ao sopro das inspirações divinas, reformar-se-á toda a vida política da pátria onde edificaremos, mais tarde, a obra de Jesus.
1.8.1.2. A 1.° de abril de 1808, levantava- se a proibição que incidia sobre as indústrias nacionais, que foram declaradas livres, o que facilitou a colaboração dos estrangeiros estabelecidos nas costas marítimas da Pátria do Cruzeiro, surgindo um novo período de trabalho, construtivo do país, prestes a celebrar suas núpcias com a liberdade
1.8.1.3. Surgem a Escola de Medicina, o Real Teatro São João, o Banco do Brasil; organizam-se os primórdios da Escola de Belas-Artes, cria-se a Academia de Marinha, o Conselho Militar, a Biblioteca Real; desenha-se o Jardim Botânico, como novo encanto da cidade, e, sobretudo, inicia-se, com a Imprensa Régia, a vida do jornalismo na Terra de Santa Cruz.
1.8.2. D. João se acostumara à maravilhosa beleza do sítio da Guanabara e se tomara de amor pela pátria que os seus valorosos antepassados haviam edificado
1.8.2.1. Em 1817 D. Pedro I casa-se com a arquiduquesa Leopoldina e a Europa goza de grande onda de liberalismo
1.8.2.2. Em 1820, rebenta em Lisboa e no Porto a revolução constitucionalista.
1.8.2.2.1. Portugal, reduzido a condição de colônia, desde a ocupação de Junot, reclamava a volta imediata da família real à metrópole portuguesa e o regime da constituição para a sua vida política.
1.8.2.2.2. A 7 de março de 1821, D. João VI torna conhecida a sua resolução de regressar a Lisboa. Os favoritos da sua corte lhe insinuam a supressão de todas as liberdades que ele havia outorgado à Pátria do Evangelho;
1.8.2.2.3. O povo brasileiro protesta pela voz dos seus homens mais eminentes. A fim de contornar esses problemas, D.João deixa seu filho no Brasil como Príncipe Regente
1.8.3. A personalidade espiritual daquele que fora o Tiradentes procura Ismael, solicitando-lhe conselho quanto à solução do problema da independência. Ismael logo lhe esclarece:
1.8.3.1. O problema da liberdade é sempre uma questão delicada para todas as criaturas, porque todos os direitos adquiridos se fazem acompanhar de uma série de obrigações que lhes são correlatas
1.8.3.2. Toda elevação requer a plena consciência do dever a cumprir. Precisamos difundir a educação individual e coletiva, dentro das nossas possibilidades, formando os Espíritos antes das obras
1.8.3.3. Temos de aproveitar a autoridade de um príncipe do mundo, voluntarioso e doente, não tem, para nós, um cérebro receptivo que facilite o nosso trabalho; mas, ele encarna o princípio da autoridade e temos de mobilizar todos os elementos ao nosso alcance, para evitar os desvarios criminosos de uma guerra civil
1.8.4. D. Pedro I: acompanhado de numerosa multidão, a 9 de janeiro de 1822. D. Pedro, diante da massa de povo, sente a assistência espiritual dos companheiros de Ismael, que o incitam a completar a obra da emancipação política da Pátria do Evangelho, recordando-lhe, simultaneamente, as palavras do pai no instante das despedidas.
1.8.4.1. Esse povo já possuía a consciência da sua maioridade e nunca mais suportaria o retrocesso à vida colonial, integrado que se achava no patrimônio das suas conquistas e das suas liberdades.
1.8.4.2. Todo o Rio de Janeiro se encheu de esperança e de alegria. Mas, as tropas fiéis a Lisboa resolvem normalizar a situação, ameaçando abrir luta com os brasileiros, a fim de se fazer cumprirem as ordens da Coroa
1.8.4.2.1. Ismael acode ao apelo das mães desveladas e sofredoras e, com o seu coração angélico e santificado, penetra as fortificações de Avilez e lhe faz sentir o caráter odioso das suas ameaças à população
1.8.4.2.2. A emancipação da Pátria do Evangelho consolidou-se, porém, com os fatos verificados naqueles dias e, para não quebrar a força dos costumes terrenos, foi escolhida uma data que assinalasse aos pósteros essa liberdade indestrutível.
1.8.4.3. José Bonifácio aconselha a D. Pedro uma viagem a Minas Gerais e outra viagem, com os mesmos objetivos em favor da independência, a ser realizada pelo príncipe regente a São Paulo.
1.8.4.3.1. Tiradentes acompanhou o príncipe nos seus dias faustosos, de São Paulo voltando ao Rio de Janeiro.
1.8.4.3.2. Um correio providencial leva ao conhecimento de D. Pedro as novas imposições das Cortes de Lisboa e ali mesmo, nas margens do Ipiranga, quando ninguém contava com essa última declaração sua, ele deixa escapar o grito de “Independência ou Morte!”
1.9. A proclamação da República e a maioridade espiritual coletiva do Brasil
1.9.1. Os brasileiros entravam em luta com os portugueses, constituindo esses movimentos uma ameaça constante à paz coletiva, durante vários anos.
1.9.2. Dias após as “noites das garrafadas”, em que os partidos políticos se engalfinharam na praça pública, de 12 a 14 de março de 1831 D, Pedro foi a igreja de São Francisco, sendo recebido, depois da cerimônia religiosa, pelo povo que o rodeou, com algumas demonstrações de desagrado.
1.9.2.1. Deputações populares são enviadas ao imperador, que as recebe com serenidade e indiferença
1.9.2.2. Entre os revoltosos estão os seus melhores amigos. Os senhores da situação eram os mesmos a quem o imperador havia amparado na véspera. O próprio exército, que organizara com imenso desvelo, se voltava contra ele naquela noite memorável
1.9.2.3. Através do silêncio e da sombra, a voz de seu pai, já na vida livre dos espaços, lhe falava brandamente ao coração. Os mensageiros de Ismael auxiliam-lhe o cérebro esgotado na solução do grande problema e, às duas horas da madrugada de 7 de abril de 1831, sem ouvir sequer os seus ministros e conselheiros, abdicava na pessoa do filho, D. Pedro de Alcântara, que contava então cinco anos, e ficaria sob a esclarecida tutela de José Bonifácio.
1.9.3. As forças conservadoras desejavam somente que D. Pedro I regenerasse o seu ambiente, afastando-se de determinadas influências políticas.
1.9.3.1. A exaltação dos espíritos em geral, os liberais solicitaram, em 1840, a declaração da maioridade do Imperador, que, na época, contava quinze anos incompletos
1.9.3.2. Dentro de poucos dias, foi D. Pedro II declarado maior, por entre as mais sãs esperanças do país e sob a confiança dos mentores do Alto, os quais seguiriam de perto a sua trajetória no trono.
1.9.3.2.1. A sua primeira preocupação administrativa foi pacificar o ambiente intoxicado de sedições e rebeldias. Prestigiando Caxias, consegue levantar a bandeira branca da paz nas Províncias de São Paulo e Minas, após os desfechos de Venda Grande e de Santa Luzia.
1.9.3.2.2. Daí a algum tempo, com a sua política de moderação e tolerância, consegue estabelecer a tranquilidade geral em todo o Rio Grande do Sul, com a anistia plena e com o respeito às honras militares de todos os chefes da insurreição
1.9.3.2.3. O Brasil nunca atravessou um período de tamanha liberdade de opinião. Somente as nacionalidades de origem saxônia gozavam, a esse tempo, no planeta, da mesma independência e das mesmas liberdades públicas.
1.9.3.3. D. Pedro II se retira silenciosamente para o recanto do seu oratório particular a fim de refletir sobre as interferências que vinha cometendo em outras nações Sul-americanas, em especial o Paraguai e Uruguai. Nas asas brandas do sono, o grande imperador é então conduzido a uma esfera de beleza esplêndida e inenarrável onde o próprio Mestre Jesus lhe fala:
1.9.3.3.1. Pedro, guarda a tua espada na bainha, pois quem com ferro fere com ferro será ferido. As nações, como os indivíduos, têm a sua missão determinada e não é justo sejam coagidas no terreno das suas liberdades
1.9.3.3.2. No mundo espiritual o senhor Jesus reune as falanges de Ismael e diz:
1.9.3.3.3. A Lei de 13 de maio de 1888 ferira os interesses particulares de todas as classes conservadoras. Por essa razão os anos de 1888 e 1889 assinalaram os derradeiros tempos do império.
2. Objetivo 2: entender o surgimento do Espiritismo no Brasil e sua missão segundo o livro em referência
2.1. Bezerra de Menezes
2.1.1. O século XIX, que surgira com as últimas agitações provocadas no mundo pela Revolução Francesa, estava destinado a presenciar extraordinários acontecimentos
2.1.1.1. Assembleias espirituais, reunindo os gênios inspiradores de todas as pátrias do orbe, eram levadas a efeito, nas luzes do infinito, para a designação de missionários das novas revelações
2.1.1.2. Em uma de tais assembleias, presidida pelo coração misericordioso e augusto do Cordeiro, fora destacado um dos grandes discípulos do Senhor, para vir à Terra com a tarefa de organizar e compilar ensinamentos que seriam revelados
2.1.1.2.1. Foi assim que Allan Kardec, a 3 de outubro de 1804, via a luz da atmosfera terrestre, na cidade de Lião.
2.1.1.2.2. Contaria com a cooperação de uma plêiade de auxiliares da sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas individualidades de João-Batista Roustaing, que organizaria o trabalho da fé; de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne, que apresentaria a estrada científica e de Camille Flammarion, que abriria a cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes,
2.1.2. Ismael em outras dessas assembléias disse a um de seus fiéis discípulos:
2.1.2.1. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração
2.1.2.1.1. Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida.
2.1.2.1.2. Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831, em Riacho do Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes, o grande discípulo de Ismael, que vinha cumprir no Brasil uma elevada missão
2.2. A obra de Ismael
2.2.1. Por volta de 1840, ao influxo das falanges de Ismael, chegavam dois médicos humanitários ao Brasil. Eram Bento Mure e Vicente Martins, que fariam da medicina homeopática verdadeiro apostolado. Muito antes da codificação kardequiana, conheciam ambos os transes mediúnicos e o elevado alcance da aplicação do magnetismo espiritual.
2.2.1.1. Foram eles, os médicos homeopatas, que iniciaram aqui os passes magnéticos, como imediato auxílio das curas
2.2.2. Os primeiros fenômenos de Hydesville, na América do Norte, em 1848, não passaram despercebidos à corte do segundo reinado no Brasil.
2.2.2.1. A febre de experimentações que se lhes seguiu nas grandes cidades europeias, incendiou, igualmente, no Rio de Janeiro.
2.2.2.2. Em 1853, a cidade já possuía um pequeno grupo de estudiosos, entre os quais se podia notar a presença do Marquês de Olinda e do Visconde de Uberaba
2.2.2.3. Em 1869 surgiu o primeiro periódico espírita brasileiro — “O Eco de Além-Túmulo”.
2.2.3. As falanges de Ismael estavam vigilantes. Sugeriram aos espiritistas brasileiros a necessidade de criar, no Rio, um núcleo central das atividades, que ficasse como o órgão orientador de todos os movimentos da doutrina no Brasil
2.2.3.1. Um dos emissários de Ismael, que dispunha de maiores elementos no terreno das afinidades mediúnicas, para se comunicar nos grupos particulares organizados na cidade, adotou o pseudônimo de Confúcio, sob o qual transmitia instrutivas mensagens e valiosos ensinamentos.
2.2.3.1.1. Em 1873 fundava-se, com estatutos impressos e demais formalidades exigidas, o “Grupo Confúcio”, que constituiria a base da obra tangível e determinada de Ismael, na terra brasileira
2.2.3.2. O “Grupo Confúcio” teve uma existência de três anos rápidos. Os mensageiros de Ismael, em face da discórdia que destruía o grande núcleo nascente, fundavam sobre ele, em 1876, a “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”.
2.2.3.2.1. sob a direção esclarecida de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, grande discípulo do emissário de Jesus, que, juntamente com Bezerra, tivera a sua tarefa previamente determinada no Alto.
2.2.3.2.2. Uma plêiade de médiuns curadores, iniciam, no Rio, o seu penoso apostolado. Elias da Silva e seus companheiros notam, entretanto, que a situação se ia tornando difícil com as polêmicas esterilizadoras.
2.2.3.2.3. A esse tempo, os emissários do Alto prescrevem categoricamente aos seus camaradas do mundo tangível: — Chamem agora Bezerra de Menezes ao seu apostolado!
2.2.3.3. Bezerra de Menezes traz consigo a palma da harmonia, serenando todos os conflitos. Estabelece a prudência e a discrição entre os temperamentos mais veementes e combativos.
2.2.3.3.1. As divergências foram atenuadas, para que a tranquilidade voltasse a todos os centros de experimentação e de estudo.
2.2.3.3.2. Nos ambientes espiritistas, estava lançada a prioridade pela necessidade da obra evangélica, no sentido de que ressurgisse a doutrina de tolerância e de amor, de piedade e perdão, do Crucificado.
2.3. O Espiritismo no Brasil e o surgimento da FEB
2.3.1. Nos primeiros dias de 1889, Bezerra de Menezes preparara o ambiente necessário para que todos os companheiros do Rio ouvissem a palavra póstuma de Allan Kardec, que, através do médium Frederico Júnior, forneceu as suas instruções aos espiritistas da capital brasileira, exortando-os ao estudo, à caridade e à unificação.
2.3.2. Existiam, no Rio, sociedades prestigiosas, mas cada qual com o seu programa particular, descentralizando a ação renovadora que as instruções do plano invisível traziam, logicamente, a todos os corações que militavam no sagrado labor da doutrina
2.3.2.1. A Federação Espírita Brasileira, fundada desde o Ano-Bom24 de 1884, sob a proteção de Ismael, verificou-se a época propícia para desempenhar a sua elevada tarefa junto de todos os grupos do país, no sentido de federá-los, coordenando-lhes as atividades dentro das mais sadias expressões da doutrina.
2.3.2.2. O tempo, todavia, era de transição e de incertezas. A República, com as suas ideologias novas, filhas do positivismo mais avançado, criara os mais sérios embaraços ao desenvolvimento da doutrina. O novo Código Penal incluíra o Espiritismo nos seus textos e o ambiente era obscuro.
2.3.3. Ismael esclarecia que na pátria do evangelho, o Espiritismo será o Cristianismo revivido na sua primitiva pureza, e faz-se mister coordenar todos os elementos da causa generosa da Verdade e da Luz, para os triunfos do Evangelho.
2.3.3.1. A caridade valerá mais que todas as ciências e filosofias, no transcurso das eras, e será com ela que conseguirás consolidar a tua Casa e a tua obra
2.3.3.2. Em julho de 1895, Bezerra de Menezes assumia a sua posição de diretor de todos os trabalhos de Ismael no Brasil, coordenando os elementos para a evangelização e deixando a Federação como o porto luminoso de todas as esperanças.
2.3.3.3. Todos os espiritistas do país se lhe reúnem pelas mais sacrossantas afinidades sentimentais na obra comum, e os seus ascendentes têm ligações no plano invisível com as mais obscuras tendas de caridade, onde entidades humildes, de antigos africanos, procuram fazer o bem aos seus semelhantes.
2.3.4. Todos os grupos sinceros do Espiritismo, no país, têm as suas águas fluidificadas, a terapêutica do magnetismo espiritual, os elementos da homeopatia, a cura das obsessões, os auxílios gratuitos no serviço de assistência aos necessitados, dentro do mais alto espírito evangélico, dando-se de graça aquilo que se recebeu como esmola do céu.
2.3.4.1. Não é raro vermos caboclos, que engrolam a gramática nas suas confortadoras doutrinações, mas que conhecem o segredo místico de consolar as almas, aliviando os aflitos e os infelizes.
2.3.4.2. Médiuns da mais obscura condição social, e nas mais humildes profissões, a se constituírem instrumentos admiráveis nas mãos piedosas dos mensageiros do Senhor.
2.3.4.3. Como a Terra não é um paraíso e nem os homens são anjos, as entidades perturbadoras se aproveitam dos elementos mais acessíveis da natureza humana, para fomentar a discórdia, o demasiado individualismo, a vaidade e a ambição, desunindo as fileiras que, acima de tudo, deveriam manter-se coesas para a grande tarefa da educação dos Espíritos, dentro do amor e da humildade.