Jornalismo no “país da periferia”: noticiabilidade, ambivalência e liminaridade

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Jornalismo no “país da periferia”: noticiabilidade, ambivalência e liminaridade por Mind Map: Jornalismo no “país da periferia”:  noticiabilidade, ambivalência e liminaridade

1. O entre-lugar que marca as experiências do que denominamos “jornalismo de periferia” estabelece uma prática instalada num estar-entre a ambivalência e a liminaridade (Guimarães; Schwartz; Silveira, 2016)

2. “É fundamental reconhecer que o suposto núcleo do jornalismo, bem como a consistência assumida do funcionamento interno das organizações de notícias é tudo menos consensual e não é necessariamente a norma” (Deuze e Witschge, 2015: 7)

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4. Não é fácil fazer o trabalho que a TV Restinga faz, não é fácil fazer o trabalho que às vezes eu tento fazer porque você não fala do avião que cai, mas você tem que falar da beleza, da complexidade que é você fazer um avião decolar (Soares, 2012)

5. Obviamente quando ocorre um conflito dentro de um lugar a notícia é o conflito, a notícia não é a paz. (...) Por isso que a gente não pode entrar muitas vezes numa de demonizar os veículos de comunicação. Obviamente, você tem que também dar luz às coisas positivas. (TV Restinga, 2012).

6. A experiência da TV Restinga, conforme refletem Paim et al. (2012: 36), implica em deixar o anonimato e a invisibilidade para trás e ingressar em um novo lugar na sociedade midiatizada com base em um ethos de periferia.

7. Um modelo de desenvolvimento, iniciado nos anos 1980, privou as faixas de menor renda de condições básicas de urbanidade e de inserção efetiva à cidade. Essa talvez seja sua principal característica, migrada de uma ideia geográfica, dos loteamentos distantes do centro. Mas é preciso lembrar que a periferia é marcada muito mais pela precariedade e pela falta de assistência e de recursos do que pela localização (Rolnik, 2010)

8. As novas práticas mostram o que o jornalismo é, ou o que ele está se tornando, contra o privilégio que consiste no estudo de rotinas e formas padronizadas de produzir notícias (Deuze e Witschge, 2015)

9. "A fragmentação da percepção da realidade social é a forma por excelência de cegar as pessoas e torná-las tolas. Por conta disso todos os grandes jornais e todas as grandes cadeias de TV fragmentam – como veículo da reprodução de todos os privilégios injustos – seu conteúdo de modo a amesquinhar reflexão à informação descontextualizada" (Souza, 2015)

10. A cobertura jornalística e a ralé

11. CORPUS DE ANÁLISES: seis produções audiovisuais que contemplam pontos de vista externos e internos da periferia

12. Até que ponto o propósito de internalização da alteridade nas novas formas narrativas jornalísticas de televisão é perseguido com êxito?

13. "Observamos o surgimento de um estilo baseado no pertencimento ao imaginário do território e à periferia midiatizada que, não obstante, pode ser percebida como uma só" (Guimarães; Schwartz; Silveira, 2016)

14. “Chave de leitura da exclusão”, na qual se acentuam a interpretação das periferias a partir no que elas não têm: “Ausência de leis, ausência do Estado, ausência de direitos, ausência de cidadania, ausência de ordem, ausência de planejamento – em última instância, ausência de cidade propriamente dita” (Rosa, 2009)

15. O privilégio nítido dado aos crimes cometidos por estranhos no espaço público com seleção aleatória de vítimas é modo de incitar a identificação da audiência com a vítima sob a lógica do medo. ((Vaz e Rony, 2008)

16. Quando a vítima é de classe média, independentemente das “relações pessoais” dessas pessoas, a vítima adquire, como que por milagre, um nome, uma identidade, uma história de vida, e aí lamenta-se o nível de insegurança que “atinge a todos indistintamente”, e acompanha-se o drama individual daquela pessoa que “poderia ser qualquer um de nós” (Souza, 2005)

17. “Nesse contexto de disputas de significados, prevalecem, no senso comum, as figurações de homogeneidade que associam pobreza, ilegalidade e violência e reproduzem representações que tomam ‘a favela’ e ‘a periferia’ como 'lugares por excelência da exclusão social’” (Rosa, 2015)

18. “A 'ralé', como chamo provocativamente essa classe de infelizes e desesperados, num país que nega, esconde e eufemiza todos os seus conflitos e problemas, nunca foi, na verdade, percebida como uma 'classe social' entre nós” (Souza, 2015)