Cultura: um conceito antropológico.

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Cultura: um conceito antropológico. por Mind Map: Cultura: um conceito antropológico.

1. 2.1 A Cultura condiciona a visão de mundo do Homem.

1.1. O capítulo inicial da segunda parte traz diversos exemplos de como o ser humano, em decorrência da cultura, pode ter comportamentos diferentes, possuindo o mesmo aparato biológico. A princípio, alguns comportamentos fisiológicos básicos deveriam ser iguais por questões somáticas, como acontecem com os outros seres vivos, mas apresentam grandes diferenças em determinadas culturas, em decorrência do próprio processo de endoculturação, como por exemplo o riso, a sexualidade, o parto, o modo de comer, a própria comida e a visão do espaço.

1.1.1. “Cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, tem visões desencontradas das coisas” – Laraia

2. 2.2 A cultura interfere no plano Biológico

2.1. O segundo capítulo abrange a influência da cultura em questões biológicas mais complexas, determinantes de saúde e de sobrevivência. Exemplos como perda de referências culturais (apatia), crenças, saudades e outros fatores podem interferir no plano biológico dos seres humanos e comprometer seu funcionamento somático equilibrado, levando-os muitas vezes à morte. Já em outros casos, as crenças e hábitos podem ser capazes de curar, restabelecendo o bom funcionamento biológico dos seres humanos. Talvez este seja o capítulo mais interessante da obra, pois revela como determinada cultura é capaz de transpassar barreiras somáticas através do processamento psicológico e solucionar problemas biológicos que em outras culturas pode não ser eficaz.

3. 2.3 Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura

3.1. Tanto as limitações como as participações do indivíduo em sua própria cultura podem ser determinadas por diferentes fatores como por exemplo o sexo, a idade e costumes. Mais do que isso, esses fatores também podem diversificar e limitar papéis de maneira diferente em outras culturas, isto é, papéis desempenhados por determinados indivíduos de uma cultura podem ser desempenhados por outros em outra cultura. O autor ainda acrescenta que nenhum indivíduo é capaz e compreender o seu sistema cultural, mas que é necessário conhecer e englobar para si o essencial do mesmo para que se identifique e possa viver em harmonia consigo e com os demais.

3.1.1. “Nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura. Este fato é tão verdadeiro nas sociedades complexas com um alto grau de especialização, quanto nas simples, onde a especialização refere-se apenas às determinadas pelas diferenças de sexo e idade” – Laraia

4. 2.4 A cultura tem uma lógica própria

4.1. De acordo com Laraia, todos os sistemas culturais têm a sua própria lógica. E admite que é etnocentrismo a tendência humana de considerar apenas a lógica do seu próprio sistema e atribuir aos outros um alto grau de irracionalismo.

4.1.1. “A coerência de um habito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence.” – Laraia

5. 2.5 A cultura é dinâmica

5.1. A cultura também pode sofrer alterações devido a eventos históricos, como catástrofes naturais, alguma grande invenção tecnológica ou algum conflituoso contato cultural. É preciso entender que todo sistema cultural está sempre em mudança, para evitar comportamentos preconceituosos no choque entre as gerações.

5.1.1. “Existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultado da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com outro.” – Laraia

6. 1.6 Teorias Modernas sobre Cultura

6.1. O autor se vale do esquema proposto por Keesing, que divide as teorias em dois grandes grupos: as que tratam da cultura como sistema adaptativo (cultura como sistemas de padrões de comportamento socialmente transmitidos, analogia entre mudança cultural e seleção natural, tecnologia e economia de subsistência como bases e reguladores da cultura); e as teorias idealistas de cultura (cultura como sistema cognitivo, como sistemas estruturais, como sistemas simbólicos). O autor finaliza com a idéia de que delimitar o conceito de cultura é conhecer a própria natureza humana, revelando, pois, uma tarefa de perene reflexão humana.

6.1.1. “Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento” – Murdock (1932)

7. 1.1 Determinismo Biológico

7.1. Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Segundo Felix Keesing, "não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado.

7.1.1. A exemplo da fala de Keesing, Laraia nos apresenta a seguinte situação: “Se transportarmos para o Brasil, logo após o seu nascimento, uma criança sueca e a colocarmos sob os cuidados de uma família sertaneja, ela crescerá como tal e não se diferenciará mentalmente em nada de seus irmãos de criação.”

8. 1.2 Determinismo Geográfico

8.1. Neste capítulo temos a critica direta aos estereótipos culturais e étnicos determinados geograficamente, como vimos nas frases destacadas do princípio do capítulo anterior. Desde a antiguidade, acreditava-se que as diferenças de ambiente e clima condicionavam a diversidade cultural. Até que em 1920 os antropólogos rejeitaram esta perspectiva, provando que é possível e normal existir diversas culturas em um mesmo ambiente. Sendo assim, o autor diz que as diferenças entre os homens não podem ser explicadas pelas limitações geográficas e biológicas impostas a eles.

8.1.1. “Um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares, sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isso porque difere dos outros animais por ser o único que possui Cultura.” – Laraia

9. 1.3 Antecedentes Históricos do conceito de Cultura

9.1. O conceito de cultura, de acordo com o autor, foi definido a primeira vez pelo inglês Edward Tylor (1832-1917), que incluía “conhecimentos, crenças, artes, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” Mas vale lembrar que Tylor apenas formalizou o conceito que já havia sido debatido e vinha sendo desenvolvido por outros pensadores como o inglês John Locke – pai do Liberalismo e precursor do Iluminismo – ou como o iluminista francês Jean-Jacques Rousseau que atribuiu um grande papel à educação. Passado mais de um século após as definições de Tylor, poderíamos esperar um acordo entre os antropólogos sobre o conceito de Cultura atualmente, mas foram criadas inúmeras definições deste conceito após os estudos do pensador inglês. Devido a essa diversificação Laraia nos apresenta a fala do antropólogo Kroebre, em 1950: “a maior realização da antropologia na primeira metade do século XX foi a ampliação do conceito de cultura.”, assim como ele citou Geertz que escreveu em 1973 que o item mais relevante para a antropologia moderna era o de “diminuir a amplitude do conceito e transforma-lo num instrumento mais especializado e mais poderoso teoricamente.”

9.1.1. De acordo com o autor, “o homem é o único ser possuidor de cultura”.

10. 1.4 O Desenvolvimento do Conceito de Cultura.

10.1. Por detrás de cada um destes estudos predominava, então, a ideia de que a cultura desenvolve-se de maneira uniforme, de tal forma que era de se esperar que cada sociedade percorresse as etapas que já tinham sido percorridas pelas "sociedades mais avançadas". Desta maneira era fácil estabelecer uma escala evolutiva que não deixava de ser um processo discriminatório, através do qual as diferentes sociedades humanas eram classificadas hierarquicamente, com nítida vantagem para as culturas europeias. Etnocentrismo e ciência marchavam então de mãos juntas. A principal reação a essa corrente evolucionista, então denominada método comparativo, inicia-se com Franz Boas (1858-1949). Ele propôs, em lugar do método comparativo puro e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das condições psicológicas e dos meios ambientes. Em outras palavras, Boas desenvolveu o particularismo histórico (ou a chamada Escola Cultural Americana), segundo a qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou. A partir daí a explicação evolucionista da cultura só tem sentido quando ocorre em termos de uma abordagem multilinear.

10.1.1. “Os seus comportamentos não são biologicamente determinados. A sua herança genética nada tem a ver com as suas ações e pensamentos, pois todas os seus atos dependem inteiramente de um processo de aprendizagem.” – Laraia

10.1.1.1. O capitulo termina com a análise de dois tópicos: • Os instintos humanos – ainda existentes, apesar de serem em boa parte suprimidos pelo desenvolvimento cultural; • A cultura como processo cumulativo – usando como fator primordial a comunicação, ou seja, ela é produto da cultura, mas não existira cultura se o ser humano não tivesse a possiblidade de criar um sistema de comunicação oral.

11. 1.5 Ideia sobre a Origem da Cultura

11.1. Para Kenneth P. Oakley a cultura seria o resultado de um cérebro mais complexo e volumoso. Já para Lévi-Strauss a cultura surgiu a partir do momento em que o ser humano convencionou as primeiras regras e hábitos. Porém para o americano Leslie White toda cultura depende de símbolos e sem eles não haveria cultura, pois, nosso comportamento é simbólico. Sabemos assim que o desenvolvimento biológico foi fundamental para a expansão do nosso cérebro, possibilitando a criação e a interpretação de símbolos, e principalmente para a comunicação oral e o acumulo de conhecimentos.

11.1.1. “Uma criança do gênero Homo torna-se humana somente quando é introduzida e participa da ordem de fenômenos superorganicas que é a cultura. E a chave deste mundo, e o meio de participação nele, é o símbolo.” – White