1. Transportes nas Empresas
1.1. Movimentar os produtos através dos diversos estágios de produção e, por fim, até os consumidores.
1.1.1. Produção
1.1.1.1. A matéria-prima ou produto semi-acabado chega até a etapa produtiva através dos modais de transportes escolhidos, restando assim sua produção ou finalização.
1.1.2. Distribuição
1.1.2.1. Centros de Distribuição
1.1.2.1.1. Nos CDs, o produto pode ser estocado para uma entrega futura ou ainda ser utilizado o Crossdocking, que é o conceito de receber o produto no CD e, ao mesmo tempo, redirecioná-la ao modal de transporte escolhido para os clientes, evitando assim custos de estocagem e reduzindo o Lead Time. No final, o CD atua como um intermediário entre a etapa produtiva e o cliente, no que diz respeito à entrega do produto, podendo ser mais espalhado pelo mapa do que as fábricas, reduzindo portanto os custos de transporte.
1.1.2.2. Clientes
1.1.2.2.1. Se o produto for entregue diretamente ao cliente, os modais devem ser escolhidos de acordo com a distância. Como não há CDs, o produto fica estocado na própria fábrica, necessitando assim de processos mais complexos para espalhá-lo pela área de cobertura da empresa. Com relação aos CDs, os custos de transportes são maiores, dado a distância dos mercados consumidores. Por outro lado, os custos dos estoques são menores, dado que todos os estoques estão concentrados em um local e não há necessidade de diversos estoques de segurança espalhados pela área de cobertura.
1.2. O transporte tem grande influência no Lead Time e nos custos da empresa.
1.2.1. Lead Time
1.2.1.1. Dado que é a parte do transporte que faz com que os produtos cheguem aos clientes, essa área da logística tem uma enorme influência sobre o LT da empresa. De acordo com as características de cada produto, os administradores devem decidir qual tipo de modal utilizarão e, ainda, se verticalizarão ou terceirizarão essa etapa de entrega para os clientes, dependendo basicamente da estratégia e dos valores da empresa.
1.2.2. Custos
1.2.2.1. Cada tipo de modal de transporte incorre em diferentes custos. Basicamente, a medida de custos é a de US$/(1000*Toneladas*Km), que representa quantos dólares a empresa paga por 1000 toneladas de produto por quilometro rodado. Também deve ser levado em consideração pela empresa algumas características do produto, que são muito importantes na escolha do modal de transporte. São elas: o volume, a densidade, o formato, o manuseio e o valor/periculosidade do produto. Além das características dos produtos, o mercado em si deve também ser levado em consideração nos seguintes aspectos: localização/distância do mercado consumidor, grau de concorrência entre as empresas deste segmento, equilíbrio do tráfego de cargas e a sazonalidade dos pedidos.
1.2.3. Modais de Transporte - Importância para Empresas
1.2.3.1. Aéreo
1.2.3.1.1. Vantagens
1.2.3.1.2. Desvantagens
1.2.3.1.3. Melhorias
1.2.3.2. Rodoviário
1.2.3.2.1. Vantagens
1.2.3.2.2. Desvantagens
1.2.3.2.3. Melhorias
1.2.3.3. Aquaviário
1.2.3.3.1. Vantagens
1.2.3.3.2. Desvantagens
1.2.3.3.3. Melhorias
1.2.3.4. Ferroviário
1.2.3.4.1. Vantagens
1.2.3.4.2. Desvantagens
1.2.3.4.3. Melhorias
1.2.3.5. Dutoviário
1.2.3.5.1. Vantagens
1.2.3.5.2. Desvantagens
1.2.3.5.3. Melhorias
2. Conceitos e Definições Fundamentais
2.1. Economia de Escala
2.1.1. É um dos dois princípios econômicos fundamentais que tem impacto sobre a eficiência dos transportes.
2.1.2. As economias de escala no transporte existem porque os custos fixos associado ao transporte de uma carga são diluídos no aumento do peso. Esses custos são os mesmos para 1 carga ou 1000 cargas. Entre esses custos fixos, podemos destacar:
2.1.2.1. Atividades de programação
2.1.2.2. Custo do equipamento
2.1.2.3. Tempo para posicionar os veículos na carga ou descarga
2.1.2.4. Faturamento
2.1.3. O custo por unidade de peso transportada diminui conforme o tamanho da carga aumenta
2.1.3.1. Exemplo: carregamentos que utilizam toda a capacidade de compartimento de um caminhão tem um custo mais baixo por quilo do que carregamentos menores, que utilizam uma parte limitada da capacidade desse caminhão.
2.1.4. Veículos de transporte com capacidade maior, como trens e navios, são menos dispendiosos por unidade de peso do que veículos com capacidade menor, como aviões e caminhões.
2.2. Economia de Distância
2.2.1. É o outro dos dois princípios econômicos fundamentais que tem impacto sobre a eficiência dos transportes.
2.2.2. Refere-se à diminuição do custo de transporte por unidade de peso à medida que a distância aumenta.
2.2.2.1. Exemplo: um carregamento de 500 quilômetros terá um custo de realização menor que dois carregamentos do mesmo peso movimentando-se, cada um, 250 quilômetros.
2.2.2.2. Logo, Distâncias maiores permitem que o custo fixo seja diluído por uma quantidade maior de quilômetros, resultando em uma tarifa menor por quilômetro.
2.2.3. A economia de distância é muitas vezes denominada Princípio de Afilamento
2.3. Economia de Escopo
2.3.1. Diluição do custo através das opções de transporte disponível
2.3.1.1. Exemplo com uma empresa aérea (transporte de pessoas): Considerando cada par origem-destino como um produto distinto, há economia de escopo se o custo médio de uma empresa de transporte aéreo é menor quanto mais pares de origem-destino forem servidos.
2.4. Backhauling
2.4.1. Usar um dos trechos de transporte que estiver vazio (ida ou volta) do meio de transporte em questão para transportar outros produtos, até para outras empresas.
2.4.1.1. Exemplo: uma fábrica de autopeças em São Paulo envia as peças para as oficinas em todo o Brasil por meio de caminhões, mas estes sempre voltam vazios para São Paulo. Backhauling: usar as carretas vazias para frete de produtos fabricados nesses lugares do Brasil e que precisam ver vendidos ou distribuídos em São Paulo.
2.4.2. Por que fazer o backhauling?
2.4.2.1. O backhauling ajuda a cobrir parte ou o total dos custos de transporte de uma empresa, contanto que o transporte dessas outras cargas de outras empresas não prejudiquem a cadeia de logística da empresa que permite o backhauling.
2.5. Modais de Transporte - Definição
2.5.1. Ferroviário
2.5.1.1. Capacidade de transportar com eficiência uma grande tonelagem por longas distâncias.
2.5.1.1.1. Brasil: Políticas governamentais na década de 50 fez com que o transporte rodoviário se tornasse o principal meio de escoamento de produtos no país, sendo que as distâncias aqui justificam uma rede ferroviária ampla e eficiente. Hoje as ferrovias são utilizadas principalmente para o transporte de minério de ferro das minas para os portos (ex: Vale).
2.5.2. Rodoviário
2.5.2.1. Em comparação com as ferrovias, os caminhões tem um investimento fixo relativamente baixo em instalações de terminais, e operam, na maior parte do país, em estradas ainda mantidas pelo governo.
2.5.2.1.1. Brasil: as estradas são os principais canais de escoamento da produção nacional para os portos e apenas uma pequena parcela delas é privatizada e foram modernizadas.
2.5.3. Hidroviário
2.5.3.1. É o modal mais antigo de transporte.
2.5.3.1.1. Capacidade de transportar cargas extremamente grandes.
2.5.3.1.2. Fica entre os transportes ferroviários e rodoviários em termos de custos.
2.5.3.1.3. Brasil: principalmente navegação de cabotagem (entre portos, ex: entre os portos de Tubarão(ES) e S. Francisco do Sul (SC)).
2.5.4. Dutoviário
2.5.4.1. Meio utilizado principalmente para o transporte de gás natural e petróleo, em todo o mundo.
2.5.4.1.1. Alto investimento inicial para montar a rede de dutos.
2.5.4.1.2. Poucas limitações sobre a sua operação (funciona 24 horas por dia).
2.5.5. Aéreo
2.5.5.1. É o mais novo, mas menos utilizado modal de transporte.
2.5.5.1.1. Vantagem na velocidade.
2.5.5.1.2. Desvantagem no custo.
2.5.5.1.3. Brasil: pouca infraestrutura para grandes aviões de carga.
2.6. Transporte Intermodal
2.6.1. Utiliza mais de um dos modais de transporte descritos acima. Podem ser necessários para otimizar o custo total de transporte de uma carga.
2.7. Network Design
2.7.1. Traduzindo literalmente, é o desenho da rede de transportes. Para desenhar uma rede de transportes com sucesso deve-se ter como objetivo minimizar os custos, mas de acordo com os pontos a seguir:
2.7.1.1. Velocidade
2.7.1.2. Disponibilidade
2.7.1.3. Confiabilidade
2.7.1.4. Capacidade
2.7.1.5. Frequência
3. Relação de Transportes com outros temas de Logística
3.1. Distribuição
3.1.1. O custo da distribuição é diretamente afetado pelo modal de transporte escolhido, pela malha de transporte e pela roteirização planejada. A escolha do modal pode ser crucial na participação no custo total devido a economias de escala que podem ser obtidas, e se pensarmos no caso do Brasil essas se darão pelo rodoviário; a disponibilidade baixa de opções também pode levar a escolhas de modal que encareçam a distribuição; em caso de busca de nível de serviço, muitas vezes a escolha do modal pode não ser a mais eficiente, prejudicando os custos de distribuição para privilegiar outros aspectos como vendas futuras ou disponibilidade. Ainda, a roteirização planejada e a disponibilidade de malhas de transporte podem interferir também diretamente na qualidade, custo e rapidez da distribuição.
3.2. Lead Time
3.2.1. Como citado na distribuição que o transporte pode afetar na rapidez da distribuição, isso implica diretamente em influência sobre o lead time. O lead time de um pedido pode ser eficientemente planejado, por exemplo, na separação e carregamento de um pedido. Porém, se a malha de transporte e/ou roteirização for ineficiente, assim como a escolha do modal de transporte, o lead time sofrerá aumento e possivelmente o nível de serviço será afetado. O oposto também é verdade: mesmo que o lead time para separação e colocação de um pedido seja maior, este pode ser compensado dada a eficiência do transporte.
3.3. Estoques
3.3.1. A eficiência dos transportes pode estar intimamente ligada ao nível de estoques de um CD ou fábrica. Dada sua eficiência, tanto em termos de rapidez, qualidade e custo, uma empresa pode manter baixos níveis de estoque sem perder em nível de serviço, dado o baixo lead time do pedido influenciado pelo transporte de mercadorias.
3.4. Serviço ao Cliente
3.4.1. O transporte, na visão do cliente, impacta na qualidade do serviço em alguns principais aspectos como disponibilidade, custo e qualidade. No primeiro caso, um transporte eficiente normalmente permite que os pedidos do cliente sejam rapidamente repostos, implicando alta disponibilidade de produtos em sua loja por exemplo, consequentemente diminuindo o número de vendas perdidas e facilitando seu planejamento de colocação de pedidos. No caso em que o cliente arca com frete pela entrega de pedidos, a eficiência do transporte pode aumentar o nível de serviço a partir do momento em que implica baixo custo de entrega. Por fim, a qualidade pode ser o aspecto mais procurado por um cliente em uma entrega quando este tem muita preocupação no manuseio e grau de conservação de seus produtos.
3.5. Previsão de Demanda
3.5.1. A previsão da demanda pode ser influenciada pelo efeito chicote, em que o nível de variação percebido no início do chicote é muito maior em sua ponta, dificultando a previsão deste último participante. Assim, reduzir o lead time é um importante meio de diminuir os efeitos do chicote, e a chave para essa diminuição pode ser o transporte.
4. Interdisciplinaridade
4.1. Pesquisa Operacional
4.1.1. Nessa matéria temos uma parte que trabalhamos Gestão de Estoques, Lote Econômico, otimização dos custos de Estoque. Isso está totalmente relacionado com Lead Time, que conseqüentemente, está relacionado com uma melhor utilização dos Transportes.
4.2. Gestão de Operações e Sistemas
4.2.1. A parte de arranjos físicos relaciona-se com Transportes internos e externos de uma empresa.
4.3. Gestão de Marketing
4.3.1. No tema de Comunicação Integrada, temos uma parte que fala da Promoção de Vendas de uma empresa, que representa incentivos de curto prazo para encorajar a experimentação ou compra. Para que isso tenha sucesso, é necessário ter um sistema de Transportes logísticos eficientes para que o produto esteja disponível nos intermediários à venda, e possivelmente, direto no consumidor final.
4.3.2. Na parte de Canais essa ligação com Transportes também é bastante evidenciada, já que diz respeito principalmente à Lead Time, que irá influenciar totalmente na escolha da estratégia de Canais da empresa.
4.4. Finanças Corporativas
4.4.1. Na Gestão de Capital de Giro, temos uma parte em que tratamos de Administração de Estoques/Caixa. Essa parte relaciona-se com Pesquisa Operacional também, já que diz respeito à Lead Time e, conseqüentemente, uma área de Transportes eficiente.
4.5. Sistemas de Informação
4.5.1. Em SI aprendemos como utilizar a ferramenta Solver do Excel, essa ferramenta é muito utilizada na área de Transportes, pelo fato de ser muito útil minimizando os caminhos e otimizando o custo de transporte.
4.6. Estratégia Competitiva e Corporativa
4.6.1. No tema de fronteiras verticais, as decisões de expandir ou não as fronteiras dependeriam de um sistema de Transportes eficiente para poder transportar os materiais/produtos de uma área da empresa para a outra.
4.6.2. Utilizando as mesmas empresas de uma controladora, tem-se uma economia de custos com instalações compartilhadas e outros benefícios. Isso depende dos Transportes da empresa, se a área de Logística não for eficiente, essa potencial economia de custos pode acabar se tornando um problema para a empresa.
5. Exemplos aplicáveis à vida real
5.1. Exercício - Solver
5.1.1. Problema da Alocação de Veículos
5.1.1.1. Você foi contratado para definir o programa ideal de coleta de cargas de uma grande transportadora. A empresa divide o seu mercado em 5 regiões, cinco motoristas/caminhões estarão disponíveis, sendo que existem 5 cargas a serem carregadas, as cargas que não forem coletadas imediatamente serão perdidas para a concorrência.
5.1.1.1.1. Método
5.1.1.1.2. Variáveis de Decisão
5.1.1.1.3. Função Objetivo
5.1.1.1.4. Interdisciplinaridade
5.1.1.1.5. Resultado Final
5.2. Exercício - Solver
5.2.1. Minimização de Custos de Transporte
5.2.1.1. Dois reservatórios de água suprem as necessidades de três cidades, sendo que cada reservatório pode fornecer 50 milhões de galões de água por dia. Cada cidade necessita de 40 milhões de galões de água por dia, mas isto é imposs´ıvel. Para cada milhão de galões de água que não pode ser fornecido, existe uma penalidade definida em contrato: na cidade 1, a multa é de $ 20, na cidade 2, de $ 22 e na cidade 3, $ 23.
5.2.1.1.1. Método
5.2.1.1.2. Variáveis de Decisão
5.2.1.1.3. Função Objetivo
5.2.1.1.4. Interdisciplinaridade
5.2.1.1.5. Resultado Final
6. As empresas devem terceirizar ou não seus transportes?
6.1. Uma crescente discussão dentre os executivos das grandes empresas é sobre as alternativas para trazer as matérias-primas necessárias para a produção e de distribuição da mercadoria final até o ponto de venda. Um dos pontos importante sobre o tema é se vale a pena a empresas terceirizar este processo ou gerir sozinha através de um departamento dentro da empresa.
6.1.1. Vantagens da Terceirização
6.1.1.1. Permite a empresa focar no seu Core business.
6.1.1.2. Diminui a estrutura organizacional.
6.1.1.3. Geram economia dos recursos da empresa, como pessoas, materiais, econômicos.
6.1.1.4. Busca um aumento do nível de serviço.
6.1.2. Para que a terceirização seja benéfica para a contratante, a empresa contratada deve ser capaz de prestar os serviços específicos requisitados como, por exemplo, ser capaz de cumprir os prazos firmados, de ter um sistema de transporte eficiente, de transportar os recursos de forma segura. Além disso, este serviço também deve ser oferecido a um preço razoável, no qual a empresa esteja disposta a pagar.
6.1.3. Mesmo considerando estas vantagens, a decisão de terceirizar a distribuição também deve estar de acordo com as diretrizes e estratégias do negócio. No caso da Frito-Lay, a divisão de salgadinhos da PepsiCo, ela tem a sua própria frota de caminhões. A terceirização não é recomendada, pois a especificidade de seus produtos (pequeno prazo de validade, e produto de baixa densidade) requer um transporte especifico e eficiente (alta disponibilidade de caminhos para carregar os produtos a qualquer horário), este tipo de serviço não é encontrado em companhias de transporte a um preço razoável, portanto a Frito-lay é obrigada a ter uma estrutura de logística bem desenvolvida dentro da empresa.
6.1.4. Considerando as vantagens e desvantagens da terceirização da distribuição, e avaliando sua compatibilidade com os negócios da empresa, é possível avaliar a relevância da terceirização da empresa.
6.1.5. Segundo um estudo feito no Brasil em 2004, a terceirização da distribuição já é realidade nas grandes empresas. Os serviços mais terceirizados pelas empresas são:
6.1.5.1. Transporte de distribuição 89%
6.1.5.2. Transporte de transferência 81%
6.1.5.3. Desembaraço aduaneiro 80%
6.1.5.4. Transporte de matéria-prima 77%
6.1.5.5. Armazenagem 20%
6.1.6. Já as atividades logísticas de necessitam de um maior controle por parte da empresa possuem uma participação menor:
6.1.6.1. Gerenciamento de transporte intermodal 28%
6.1.6.2. Montagem de Kits 18%
6.1.6.3. Milk Run 15%
6.1.6.4. Gestão de Estoques 4%