Afetos, emoções, atribuições e expectativas: o sentido da aprendizagem escolar.
por Mercia Santos
1. As representações, as expectativas e as atribuições com que o aluno se depara em um determinado processo de aprendizagem tem uma incidência nesse processo e em seus resultados, visto que determinam algumas das condições fundamentais requeridas para que o aluno consiga atribuir um sentido pessoal à aprendizagem. A experiência da autonomia está estreitamente relacionada com o interesse pessoal experimentado pelo aluno diante do conteúdo de aprendizagem e das condições de realização dela. Recompor o quebra-cabeça das emoções, dos afetos e das cognições que as pessoas põem em prática nas situações educacionais é um dos desafios mais importantes impostos à psicologia da educação nas próximas décadas.
2. Os elementos do auto conceito a que me referi constituem a dimensão mais cognitiva e racional da representação que elaboramos de nós mesmos. O autoconceito e a auto-estima referem-se à representação da avaliação afetiva que a pessoa tem de suas características em um determinado momento. A atribuição de um maior ou menor sentido pessoal àquilo que deve aprender é um dos principais fatores que condicionam o tipo de motivação e o enfoque que o aluno adota para realizar sua aprendizagem
3. No terreno das características emocionais e afetivas, os conhecimentos proporcionados pelas pesquisas psicológicas e psicopedagógicas não apenas são comparativamente menores, como também são mais difíceis de integrar e relacionar devido a ausência de contextos explicativos de um certo nível de generalidades permitam dar conta da complexa articulação que presumivelmente ocorre entre essas características.
3.1. Os alunos parecem estabelecer uma distinção entre o mero fato de aprender e aprender realmente.
3.1.1. A aprendizagem, além de modificar nossa compreensão do que são as coisas, transforma o sentido que elas têm para nós. São cada vez mais numerosos os trabalhos que centram sua atenção nos aspectos afetivos e emocionais, assim como as tentativas de integrar e relacionar a dimensão cognitiva da conduta com sua dimensão afetiva e emocional.
3.2. O processo de atribuir um sentido pessoal aquilo que se aprende supõe a capacidade de elaborar algum tipo de resposta a perguntas do tipo: que importância tem esse conteúdo para mim?; tenho alguma razão pessoal pela qual considere que valha a pena aprendê-lo?; de que me serve ou servirá fazer isso? O conceito de representação destaca a ideia de que os afetos e as emoções que se atualizam nos processos educacionais escolares não surgem como resposta direta aos estímulos presentes, mas são mediados pelas representações que professores e alunos elaboraram deles.
4. A auto-estima refere-se à avaliação afetiva que fazemos de nosso autoconceito em seus diferentes componentes, ou seja, como a pessoa se valoriza e se sente em relação às características que se auto-atribui. Do mesmo modo que os alunos e o professor tem uma representação de si mesmos, também elaboraram uma representação de suas capacidades, seus motivos e suas intenções.
4.1. Expectativas do professor Expectativas iniciais Mudanças das expectativas iniciais Mediadores psicológicos Tratamento educacional Mediadores psicológicos Reações comportamentais
5. Representações, atribuições, expectativas e características dos processos educacionais escolares
5.1. A análise realizada até o momento dos fatores que incidem na dimensão afetiva e emo- cional dos processos educacionais escolares, para além da possível parcialidade quanto aos aspectos contemplados, requer algumas consi- derações iniciais, sem as quais essa aproxima- ção seria claramente insuficiente.
5.1.1. Em segundo lugar, qualquer valorização dos fatores analisados seria claramente parcial ou distorcida, se não se considerassem a natu- reza e as características concretas dos contex- tos educacionais e os processos de ensino e aprendizagem em que estão imersos professo- res e alunos