Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos (Demerval Saviani)

1. Questionamento da separação e tentativas de restabelecimento do vínculo entre trabalho e educação

1.1. Nova forma de produção; reorganização das relações sociais.

1.2. Sobre a base comum da escola primária, o sistema de ensino bifurcou-se entre as escolas de formação geral e as escolas profissionais.

1.3. Proposta dualista de escolas profissionais para os trabalhadores e “escolas de ciências e humanidades” para os futuros dirigentes; proposta de escola única diferenciada, que efetuava internamente a distribuição dos educandos segundo as funções sociais para as quais se os destinavam em consonância com as características que geralmente decorriam de sua origem social.

2. Esboço de organização do sistema de ensino com base no princípio educativo do trabalho

2.1. Ensino fundamental: relação é implícita e indireta; ensino médio: relação entre educação e trabalho, entre o conhecimento e a atividade prática deverá ser tratada de maneira explícita e direta

2.2. propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas

2.3. evitar que os trabalhadores caiam na passividade intelectual, evitando-se ao mesmo tempo que os universitários caiam no academicismo

3. Conclusão: a controvérsia relativa à politecnia

3.1. Manacorda concluiu que a expressão “educação tecnológica” traduziria com mais precisão a concepção marxiana do que o termo “politecnia” ou “educação politécnica".

3.2. Trata-se da união entre formação intelectual e trabalho produtivo

4. Fundamentos histórico-ontológicos da relação trabalho-educação

4.1. Trabalho e educação são atividades especificamente humanas

4.2. Os homens aprendiam a produzir sua existência no próprio ato de produzi-la. Eles aprendiam a trabalhar trabalhando.

4.3. Os homens apropriavam-se coletivamente dos meios de produção da existência e nesse processo educavam-se e educavam as novas gerações

5. A emergência histórica da separação entre trabalho e educação

5.1. A partir do escravismo antigo passaremos a ter duas modalidades distintas e separadas de educação: uma para a classe proprietária, identificada como a educação dos homens livres, e outra para a classe não proprietária, identificada como a educação dos escravos e serviçais. A primeira, centrada nas atividades intelectuais, na arte da palavra e nos exercícios físicos de caráter lúdico ou militar. E a segunda, assimilada ao próprio processo de trabalho

5.2. Nova forma de educação identificada com a educação propriamente dita, perpetrando-se a separação entre educação e trabalho.

5.3. Processo de institucionalização da educação; surgimento da sociedade de classes; processo de aprofundamento da divisão do trabalho

5.4. Processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora