1. O que é Jornalismo?
1.1. Para os jornalistas, o jornalismo é a realidade.
1.2. O jornalismo relata acontecimentos atuais. É uma história do tempo presente.
1.3. O jornalismo narra a vida cotidiana, conectando acontecimentos isolados à narrativas mais amplas e complexas.
2. Campos Sociais
2.1. Para haver um campo, é preciso existir: um prêmio e um grupo especializado.
2.1.1. ex: notícias e jornalistas.
2.2. Jornalismo é um polo magnético.
2.2.1. Possui dois polos: polo ideológico e polo econômico.
2.3. ETHOS JORNALÍSTICO
2.3.1. Maneira como deve ser e estar no jornalismo.
3. TEORIA DO ESPELHO
3.1. Contexto
3.1.1. A teoria mais antiga a tentar explicar porquê as notícias são como são.
3.1.2. Surgiu com o Jornalismo de Informação e o conceito de Objetividade.
3.2. Teoria
3.2.1. As notícias são um reflexo da sociedade.
3.2.2. O jornalista é um mediador desinteressado, neutro.
3.2.3. O trabalho do jornalista é comunicar os fatos, apenas.
3.3. Contras
3.3.1. A metáfora do espelho não é a mais adequada para representar o jornalismo.
3.3.1.1. Um espelho não é igual a realidade.
3.3.2. Fazemos tudo de forma relativa, não há como noticiar tudo.
3.3.3. O jornalista não é um mero observador.
3.3.3.1. Ele possui uma "bagagem".
3.3.4. O jornalismo é um discurso.
3.3.4.1. E a linguagem não é neutra.
3.4. Objetividade
3.4.1. Um conceito mistificado.
3.4.1.1. A honestidade consiste em aplicar um olhar equilibrado e que contemple todos os pontos de vista.
3.5. Seguindo uma lógica Marxista, a Teoria do Espelho não deveria ser considerada uma teoria científica, devido, principalmente, às suas origens e bases serem fundamentadas em uma prática profissional que criou seus próprios sistemas e regras. Entretanto, o debate sobre a objetividade da informação e como a realidade é retratada pode ser considerado um campo de estudo acadêmico-científico.
4. TEORIA DO GATEKEEPER
4.1. Contexto
4.1.1. Primeira teoria a questionar a objetividade jornalística.
4.1.2. Gatekeeper: Pessoa que toma uma decisão numa sequência de decisões.
4.1.3. Identificação da existência do gates.
4.1.3.1. Perceber em que pontos do processo de produção da notícia as decisões são tomadas e os filtros são acionados.
4.2. Contras
4.2.1. Criticada por privilegiar uma abordagem microssociológica.
4.2.1.1. Deixa de lado fatores macrossociológicos.
4.3. Gatewatching
4.3.1. Teoria revisada no contexto da internet.
4.3.2. Ênfase nas notícias que julga mais importantes.
4.4. Gatekeeping
4.4.1. Exclusão das notícias consideradas menos importantes.
4.5. A teoria esbarra em alguns limites:
4.5.1. A análise da notícia apenas a partir de quem a produz.
4.5.1.1. Esquece que as normas profissionais interferem no processo.
4.5.1.1.1. Desconsidera a estrutura burocrática e a organização.
5. TEORIA ORGANIZACIONAL
5.1. Contexto
5.1.1. Insere o jornalista em seu conceito mais imediato: a organização para o qual ele trabalha.
5.2. Teoria
5.2.1. Jornalismo é négócio, busca o lucro.
5.2.1.1. O fator econômico é um dos condicionantes mais influentes no trabalho jornalístico.
5.2.1.2. Anunciantes têm poder de influenciar as tomadas de decisões.
5.2.2. Controle social nas relações.
5.2.2.1. O que guia o trabalho dos jornalistas não é o público, mas sim o seu grupo de referência.
5.2.2.2. O jornalista se conforma mais com as normas.
5.2.2.3. Autoridade institucional e sanções.
5.2.2.4. Dever e estima para com os superiores.
5.2.2.5. Aspirações de mobilidade.
5.2.2.6. Ausência de grupos de lealdade em conflito.
5.2.2.7. Prazer da atividade.
5.2.2.8. Notícias como valor.
5.3. A Teoria Organizacional pressupõe que as notícias são como são porque as empresas e organizações jornalísticas as determinam dessa forma.
6. TEORIA INSTRUMENTALISTA
6.1. Teoria
6.1.1. Busca identificar distorções de caráter político nas notícias.
6.1.2. A mídia jornalística serve objetivamente a determinados interesses políticos.
6.1.3. O jornalismo é entendido como um instrumento para a difusão de posições políticas.
6.2. Direita
6.2.1. Vê jornalistas como membros de uma classe social específica que defende a atividade reguladora do Estado.
6.2.2. Jornalistas distorceriam as notícias com o objetivo de propagar opiniões anticapitalistas.
6.3. Esquerda
6.3.1. Reforça a visão de mundo da sociedade capitalista.
6.3.2. O conteúdo das notícias é imposto aos jornalistas por seus superiores e condicionado pela estrutura macroeconômica.
6.3.3. O papel dos jornalistas é pouco relevante, eles são executores e coniventes com as elites.
6.4. Esta teoria instrumentalista reforça também a ação pessoal do jornalista, a quem só resta duas opções: contra ou a favor.
7. TEORIAS CONSTRUCIONALISTAS
7.1. PARADIGMA CONSTRUCIONISTA
7.1.1. Construção social da realidade.
7.1.2. Linguagem não é neutra.
7.1.3. Notícias são estórias.
7.1.4. Abordagem etnometodológica.
7.2. TEORIA ESTRUTURALISTA
7.2.1. Abordagem macrossociológica.
7.2.2. As notícias sãoprodutos sociais resultantes de determinados fatores.
7.2.3. Construção da notícia: Processo de tornar um acontecimento inteligível.
7.2.4. Determinismo excessivo.
7.3. HIPÓTESE DE NEWSMAKING
7.3.1. Enfatiza as rotinas produtivas e a cultura profissional jornalística.
7.3.2. Reconhece a existência de nromas profissionais compartilhadas e de propriedades específicas da matéria-prima jornalística.
7.3.3. O processo de produção da notícia é planejado como uma rotina industrial.
7.3.4. Minimiza o peso dos vieses ideológicos e da manipulação deliberada, para reconhecer a influência das rotinas produtivas.
7.3.5. Jornalistas têm dificuldade para explicar o que é notícia.
7.4. TEORIA INTERACIONISTA
7.4.1. Enfatiza a influência das interações entre os agentes sociais envolvidos na construção da notícia.
7.4.2. Destaca a importância do fator tempo nas rotinas produtivas.
7.4.3. Acontecimentos são matéia-prima do jornalismo.
7.4.4. Ordem no espaço-tempo.
7.5. ENQUADRAMENTO
7.5.1. FRAMING.
7.5.2. Os meios de comunicação influenciam COMO pensar.
7.5.3. Através das notícias contruímos grande parte da nossa percepção de mundo.
7.5.4. Processo de seleção e hierarquização da realidade.
7.5.5. Jornalistas usam frames narrativos para explicar a realidade.
7.6. Na Teoria Construcionista a notícia é vista como construção social, ou seja, esta ajuda a construir a própria realidade.
8. AGENDA-SETTING
8.1. Mídia assume o papel de selecionar, organizar e atualizar as informações.
8.2. Os meios de informação influenciam sobre O QUE pensar.
8.3. Propõem uma ordem do dia e uma hierarquia dos fatos.
8.4. A Teoria da Agenda tem como pressuposto a distinção entre a realidade e a realidade construída pelas diversas agendas concorrentes.
8.4.1. O que inicialmente vemos como processo simples de influência entre dois lugares sociais, a mídia e a sociedade, deve ser aprofundado para a compreensão de que o canal midiático ou a agenda midiática é na verdade formada por uma intensa luta pela definição das prioridades do público.
8.5. As notícias veiculadas na imprensa, se não necessariamente determinam o que as pessoas pensam sobre determinado assunto, são bem-sucedidas em fazer com que o público pense e fale sobre um determinado assunto, e não sobre outros.
9. ESPIRAL DO SILÊNCIO
9.1. Os agentes sociais procuram evitar o isolamento.
9.1.1. Observam o meio para constatar as opiniões que prevalecem, adaptando suas opiniões.
9.2. Nessa teoria o importante são as opiniões dominantes, e estas tendem a se refletir nos meios.
9.2.1. O resultado é um processo em espiral que incita os indivíduos a perceberem as mudanças de opinião e a segui-las até que uma opinião se estabeleça como atitude prevalecente, enquanto as outras opiniões são rejeitadas ou evitadas por quase todos.
9.2.1.1. Sobre essa teoria é importante lembrar que existe um isolamento dos indivíduos no silêncio, quando estes têm opiniões diferentes das veiculadas pela mídia.
9.2.2. Se um sujeito percebe que a sua atitude diante de uma controvérsia social é minoritária, tende a omitir sua opinião e, nos casos mais extremos, até mesmo a mudar de atitude, como forma de facilitar a sua integração à comunidade ou grupo.
9.2.2.1. Em última instância, fala mais alto a relutância do desgaste que a defesa de uma opinião minoritária acarretará, e o consequente medo de um potencial isolamento social.
9.2.2.2. Por outro lado, ao perceber-se em maioria, um sujeito que compartilha da opinião dominante tende a sentir-se mais disposto a expressá-la, ampliando o burburinho das atitudes percebidas como majoritárias.
9.2.3. A consequência do fenômeno é o reforço das opiniões percebidas como majoritárias, ao passo em que as alternativas tornam-se cada vez mais distantes, fadadas ao limbo dos temores do insulamento social.
10. ACONTECIMENTO
10.1. Matéria-prima do jornalismo.
10.2. Acontecimento é o fato digno de registro na forma de notícia.
10.3. Fato x Acontecimento
10.3.1. Fato: algo rotineiro. Acontecimento: foge da realidade.
10.4. Meta-acontecimento: acontecimentos provocados pela existência do discurso jornalístico.
10.5. ACONTECIMENTOS
10.5.1. Primeira vida: o acontecimento real.
10.5.2. Segunda vida: o acontecimento jornalístico (notícia).
10.5.3. Previstos.
10.5.4. Imprevistos.
11. JORNALISMO DIGITAL
11.1. 1a geração
11.1.1. Transposição - publicação do conteúdo original na internet, sem nenhum tipo de adaptação.
11.2. 2a geração
11.2.1. Metáfora - sites jornalísticos começam a explorar os recursosda rede, mas ainda seguem o modelo do impresso.
11.3. 3a geração
11.3.1. Webjornalismo - produtos jornalísticos apresentam recursos multimídia, interatividade, personalização e hipertexto.
11.4. 4a geração
11.4.1. Jornalismo de base de dados - utilização de tecnologias de banco de dados associados a sistemas automatizados para a apuração, edição e veiculação de informações.
11.5. 5a geração
11.5.1. Jornalismo em redes digitais - emerge a partir dos dispositivos móveis e de mudanças culturais de leitura.
11.6. Principais características da linguagem do jornalismo digital: hipertextualidade, multimidialidade, interatividade e acessibilidade comunicativa.
11.7. Novos formatos: jornalismo long-form, slow journalism, jornalismo imersivo, jornalismo lúdico (newsgames) e fact-checking.
11.8. 1o eixo
11.8.1. A notícia
11.9. 2o eixo
11.9.1. Condições de trabalho
11.10. 3o eixo
11.10.1. Públicos
11.11. O jornalismo digital representa uma revolução no modelo de produção e distribuição das notícias. O papel (átomos) vai cedendo lugar a impulsos eletrônicos (bits) que podem viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação.
11.11.1. Estes bits podem ser atualizados instantaneamente na tela do computador na forma de textos, gráficos, imagens, animações, áudio e vídeo; recursos multimídia que estão ampliando as possibilidades da mídia impressa.
12. JORNALISMO PARTICIPATIVO
12.1. O jornalismo perde a aura de herói para assumir um papel de operário anônimo do sistema de produção.
12.2. Sistema que não trabalha mais orientado pelo sentido de responsabilidade social, mas para satisfazer os interesses de públicos cada vez mais segmentados.
12.2.1. O jornalista atua como um mobilizador de audiências.
12.3. Ponto positivo: cidadãos comuns e populações sistematicamente silenciadas alcancem visibilidade, levando sua pauta ao debate pública.
12.3.1. Ponto negativo: Esse cenário provoca questionamentos quanto à autoridade do jornalismo.
12.4. Promove uma abertura entre a mídia e os cidadãos.
12.4.1. Quando a participação do consumidor é estimulada pelos veículos de comunicação, que tiram proveito das informações fornecidas pelo público, temos o chamado jornalismo colaborativo.
13. JORNALISMO COMO FORMA DE CONHECIMENTO
13.1. Conhecimento
13.1.1. Todo conhecimento parte da realidade. Quando "encaixamos" essa realidade em nossos mapas mentais, em nossa vivências particulares, construímos uma segunda realidade = um tipo de conhecimento.
13.1.2. Tipos de conhecimento: senso comum, ciência e jornalismo.
13.2. Pirâmide invertida
13.2.1. A notícia vai do mais importante para o menos importante.
13.2.2. A notícia vai do singular (aquilo que é único) ao particular (contexto).
13.3. Tudo o que nos permite o aprendizado é uma forma de conhecimento, e transmitir o que aprendemos também é uma forma de conhecimento.
13.3.1. O ato de conhecer seria necessariamente o ato de perguntar e responder à pergunta, e isso é feito todo o tempo pelos jornalistas.
14. JORNALISMO DE RESISTÊNCIA
14.1. Aplicação prática de preceitos ligados à função social da profissão, resistindo à concepção mercadológica de jornalismo.
14.1.1. Faz autocrítica antes e depois.
14.1.2. Busca sempre o elemento novo.
14.1.3. Trabalha com a objetividade.
14.1.4. Enxerga a matéria sob a ótica do serviço que ela presta à comunidade.
14.1.5. Utiliza a linguagem com sutileza e precisão.
14.1.6. Pauta suas entrevistas com perguntas que privilegiam as demandas da comunidade.
14.1.7. Negocia constantemente com seus pares e chefes.
14.1.8. Propõe pautas relacionadas a uma agenda positiva para as questões sociais.
14.1.9. Não é mais um observador neutro.