
1. Para um estudo ser considerado científico, ele precisa:
1.1. 1º discutir ideias e fatos relevantes relacionados a determinado assunto, a partir de um marco teórico bem-fundamentado; 2º o assunto tratado é reconhecível e claro, tanto para o autor quanto para os leitores; 3º tem alguma utilidade, seja para a ciência, seja para a comunidade; 4º demonstra, por parte do autor, o domínio do assunto escolhido e a capacidade de sistematização, recriação e crítica do material coletado;
1.1.1. 5º diz algo que ainda não foi dito; 6º indica com clareza os procedimentos utilizados, especialmente as hipóteses (que devem ser específicas, plausíveis, relacionadas com uma teoria e conter referências empíricas) com que trabalhamos na pesquisa; 7º fornece elementos que permitam verificar, para aceitar ou contestar, as conclusões a que chegou; 8º documenta com rigor os dados fornecidos, de modo a permitir a clara identificação das fontes utilizadas; 9º a comunicação dos dados é organizada de modo lógico, seja dedutiva, seja indutivamente; 10º é redigido de modo gramaticalmente correto, estilisticamente agradável, fraseologicamente claro e terminologicamente preciso.
2. Existem vários tipos de pesquisa, dos quais, casa tipo possui, além do núcleo comum de procedimentos, suas peculiaridades próprias.
2.1. Para Demo (2000), a pesquisa pode ser: 1º teórica, dedicada a estudar teorias; 2º metodológica, que se ocupa dos modos de se fazer ciência; 3º empírica, dedicada a codificar a face mensurável da realidade social; 4º prática ou pesquisa-ação, voltada para intervir na realidade social.
2.1.1. Já para Andrade (1997), elas podem ser: 1º observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções, mutações e variações, dados ecológicos etc.; 2º trabalhos experimentais, que submetem o fenômeno estudado às condições controladas da experiência, abrangendo os mais variados campos; 3ºtrabalhos teóricos, de análise ou síntese de deconhecimentos, levando à produção de conceitos novos, por via indutiva ou dedutiva, apresentação de hipóteses, teorias etc.
2.1.1.1. Dito isso, é necessário acrescentar que nenhum tipo de pesquisa é autossuficiente.
3. a) Etapas da pesquisa bibliográfica: 1º escolha do tema; 2º levantamento bibliográfico preliminar; 3º formulação do problema; 4º elaboração do plano provisório do assunto; 5º busca das fontes; 6º leitura do material; 7º fichamento; 8º organização lógica do assunto; 9º redação do texto.
3.1. Os dados bibliográficos são registrados em fichas documentais ou em arquivos (pastas) na memória do computador, distinguindo-se os mais significativos. Em seguida, o pesquisador organiza a redação provisória do trabalho, colocando em ordem os dados obtidos, a partir da preparação de um pré-sumário.
3.1.1. Atenção para não confundir Pesquisa Bibliográfica com Pesquisa documental: Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de vários autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental baseia-se em materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.
4. b) Pesquisa documental: Os documentos são classificados em dois tipos principais: fontes de primeira mão e fontes de segunda mão.
4.1. Entendemos por documento qualquer registro que possa ser usado como fonte de informação, por meio de investigação, que engloba: observação, leitura, reflexão e crítica.
4.1.1. Avaliação crítica do texto de autenticidade e origem: 1º Crítica do Texto, 2º Crítica da autenticidade, 3º Crítica da origem.
4.1.1.1. Locais de pesquisa: -Arquivos públicos (municipais, estaduais e nacionais), -Documentos oficiais: anuários, editoriais, ordens régias, leis, atas, relatórios, ofícios, correspondências, panfletos etc.; -Documentos jurídicos: testamentos post mortem, inventários e todos os materiais oriundos de cartórios; -Coleções particulares: ofícios, correspondências, autobiografias, memórias etc. -Materiais cartográficos: mapas, plantas etc.; -Arquivos particulares (instituições privadas ou domicílios particulares); -Documentos eclesiásticos, financeiros, empresariais, trabalhistas, educacionais, memórias, fotografias, diários, autobiografias etc.
5. Existem outros tipos de pesquisas: experimental, levantamento (survey), pesquisa de campo, estudo de caso, ex-post-facto e pesquisa-ação.
6. Para Demo (2000, p. 20),“Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento.”
6.1. Nem toda pesquisa é científica, pois muito do que fazemos é somente um compilado ou cópia de informações desordenadas ou opiniões várias sobre determinado assunto.
6.1.1. Sendo assim, pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, as quais têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.
6.1.1.1. somente sua firme determinação de fazer o bem, sua integridade de caráter e seu rigor científico não são o suficiente para assegurar a eticidade de suas pesquisas. Atualmente, com o advento de novas tecnologias no campo da ciência geral, através da internet, assim como a ampliação dos movimentos sociais em defesa dos direitos individuais e coletivos, fizeram com que a discussão sobre a ética aplicada à pesquisa passasse a ter como interlocutores frequentes filósofos, teólogos, juristas, sociólogos e, sobretudo, os cidadãos, seja como usuários de sistemas sociais, de saúde etc., seja como sujeitos, objetos de pesquisas científicas (PALÁCIOS et al., 2002).
6.1.1.2. Ética: indica que o estudo em questão deve ser feito de modo a procurar sistematicamente o conhecimento, por observação, identificação, descrição, investigação experimental, produzindo resultados reprodutíveis, realizado de forma moralmente correta.
6.1.1.2.1. Príncipios éticos: honestidade intelectual. A apropriação de terceiros é antiético e qualificado como crime de violação do direito autoral pela lei brasileira, assim como a legislação de outros países. O pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, com autonomia e com respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes bibliográficas utilizadas no estudo. É considerado plágio a reprodução integral de um texto, sem a autorização do autor e seguir as ordem da ABNT
7. A pesquisa deve ser sistemática, metódica e crítica. O produto da pesquisa científica deve contribuir para o avanço do conhecimento humano.
8. A pesquisa tem como finalidade "resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos" (BARROS; LEHFELD, 2000a, p.14), e a partir de interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las.
8.1. Ela sempre parte de um problema, de uma dúvida, do qual, o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, são levantadas hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas pela pesquisa. Podendo gerar insumos para o surgimento de novas teorias, que, para serem validadas, devem se apoiar em fatos observados e provados.
8.1.1. Consultar livros e revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fazendo perguntar para obter respostas, são formas de pesquisa, considerada como sinônimo de busca, de investigação e indagação.
8.2. O processo pode ser desencadeado por uma dificuldade, sentida na prática profissional, por um fato para o qual não conseguimos explicação, pela consciência de que conhecimento mal alguma situação ou, ainda, pelo interesse em criarmos condições de prever a ocorrência de determinados fenômenos.
9. Pesquisar também é planejar. É antever toda a série de passos que devem ser dados para chegarmos a uma resposta segura sobre a questão que deu origem à pesquisa. Tempo disponível para a sua realização, espaço onde será realizado, recursos materiais necessários e recursos humanos disponíveis.
10. A resolução CNS 196 (1996) é considerada uma recomendação ética e não uma lei. Entretanto, os periódicos e os eventos científicos, nacionais e internacionais, têm solicitado a comprovação de que o trabalho foi aprovado previamente por um Comitê de Ética em Pesquisa.
10.1. A CNS 196 define Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) como: [...] colegiados interdisciplinares e independentes, com ‘múnus público’, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criado para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos. Seu objetivo maior é preservar a integridade dos sujeitos, objeto da pesquisa científica, bem como apreciar previamente os projetos de pesquisa.
10.1.1. O pesquisador deve enviar para o CEP de sua instituição um documento denominado pela CNS 196 (1996) protocolo de pesquisa, para sua análise, o CEP utilizará as informações fornecidas pelo pesquisador, através do protocolo de pesquisa. Entre os aspectos avaliados pelo comitê, devemos citar a ponderação dos riscos e dos benefícios que pode estar contemplada na introdução do projeto, ou o pesquisador pode abrir um capítulo especial para tratar dessa questão. A competência do pesquisador para conduzir a pesquisa também faz parte da avaliação do CEP e é comprovada através do currículo do pesquisador ou dos pesquisadores, se for o caso, envolvido(s) na pesquisa.
10.1.1.1. O consentimento livre e esclarecido do participante é uma exigência não só do Brasil, mas de todos os códigos internacionais e é, sem dúvida, um dos pilares da ética nas pesquisas científicas.
11. Sequência de fases:
11.1. 1º Preparação da pesquisa: seleção, definição delimitação do tópico ou problema a ser investigado; planejamento de aspectos logísticos para a realização da pesquisa; formulação de hipóteses e construção de variáveis;
11.1.1. 2º Trabalho de campo (coleta de dados);
11.1.1.1. 3º Processamento dos dados (sistematização e classificação dos dados);
11.1.1.1.1. 4º Análise e interpretação dos dados;