CULTURA

1. Clifford Geertz

1.1. Propõe uma abordagem interpretativa da cultura, definindo-a como "teias de significados" inspirada em uma perspectiva semiótica e hermenêutica. Ele argumenta que a cultura é essencialmente simbólica e que seu principal objetivo é apreender os significados que tornam inteligíveis e informam as ações dos sujeitos.

1.1.1. Para Geertz, a cultura é um contexto dentro do qual a vida social pode ser descrita com densidade e profundidade, destacando a importância dos significados e símbolos na compreensão da vida humana e social.

2. Marshall Sahlins

2.1. Adota uma perspectiva neoevolucionista, acreditando que a cultura avança à medida que as relações de produção e a produção de excedente se desenvolvem por meio do avanço tecnológico

3. Leslie White

3.1. Propôs que a evolução cultural é determinada pelo montante de energia per capita aproveitada anualmente.

3.2. Ele argumenta que a evolução da cultura decorre da atividade de trabalho moldada pela tecnologia, onde todas as instituições sociais são organizadas para contribuir com a eficiência com a qual o sistema utiliza a energia disponível.

3.3. White via a tecnologia e a forma como a sociedade utiliza a energia como fatores-chave no desenvolvimento cultura.

4. Adam Kuper

4.1. Aborda a questão da cultura sob uma perspectiva que enfatiza a busca por semelhanças entre as diversas sociedades, em contraste com uma abordagem que ressalta as diferenças radicais entre os povos.

4.2. Ele argumenta que a teoria da cultura muitas vezes desvia a atenção do que as sociedades têm em comum, em vez de promover a comunicação e o entendimento para além das fronteiras nacionais, étnicas e religiosas.

4.3. Defende a ideia de que é importante reconhecer e valorizar as semelhanças entre as culturas como um meio de promover o diálogo e a compreensão mútua, em vez de reforçar as diferenças que podem levar à segregação e ao isolamento cultural.

4.3.1. Destaca a importância de buscar pontos de conexão e comunicação entre as culturas, em vez de enfatizar apenas as disparidades e contrastes.

5. Norbert Elias

5.1. Cultura Erudita vs. Cultura Popular Cultura de Grupos Sociais Específicos Cultura de Nações e Regiões Cultura de Civilizações

6. Na Grécia antiga, o termo cultura tinha duas significações principais:

6.1. Como sinônimo de educação, representada pela paidéia, que refletia a cultura da aristocracia grega, em contraste com a cultura do povo comum.

6.2. Como sinônimo de cultivo da terra, associado ao trabalho do povo que cultivava o solo.

7. Roberto da Matta

7.1. A cultura é entendida como sinônimo de educação, civilidade e bons modos.

7.2. Referir-se a alguém como tendo ou não cultura opera como um mecanismo de classificação social e de estigma.

8. Franz Boas

8.1. Vê a cultura como uma particularidade, totalidade integrada e harmônica que promove a coesão social.

8.1.1. Os comportamentos individuais são moldados de acordo com a cultura.

8.1.2. Destaca a importância da difusão cultural na transformação das sociedade, em contraposição às teorias evolucionistas do final do século XIX.

9. Tradição Romântica Alemã

9.1. Propõe o conceito de cultura como Kultur, em contraposição à visão mais ampla de cultura como civilização. Kultur refere-se ao espírito (Geist) que está associado à tradição e aos valores nacionais idiossincráticos.

9.2. Essa concepção se opõe às forças do progresso, destacando os valores espirituais em contraste com o materialismo, valorizando as artes e os trabalhos manuais em oposição à ciência e à tecnologia.

10. Os estudos de Lewis Henry Morgan, Edward Burnett Tylor e James George Frazer, realizados nos Estados Unidos e na Inglaterra, destacaram a cultura como sinônimo de civilização.

10.1. Eles propuseram uma perspectiva evolucionista e unilinear da história da humanidade, dividida em estágios de selvageria, barbárie e civilização.

10.2. Essa visão da cultura como civilização tinha uma conotação universal, etnocêntrica e refletia um projeto político colonialista, em sintonia com o contexto intelectual e político europeu do final do século XIX.

11. Alfred Kroeber

11.1. Desconstrói o argumento evolucionista, separando raça e cultura e destacando as diferenças entre o plano orgânico (características físicas e mentais) e o plano social.

11.2. A evolução orgânica ( inato) difere da evolução social (cultural), pois são dois planos distintos e independentes que se desenvolvem a partir de lógicas próprias.

11.3. Argumenta que a evolução cultural não é determinada por fatores hereditários.

12. Margaret Mead

12.1. Enfatiza a particularidade e o relativismo cultural, explora hipótese de que as diferenças entre os sexos não são determinadas biologicamente, mas sim construídas culturalmente.

12.2. Mead e Ruth Benedict introduziram o conceito de conduta desviante, questionando as noções de "normal" e "anormal" como construções culturais. Elas destacaram que a conduta desviante surge quando o comportamento individual não se ajusta aos padrões culturais estabelecidos pelas instituições sociais.

13. Ruth Benedict

13.1. Enfatiza a importâncancia dos padrões culturais na formação do compatamento individual.

13.2. Em cada sociedade existem padrões culturais que a própria sociedade seleciona de acordo com os seus objetivos de integração social e que são reforçados e alargados pelas suas instituições. A conduta desviante que não se enquadra no padrão estabelecido socialmente é reprimida pelas instituições da sociedade.