1. Da vida com um grande aprendizado
1.1. “Não há nada mais inteligente do que perguntar. Perguntas são, no mínimo, a expressão do desejo de avançar continuamente no conhecimento sobre o mundo e as pessoas até o final de nossas vidas. Quanto mais se vive, mas se aprende, desde que haja abertura para isso.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p.
1.2. Abrir-se à escuta do outro:
1.2.1. “Fazer perguntas pode revelar também um interesse por nossos semelhantes – pelo que o outro pensa, sente e é. Assim, o gosto pela indagação costuma vir aliado ao gosto pela escuta, pois apenas quando nos dispomos a escutar, dando a devida atenção ao que o outro questiona ou propõe, é que nos abrimos verdadeiramente para uma troca de percepções e reflexões e para o aprendizado.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
1.3. O compartilhamento de opiniões como abertura de horizontes
1.3.1. “[...] podemos descobrir que a outra pessoa – que observa o mundo a partir de uma perspectiva diferente da nossa – percebeu coisas que não tínhamos percebido ainda, notou problemas nos quais não havíamos pensado e vice-versa. Isso amplia nossa maneira de ver as coisas e a nós mesmos – nossos horizontes --, alargando também nossas possibilidades de escolha para a construção – individual e coletiva – de uma vida mais justa, sábia, generosa e feliz.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
2. Da indagação como condição essencial para a filosofia
2.1. “[...] a filosofia é uma atividade profundamente vinculada à dúvida e às perguntas. Portanto, para aprender a filosofar, é fundamental adotar uma atitude indagadora.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
3. A filosofia como ampliação de horizontes
3.1. “[...]a filosofia busca essa ampliação da paisagem e seus horizontes: cada resposta (cada paisagem e horizonte conquistados) gera um novo terreno para dúvidas e perguntas (uma nova paisagem, com mais um horizonte a ser explorado).” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
4. O amadurecimento enquanto cerramento de horizontes
4.1. “Às vezes, as crianças dão uma reviravolta nas questões que abordam, fazendo perguntas insistentes e até geniais, verdadeira tortura para os adultos, que se veem obrigados a parar e pensar sobre as coisas. Com o passar dos anos, porém, a vida vai deixando de ser novidade: elas mergulham no cotidiano das respostas prontas e ‘acabadas’ e, de modo geral, esquecem aquelas questões para as quais nunca conseguiram explicações.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 40)
4.2. A “postura infantil” como atitude filosófica:
4.2.1. “A atitude filosófica constitui, portanto, uma espécie de retorno a essa primeira infância, a essa maneira de ver, escutar e sentir as coisas. É certo começar de novo na compreensão do mundo por meio da dúvida e de sucessivas interrogações.”, (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 40)
5. A crise como abertura para a indagação
5.1. “Há momentos em que o ‘repertório’ que uma pessoa tem não serve para enfrentar determinada situação: não é completamente satisfatório, amplo, renovador ou ‘criativo’. É então que surge a quebra, o estranhamento em relação ao fluxo normal do cotidiano. Trata-se de uma oportunidade para começar a pensar na vida de uma maneira filosófica, isto é, para começar a indagar e duvidar.”, (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 40)
6. A dúvida filosófica como urgência de explicação
6.1. “A dúvida filosófica propriamente dita surge de uma necessidade inquietante de explicação racional para algo da existência humana que se tornou incompreensível ou cuja compreensão existente não satisfaz.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 40)
7. A suspensão de nossos pré-conceitos
7.1. “Para que serve suspender temporariamente os juízos? Para escapar dos limites impostos por nossos preconceitos e permitir que outras percepções e reflexões afluam à nossa mente. Novamente aqui a disposição para escutar revela-se muito importante, pois é somente dessa forma que nos abrimos à possibilidade de reunir um número maior de antecedentes ou conhecimentos fundamentais sobre o assunto que estamos investigando.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 41)
8. A dúvida como a síntese da experiência filosófica:
8.1. “[...] o ato de duvidar nos abre, com frequência, a possibilidade de desenvolver uma percepção mais profunda, clara e abrangente sobre diversos elementos que compõem a nossa existência.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 35)
9. Da pouca frequência da dúvida:
9.1. “Por que será, então, que as pessoas tendem a expressar poucas dúvidas, a fazer tão poucas perguntas umas às outras em seu dia a dia?” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 35)
9.2. Do medo de expressar dúvidas:
9.2.1. “Quando uma professora ou um professor pergunta à classe se alguém tem dúvida sobre o que acabou de expor, qual é a reação mais comum? Silêncio ou algumas perguntas tímidas. A maioria tem alguém dúvida – ou muitas dúvidas --, mas não ousa expressá-la.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
9.2.2. Dificuldade e medo da expressão como entrave à demonstração:
9.2.2.1. “Uma explicação pode estar na dificuldade de expressão, isto é, na dificuldade de encontrar as palavras certas para expressar a dúvida que se tem, o que é muito comum. Outra razão possível seria que grande parte das pessoas não ousa expressar sua dúvida por medo de falar em público.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
9.2.3. Do medo de se parecer tolo:
9.2.3.1. “[...] muita gente acredita, mesmo sem estar consciente disso, que ter dúvidas e perguntar é expor uma fragilidade, um sinal de dificuldade intelectual ou de falta de ‘conhecimentos’. Como nossa cultura valoriza muito a inteligência e a informação (ou, pelo menos, o parecer inteligente e bem informado sobre tudo), poucos se arriscam a ser interpretados como tolos, ignorantes ou confusos ao fazer uma simples pergunta.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
9.3. Da conversa enquanto disputa:
9.3.1. “[...] a conversação entre as pessoas costuma ser, com frequência, uma sucessão de monólogos ou de enfrentamentos, em que cada um dos interlocutores está mais preocupado em dar o contra ou exibir seus ‘conhecimentos’, suas certezas, do que em entender o outro ou aprender com ele ou junto com ele. Em resumo, o que está em jogo é mais o amor-próprio, a vaidade pessoal do que a aprendizagem. E, quando não entram nessa disputa, as pessoas optam pelo silêncio.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)