
1. A dúvida como a síntese da experiência filosófica:
1.1. “[...] o ato de duvidar nos abre, com frequência, a possibilidade de desenvolver uma percepção mais profunda, clara e abrangente sobre diversos elementos que compõem a nossa existência.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 35)
2. Da pouca frequência da dúvida:
2.1. “Por que será, então, que as pessoas tendem a expressar poucas dúvidas, a fazer tão poucas perguntas umas às outras em seu dia a dia?” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 35)
2.2. Do medo de expressar dúvidas:
2.2.1. “Quando uma professora ou um professor pergunta à classe se alguém tem dúvida sobre o que acabou de expor, qual é a reação mais comum? Silêncio ou algumas perguntas tímidas. A maioria tem alguém dúvida – ou muitas dúvidas --, mas não ousa expressá-la.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
2.2.2. Dificuldade e medo da expressão como entrave à demonstração:
2.2.2.1. “Uma explicação pode estar na dificuldade de expressão, isto é, na dificuldade de encontrar as palavras certas para expressar a dúvida que se tem, o que é muito comum. Outra razão possível seria que grande parte das pessoas não ousa expressar sua dúvida por medo de falar em público.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
2.2.3. Do medo de se parecer tolo:
2.2.3.1. “[...] muita gente acredita, mesmo sem estar consciente disso, que ter dúvidas e perguntar é expor uma fragilidade, um sinal de dificuldade intelectual ou de falta de ‘conhecimentos’. Como nossa cultura valoriza muito a inteligência e a informação (ou, pelo menos, o parecer inteligente e bem informado sobre tudo), poucos se arriscam a ser interpretados como tolos, ignorantes ou confusos ao fazer uma simples pergunta.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
2.3. Da conversa enquanto disputa:
2.3.1. “[...] a conversação entre as pessoas costuma ser, com frequência, uma sucessão de monólogos ou de enfrentamentos, em que cada um dos interlocutores está mais preocupado em dar o contra ou exibir seus ‘conhecimentos’, suas certezas, do que em entender o outro ou aprender com ele ou junto com ele. Em resumo, o que está em jogo é mais o amor-próprio, a vaidade pessoal do que a aprendizagem. E, quando não entram nessa disputa, as pessoas optam pelo silêncio.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 38)
3. Da vida com um grande aprendizado
3.1. “Não há nada mais inteligente do que perguntar. Perguntas são, no mínimo, a expressão do desejo de avançar continuamente no conhecimento sobre o mundo e as pessoas até o final de nossas vidas. Quanto mais se vive, mas se aprende, desde que haja abertura para isso.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p.
3.2. Abrir-se à escuta do outro:
3.2.1. “Fazer perguntas pode revelar também um interesse por nossos semelhantes – pelo que o outro pensa, sente e é. Assim, o gosto pela indagação costuma vir aliado ao gosto pela escuta, pois apenas quando nos dispomos a escutar, dando a devida atenção ao que o outro questiona ou propõe, é que nos abrimos verdadeiramente para uma troca de percepções e reflexões e para o aprendizado.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
3.3. O compartilhamento de opiniões como abertura de horizontes
3.3.1. “[...] podemos descobrir que a outra pessoa – que observa o mundo a partir de uma perspectiva diferente da nossa – percebeu coisas que não tínhamos percebido ainda, notou problemas nos quais não havíamos pensado e vice-versa. Isso amplia nossa maneira de ver as coisas e a nós mesmos – nossos horizontes --, alargando também nossas possibilidades de escolha para a construção – individual e coletiva – de uma vida mais justa, sábia, generosa e feliz.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
4. Da indagação como condição essencial para a filosofia
4.1. “[...] a filosofia é uma atividade profundamente vinculada à dúvida e às perguntas. Portanto, para aprender a filosofar, é fundamental adotar uma atitude indagadora.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
5. A filosofia como ampliação de horizontes
5.1. “[...]a filosofia busca essa ampliação da paisagem e seus horizontes: cada resposta (cada paisagem e horizonte conquistados) gera um novo terreno para dúvidas e perguntas (uma nova paisagem, com mais um horizonte a ser explorado).” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 39)
6. O amadurecimento enquanto cerramento de horizontes
6.1. “Às vezes, as crianças dão uma reviravolta nas questões que abordam, fazendo perguntas insistentes e até geniais, verdadeira tortura para os adultos, que se veem obrigados a parar e pensar sobre as coisas. Com o passar dos anos, porém, a vida vai deixando de ser novidade: elas mergulham no cotidiano das respostas prontas e ‘acabadas’ e, de modo geral, esquecem aquelas questões para as quais nunca conseguiram explicações.” (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 40)
6.2. A “postura infantil” como atitude filosófica:
6.2.1. “A atitude filosófica constitui, portanto, uma espécie de retorno a essa primeira infância, a essa maneira de ver, escutar e sentir as coisas. É certo começar de novo na compreensão do mundo por meio da dúvida e de sucessivas interrogações.”, (COTRIM; FERNANDES: 2014, p. 40)