1. Por uma abordagem enunciativo-discursiva:
1.1. Bakhtin considera a linguagem como atividade, instituída em um processo concreto em que o signo se instaura ideológico e dialogicamente.
1.1.1. O signo somente existe em circulação.
1.2. O enunciado configura-se como um elo numa cadeia complexa de outros enunciados, ou seja, está repleto de ecos de outros enunciados, respondendo a algo e antecipando um discurso-resposta não-dito, mas solicitado no direcionamento a um interlocutor (real ou virtual).
1.2.1. O enunciado é, por conseguinte, um signo ideológico, dialógico, único, irrepetível e instaura-se diferentemente em cada interação.
2. A enunciação organiza-se no meio social que envolve o indivíduo, nas relações dialógicas que se instauram.
3. Plurilingüismo e vozes discursivas:
3.1. O plurilinguismo segundo Bakhtin é o próprio dialogismo incorporado no discurso.
3.1.1. O plurilinguismo dialogizado pressupõe uma variedade de línguas/linguagens.
3.2. O plurilinguismo não se restringe à diversidade de “línguas nacionais”, mas sim preserva a diversidade de vozes discursivas.
3.2.1. "Essa característica da linguagem de ser “plural” rompe com a hegemonia de qualquer “linguagem única da verdade” ou da “língua oficial” em dada sociedade. É uma dimensão que rejeita a “ossificação e a estagnação do pensamento” (CLARK & HOLQUIST, 1998 [1984], p. 49)."
4. O pluralismo linguístico, também chamado de heteroglossia e de plurilinguismo, em especial o plurilinguismo dialogizado, que “é o verdadeiro meio da enunciação” (BAKHTIN, 1998 [1934-1935], p. 82).
5. É, nesse caminho, que todas as linguagens do plurilingüismo, qualquer que seja o princípio de sua estratificação, “podem ser confrontadas, podem servir de complemento mútuo entre si, oporem-se umas às outras e se corresponder dialogicamente” (BAKHTIN, 1998 [1934-1335], p. 99).
6. "Entendemos mais facilmente o enunciado como unidade real - não uma convenção - da comunicação verbal, uma unidade complexa de observação da língua em situação concreta." (BAKHTIN, 1992 [1952- 1953], 1992 [1959-1961]).
7. Dialogismo e relações de sentido:
7.1. Surgimento da metalinguística.
7.1.1. A linguagem não é mais vista como algo exclusivamente estudado pela linguística.
7.2. O sujeito e os sentidos constroem-se discursivamente nas interações verbais na relação com o outro.
7.2.1. A linguagem passa a ser vista como algo construído através de enunciados.
8. A linguagem como atividade responsiva: observando uma situação concreta:
8.1. Neste capítulo. vemos em ação todo o pensamento construído anteriormente.
8.2. A partir da análise precedente, podemos perceber que o sujeito no dia-adia assume diversos lugares enunciativos, dependendo das exigências dos processos interlocutivos (patroa, empregada, reclamante, reclamada, advogado, juiz). Com isso, entra em contato com línguas diferentes, sistemas enunciativos diferentes, gêneros discursivos diferentes.
8.2.1. As linguagens observadas no caso em foco - citado pelo capítulo- tocam-se dialogicamente de diferentes formas, instituindo diversas relações de sentidos como presume o princípio dialógico.