Espaço-tempo da educação infantil

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Espaço-tempo da educação infantil por Mind Map: Espaço-tempo da educação infantil

1. FORA DA INSTITUIÇÃO

1.1. rotina

1.1.1. Na creche, a distribuição dos tempos é denominada “rotina”, estruturando, distribuindo, organizando, classificando e significando. Desde o momento de chegada, [...] não havia liberdade de movimentação das crianças nos espaços disponíveis. Na creche pesquisada, percebi relativa contenção das crianças, embora não explícita, que condiciona a chegada das crianças à sua permanência em um lugar onde se colocam em postura de espera, até o início das atividades do dia (por exemplo).

1.2. fila

1.2.1. É fila para tudo. Às vezes, não teria a menor necessidade. Fila para sair da sala, fila para ir ao parquinho, fila para ser atendida pelas enfermeiras do posto de saúde. É sutil e quase automática, como se professoras e crianças já tivessem incorporado a normalidade dessa forma de organização. [...] Segundo Foucault (1991, p. 138), essas maneiras de ordenamento temporal e espacial das crianças instauram um tipo de relação que, na perspectiva da disciplina, produz um controle das ações, passando a estabelecer um conjunto de obrigações e um ritmo coletivo de respostas que as crianças devem aprender e reconhecer.

1.3. combinados

1.3.1. O combinado se torna uma exposição e explicitação do comportamento que as crianças deverão assumir em determinadas situações ou diante de alguma pessoa, principalmente se esta ocupar um lugar social de importância.

2. QUESTIONAMENTOS

2.1. as crianças precisam gastar energia?

2.1.1. Entre uma atividade e outra, um período e outro, as crianças devem ir para o pátio para “gastar energia”. A pergunta que fica é: por qual motivo?

2.2. envolvimento corporal

2.2.1. Algumas professoras não se envolvem muito com as crianças, pouco as tocam e pouco se deixam tocar. [...] O toque é complexo e traz dificuldades e angústia para as professoras e as relações. Quando acontece de forma instrumental, torna-se natural e constitui tarefa corriqueira: toco o outro para limpar, alimentar, ensinar, proteger, ajudar ou, mesmo, obrigar e constranger. Mas o que fazer com corpos que pedem e oferecem afeto? O que fazer com os próprios desejos e necessidades de afeto? Como se aproximar de corpos sexuados? Como lidar com as próprias sexualidades? Que conhecimentos e sentimentos os corpos nos permitem ou nos escondem? [...] Em raros momentos observei uma atividade proposta pela professora no parquinho que constituísse um envolvimento e um desdobramento duradouro. São pequenas aproximações, seguidas de novos afastamentos.

2.3. questões de gênero e outras diferenças

2.3.1. Questões de gênero circulam nas brincadeiras. Pedem intervenções e mediações, exigem a reconstrução das relações. Mesmo que as professoras não reforcem uma separação entre as crianças, formam-se grupos de meninos ou de meninas. [...] Ainda que não tenham intenção, as professoras acabam reforçando um tipo de divisão entre meninos e meninas no momento de organizar os grupos, as equipes e os times. Na maioria das vezes, divide-se a turma dos meninos contra a das meninas. Não é que isso não possa, às vezes, acontecer, mas é necessário tomar cuidado para não se tornar a estrutura de separação dos grupos, que desde cedo vão aprendendo que não devem ficar juntos, quando é exatamente o contrário que acontece quando estão brincando. Também, não é comum a discriminação entre crianças brancas e negras no cotidiano da creche. Contudo, observei que isso acontece nas formas mais sutis: nas maneiras de valorizar a beleza das crianças ou na proximidade maior de crianças mais “bonitinhas”, “limpas” e “fofinhas”. Não é coincidência o fato de uma criança que, de forma visível se diferencia das outras pela sua pele branca, seu cabelo liso, sua aparência “limpa e saudável”.

3. DENTRO DA INSTITUIÇÃO

3.1. corredor de entrada

3.1.1. Traz trabalhos das crianças, cartazes com imagens genéricas da infância, retratos de momentos da creche e seus atores anunciam uma história vivida, expressam relações e concepções.

3.2. sala

3.2.1. Existem dois tipos de salas: a sala da administração e coordenação, que fica no meio do caminho das salas para o refeitório, a cozinha e banheiros (para ela todos os corredores convergem ou dela todos bifurcam. Da janela observa-se o pátio e se dá um sentido total da vigilância do olhar). E as salas das crianças, que às vezes, são referidas como “salas de aula”; outras, apenas como salas, ou “salinhas” (nas paredes desses ambientes, as identidades das crianças: enfeites com desenhos, retratos e nomes pregados ou dependurados. Em todas podem ser encontrados os meses do ano, letras coloridas, números, bichos, etc).

3.3. corredores

3.3.1. Os corredores internos não são lugares onde as crianças devem permanecer. Mas são passagens obrigatórias. Conduzem para dentro antes que se possa sair para os espaços externos. De uma forma ou de outra, as crianças devem andar em filas e sem correr. Músicas, na maioria das vezes, são cantadas

3.4. banheiros

3.4.1. A sala do Maternalzinho tem seu próprio banheiro constituindo parte integrada nas relações de cuidado e higiene das crianças. As demais crianças têm seu banheiro, “de meninos” e “de meninas”, no corredor, que desemboca no refeitório.

3.5. cozinhas

3.5.1. A cozinha é um local que as crianças não devem frequentar, como reforçam as coordenadoras e as professoras, por motivos de cuidado e de higiene.

3.6. refeitório

3.6.1. É um lugar de silêncio: silêncio para comer, para ver a televisão e para brincar. Não é lugar de movimento, e as relações são delimitadas pelas mesas, pelo controle das professoras e pela impropriedade do lugar, que é pouco aconchegante.

3.7. parquinho

3.7.1. O pátio externo (externo ao prédio, mas delimitado no interior da instituição) é chamado de Parquinho. Nele há brinquedos de ferro tipo escorregador, zanga-burrinho, balanços e brinquedos giratórios.