
1. Etiologia
1.1. É uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas.
1.1.1. Fatores genéticos
1.1.1.1. Tem uma forte associação com um marcador genético chamado antígeno leucocitário humano B27 (HLA-B27)
1.1.1.1.1. A presença do HLA-B27 aumenta o risco de desenvolver a doença.
1.1.2. Fatores ambientais
1.1.2.1. Infecções bacterianas ou virais, especialmente infecções gastrointestinais por certas bactérias, podem desencadear ou contribuir para o desenvolvimento da doença em pessoas geneticamente predispostas.
1.1.3. Disfunção do sistema imunológico
1.1.3.1. Doença autoimune, na qual o sistema imunológico ataca erroneamente o tecido saudável, causando inflamação crônica
1.1.4. Inflamação das enteses
1.1.4.1. São os locais de inserção dos tendões e ligamentos nos ossos, é uma característica distintiva da EA.
1.1.4.1.1. A inflamação nas enteses pode levar à formação de ossificação e eventual anquilose das articulações afetadas.
1.1.5. Fatores biomecânicos
1.1.5.1. Trauma repetitivo ou estresse mecânico nas articulações, podem desempenhar um papel na patogênese da doença, especialmente em pessoas predispostas geneticamente.
2. Fisiopatologia
2.1. Predisposição genética
2.1.1. Tem forte associação com o antígeno leucocitário humano B27 (HLA-B27), um marcador genético presente em mais de 90% dos pacientes.
2.2. Início da inflamação
2.2.1. Infecções bacterianas ou virais, possam desencadear a resposta imunológica em indivíduos geneticamente predispostos.
2.2.1.1. A inflamação inicial ocorre nas enteses, os locais de inserção dos tendões e ligamentos nos ossos, especialmente nas articulações sacroilíacas.
2.3. Resposta imune inadequada
2.3.1. Em pessoas com predisposição genética, a resposta imune é desencadeada, levando à ativação de células do sistema imunológico, como linfócitos T e células apresentadoras de antígenos.
2.3.1.1. Essas células infiltram as enteses e liberam citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-17 (IL-17) e interleucina-23 (IL-23).
2.4. Inflamação crônica e remodelação óssea
2.4.1. Resulta na produção contínua de citocinas pró-inflamatórias e na ativação de células osteoclásticas, que são responsáveis pela reabsorção óssea.
2.4.1.1. Consequentemente, ocorre a nas enteses inflamadas e nas articulações afetadas, levando à anquilose das articulações e à perda de mobilidade.
2.5. Fusão das articulações sacroilíacas e coluna vertebral
2.5.1. Leva à formação de pontes ósseas (sindesmófitos), resultando na fusão das articulações e na rigidez progressiva da coluna vertebral
2.6. Influência da biomecânica
2.6.1. Trauma repetitivo ou estresse mecânico nas articulações, podem contribuir para a progressão da doença, especialmente em articulações já inflamadas.
3. Prevenção
3.1. Diagnóstico precoce e tratamento adequado
3.1.1. Crucial para iniciar o tratamento oportuno e evitar danos articulares irreversíveis.
3.2. Adesão ao tratamento
3.2.1. Medicamentos para controlar a inflamação, fisioterapia, exercícios e técnicas de autocuidado. A adesão ao tratamento pode ajudar a controlar os sintomas, prevenir danos articulares e melhorar a qualidade de vida.
3.3. Manter um estilo de vida saudável
3.3.1. Dieta balanceada, atividade física regular, controle do peso corporal, evitar o tabagismo e moderar o consumo de álcool, pode ajudar a reduzir o risco de desenvolvimento e melhorar o prognóstico da doença.
3.4. Gerenciamento do estresse
3.4.1. Exercícios de relaxamento, meditação, atividade física e apoio social, podem ser úteis na prevenção de exacerbações da doença.
3.5. Monitoramento da saúde
3.5.1. Monitoramento da função articular e da atividade da doença é importante para detectar precocemente qualquer sinal de progressão da doença.
3.6. Educação do paciente e apoio psicossocial
3.6.1. A educação do paciente sobre a EA, técnicas de autocuidado, proteção articular e estratégias para lidar com a dor são aspectos importantes do manejo da doença. O apoio psicossocial também é essencial para lidar com o impacto emocional e social da EA.
4. Sintomas/Quadro Clínico
4.1. Dor lombar
4.1.1. Crônica
4.1.1.1. Piora gradual ao longo do tempo, descrita como uma dor profunda e surda que pode ser mais intensa pela manhã ou durante a noite.
4.1.2. Insidiosa
4.2. Rigidez matinal
4.2.1. Pode durar várias horas após acordar. A rigidez geralmente melhora com o movimento e o exercício.
4.3. Dor e rigidez nas articulações
4.3.1. Além da dor lombar, pode causar dor e rigidez em outras articulações, como quadril, ombros e articulações sacroilíacas. Esses sintomas podem ser simétricos e afetar ambos os lados do corpo.
4.4. Fadiga
4.4.1. Pode ser incapacitante.
4.4.1.1. Pode estar relacionada à inflamação crônica, distúrbios do sono devido à dor e rigidez, ou efeitos colaterais de medicamentos.
4.5. Rigidez e mobilidade reduzida da coluna vertebral
4.5.1. Pode estar relacionada à inflamação crônica, distúrbios do sono devido à dor e rigidez, ou efeitos colaterais de medicamentos.
4.6. Dor e inflamação nos tendões e ligamentos
4.6.1. A inflamação crônica nas enteses pode causar dor e inchaço nos tendões e ligamentos ao redor das articulações.
4.7. Sintomas sistêmicos
4.7.1. Pode estar associada a sintomas sistêmicos, como febre baixa, perda de apetite e perda de peso não intencional.
4.8. Uveíte anterior
4.8.1. Alguns indivíduos podem desenvolver uveíte anterior, uma inflamação ocular que causa vermelhidão, dor e sensibilidade à luz.
5. Sinais Radiológicos/exames laboratoriais
5.1. Esclerose das articulações sacroilíacas
5.1.1. É um umento da densidade óssea, nas articulações sacroilíacas
5.1.1.1. Pode ser observado como áreas de aumento da densidade óssea ao redor das articulações sacroilíacas nas radiografias.
5.2. Erosões bilaterais nas articulações sacroilíacas.
5.2.1. Podem ser vistas como áreas de perda óssea nas margens articulares das articulações sacroilíacas nas radiografias
5.3. Sindesmófitos
5.3.1. São pontes ósseas que se formam entre as vértebras adjacentes da coluna vertebral. .
5.3.1.1. Podem ser observados como calcificações lineares ao longo das bordas dos corpos vertebrais nas radiografias
5.4. Fusão das articulações sacroilíacas e da coluna vertebral
5.4.1. Perda da mobilidade articular e à formação de uma coluna vertebral rígida e inflexível, conhecida como espondilite anquilosante.
5.5. Lesões de inflamação e erosões na coluna vertebral
5.5.1. Além de sindesmófitos, as radiografias da coluna vertebral podem mostrar lesões de inflamação, como erosões ósseas, especialmente nas regiões onde os ligamentos e tendões se inserem nas vértebras
5.6. Calcificação dos ligamentos
5.6.1. Especialmente do ligamento longitudinal anterior, pode ser observada nas radiografias da coluna vertebral
6. Tratamento médico
6.1. Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco são prescritos para aliviar a dor
6.2. Medicamentos modificadores da doença
6.2.1. Sulfassalazina: É um DMARD convencional que pode ajudar a controlar a inflamação em alguns pacientes.
6.2.2. Inibidores de TNF-α: Medicamentos biológicos, como adalimumabe, etanercepto e infliximabe, são frequentemente prescritos para pacientes com EA moderada a grave, especialmente aqueles que não respondem adequadamente aos AINEs e DMARDs convencionais. Inibidores de IL-17 e IL-23: Esses medicamentos biológicos, como secuquinumabe e ustecinumabe, podem ser uma opção para pacientes com EA que não respondem aos inibidores de TNF-α.
6.3. Corticosteroides
6.3.1. Controla a inflamação durante crises agudas.
6.4. Educação e suporte ao paciente
6.4.1. A educação do paciente sobre a doença, a importância da adesão ao tratamento, técnicas de autocuidado, proteção articular e gerenciamento da dor são aspectos fundamentais do tratamento da EA. O suporte psicossocial também é importante para lidar com o impacto emocional e social da doença.
7. Tratamento fisioterapêutico
7.1. Exercícios de amplitude de movimento.
7.1.1. Ajuda a manter ou melhorar a flexibilidade e a amplitude de movimento, reduzindo a rigidez articular e prevenindo a anquilose.
7.2. Exercícios de fortalecimento muscular
7.2.1. Ajuda a melhorar a estabilidade articular, reduzir a sobrecarga nas articulações e prevenir lesões.
7.3. Exercícios de correção postural
7.3.1. A correção da postura é essencial para prevenir a progressão das deformidades da coluna vertebral.
7.4. Treinamento de mobilidade da coluna vertebral
7.4.1. Ajuda a manter a mobilidade e a flexibilidade da coluna vertebral, prevenindo a rigidez e a formação de sindesmófitos.
7.5. Alongamentos musculares
7.5.1. Alongamentos regulares ajudam a aliviar a tensão muscular, melhorar a flexibilidade e reduzir a rigidez articular.
7.6. Técnicas de relaxamento e respiração
7.6.1. Técnicas de relaxamento e respiração, como o biofeedback e a respiração diafragmática, podem ajudar a reduzir a dor, melhorar a função pulmonar e promover o relaxamento muscular.
7.7. Treinamento de marcha e equilíbrio
7.7.1. Ajuda a melhorar a coordenação motora, prevenir quedas e promover a independência nas atividades diárias.
7.8. Educação do paciente
7.8.1. A educação do paciente sobre a doença, técnicas de autocuidado, uso adequado de dispositivos de assistência e estratégias para lidar com a dor são aspectos importantes do tratamento fisioterapêutico.