A CONSCIÊNCIA DA LOUCURA:

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1. O SABER PSIQUIÁTRICO:

1.1. A produção da loucura implica tanto um conjunto de práticas de dominação e controle, como a elaboração de um saber. Segundo Foucault, a característica fundamental da relação entre o saber e o poder psiquiátricos, nessa época, é que nela a verdade do saber psiquiátrico nunca é colocada em questão. Seu objetivo exclusivo é justificar o conjunto de práticas que se articulam no interior do espaço asilar. Mais do que a pureza epistêmica do seu discurso, importava à psiquiatria apresentar o louco como um indivíduo perigoso e o psiquiatra como aquele que poderia resguardar a sociedade da ameaça que ele representava. O saber, nesse caso, não funcionava no sentido de procurar alguma razão na loucura ou de determinar as formas diferenciais segundo as quais ela se manifestava, mas no sentido de apontar, de forma absoluta, se o indivíduo era ou não louco. O diagnóstico psiquiátrico, como salienta ainda Foucault, não era diferencial, mas absoluto.

2. O INTERROGATÓRIO E A CONFISSÃO

2.1. O interrogatório é uma forma de articulação entre o poder e o saber psiquiátrico, com o objetivo de buscar antecedentes e obter uma confissão. Como a psiquiatria não podia localizar a loucura no corpo, ela a procurava na família do paciente, considerando a doença mental como uma predisposição hereditária. A família, então, passa a ser vista como o local onde a loucura está hipostasiada. O interrogatório visava revelar essas predisposições, mas o saber obtido não tinha valor terapêutico. O objetivo final era obter uma confissão do paciente, reconhecendo sua própria loucura. A confissão tinha dois valores: como submissão do paciente ao médico e como um processo catártico, permitindo ao paciente se livrar do mal.

3. A LOUCURA EXPERIMENTAL

3.1. No século XIX, a psiquiatria buscava um critério seguro para distinguir a loucura da simulação, mas a loucura permanecia um mistério. O ps. iquiatra sabia identificar quem era louco, mas não sabia o que era a loucura, que era vista como uma diferença absoluta. Moreau de Tours, com seus experimentos com haxixe, inverteu a abordagem, aplicando a droga em si próprio para experimentar diretamente os sintomas da loucura. Isso transformou a relação do psiquiatra com a loucura, tornando-a uma experiência direta, e não mais uma observação externa. Através desses experimentos, surgiu um espaço comum entre o normal e o patológico. Moreau de Tours também sugeriu que esse espaço é acessado quando sonhamos, pois o sonho se aproxima da loucura. Freud, mais tarde, utilizou essa ideia para desenvolver sua análise.

4. A HIPNOSE

4.1. A hipnose surgiu a partir do mesmerismo, uma teoria proposta por Anton Mesmer, que acreditava que os seres humanos eram sujeitos a influências magnéticas, assim como os ímãs. Mesmer substituiu o uso de ímãs pelo contato de suas mãos para provocar efeitos terapêuticos. Sua popularidade cresceu tanto que ele começou a aplicar o magnetismo em grupo, utilizando uma tina com água para espalhar o fluido magnético entre os pacientes. No entanto, a comunidade científica o condenou por charlatanismo, alegando que a cura se dava pelo efeito da imaginação, o que se revelou ser a base para a sugestão na hipnose.

4.2. No século XIX, o mesmerismo foi substituído pela hipnose, desenvolvida por James Braid. Ao contrário do magnetismo, a hipnose não depende de fluido magnético, mas sim do estado físico e psíquico do paciente. A hipnose transfere o poder para o médico, permitindo-lhe controlar o corpo e a mente do paciente, eliminando sintomas e controlando comportamentos. Esse controle sobre o paciente seria fundamental no trabalho de Charcot, reforçado pela neurologia.

5. CHARCOT E A HISTERIA

5.1. No século XIX, a psiquiatria enfatizava a importância das lesões anatômicas para diagnosticar doenças, considerando a anatomia patológica como a base para identificar distúrbios. Isso levou à formação de dois grupos de doenças: as que tinham lesões anatômicas identificáveis e as neuroses, que não apresentavam lesões orgânicas e cujos sintomas eram irregulares. Charcot, inicialmente, acreditava que a histeria tinha um correlato orgânico, mas posteriormente reconheceu que ela escapava às investigações anatômicas. Apesar disso, a histeria tinha uma sintomatologia bem definida.

5.2. Charcot considerava a histeria uma doença funcional do sistema nervoso e utilizava a hipnose para tratar a doença, acreditando que ela envolvia mudanças fisiológicas. Freud, ao assistir aos cursos de Charcot na Salpêtrière em 1885, adotou essa visão fisiológica da histeria, destacando que a histeria não era uma simulação e que poderia afetar tanto homens quanto mulheres. No entanto, a prática hospitalar demonstrava que a sintomatologia da histeria não era regular, e Charcot tentou regularizar esses sintomas usando hipnose e outras intervenções.

5.3. Embora Charcot buscasse associar a histeria à neurologia, ele acabava criando uma situação em que os pacientes histéricos passaram a fornecer sintomas mais do que o médico solicitava, afetando a prática médica. Charcot então propôs a teoria do trauma, sugerindo que um trauma psíquico poderia causar um estado hipnótico permanente, resultando em sintomas como paralisia ou cegueira. No entanto, esses traumas psíquicos muitas vezes envolviam elementos sexuais, algo que Charcot rejeitou. Esse foco na sexualidade se tornou a base para a pesquisa de Freud sobre a histeria.

6. TRAUMA E DEFESA PSÍQUICA

6.1. Breuer, inicialmente, não demonstrou grande interesse pelo método catártico após tratar Anna O. e a técnica só foi retomada anos depois, quando Freud o pressionou. A sugestão hipnótica, utilizada para tratar pacientes histéricos, foi influenciada por Bernheim, e não por Breuer, com quem Freud colaborou inicialmente. No entanto, Freud abandonou a hipnose e, ao fazer isso, percebeu que a resistência dos pacientes em lembrar de eventos traumáticos indicava um fenômeno que ele mais tarde chamaria de defesa, que se tornaria um conceito central da psicanálise.

6.2. A defesa é um mecanismo pelo qual o ego impede que ideias ameaçadoras se tornem conscientes, e a resistência é o sinal dessa defesa. Além disso, Freud introduziu o conceito de conversão, que é o processo pelo qual o afeto ligado a uma ideia ameaçadora se transforma em sintomas físicos. A conversão é um mecanismo específico da histeria, enquanto o termo "recalcamento" se refere a um tipo mais preciso de defesa, sendo apenas parcialmente sinônimo de defesa.

6.3. Freud reformulou o objetivo terapêutico: a análise deveria não apenas liberar os afetos reprimidos, mas também tornar as ideias patogênicas conscientes para que pudessem ser elaboradas. Com isso, ele fez a transição do método catártico para a psicanálise, e seus conceitos iniciais de resistência, defesa e conversão deram base à sua teoria psicanalítica.

6.4. Além disso, Freud começou a desenvolver um modelo teórico para organizar suas descobertas clínicas, onde a noção de defesa implicava uma visão quantitativa do aparato psíquico. Ele descreveu a catexia (ou Bezetzung), que é a quantidade de excitação emocional ligada a uma ideia, e que seria crucial para o desenvolvimento do Projeto de 1895.

7. Nome: MILENA ALANA

8. MATRÍCULA: 03345339

9. P3 - NOITE

10. A psicanálise é uma teoria e prática que rompe com a psiquiatria, neurologia e psicologia do século XIX

11. A CONSCIÊNCIA DA LOUCURA:

12. TRAUMA E AB-REAÇÃO

12.1. A teoria do trauma psíquico, que tinha grande influência nos primeiros escritos de Freud, se constituiu em um obstáculo importante para a formulação de sua teoria psicanalítica. Nessa visão, os sintomas neuróticos eram vistos como resultantes de um evento traumático real, o que impedia Freud de integrar a sexualidade infantil e o complexo de Édipo nas explicações para as neuroses. No artigo de Freud de 1888 para a Enciclopédia Villaret, ele descreve dois tipos de tratamento para a neurose histérica: um envolvia a internação do paciente e a mudança de ambiente, além do uso de hidroterapia, ginástica e massagens; o outro se concentrava em eliminar as causas psíquicas inconscientes dos sintomas histéricos por meio de hipnose.

12.1.1. Freud, então, propôs um método inspirado por Joseph Breuer, em que o paciente, sob hipnose, fosse levado a reviver eventos traumáticos, descobrindo suas causas. Esse método se mostrava eficaz para eliminar sintomas, mas não as causas subjacentes. Em 1892, Freud publicou o artigo Um caso de cura pelo hipnotismo, e, no ano seguinte, a Comunicação preliminar, baseada no caso de Anna O. (Bertha Pappenheim), paciente de Breuer. Anna O. apresentava sintomas histéricos e, sob hipnose, revivia o evento traumático, o que causava a eliminação dos sintomas.

12.1.1.1. Após o caso de Anna O., Freud passou a aplicar o método de Breuer e introduziu um aprimoramento: em vez de permanecer passivo como Breuer, ele usava a sugestão direta para influenciar a paciente e reduzir os sintomas. Essa técnica ficou conhecida como catártica, ou seja, uma "purgação" emocional, onde a liberação do afeto ligado ao trauma trazia alívio ao paciente.

13. O século XVI foi marcado por incertezas e a destruição de grandes verdades, deixando o homem entregue ao ceticismo e à dúvida. Montaigne, em busca de certezas, encontrou apenas o vazio da dúvida quanto à verdade. Descartes, a partir dessa dúvida, chega à certeza do cogito. O século XVII, em contraste, trouxe a racionalidade, estabelecendo a oposição entre razão e loucura, e foi o momento de emergência da loucura como uma categoria distinta. Para Foucault, a loucura não existia antes dessa época, mas era apenas uma diferença que não tinha um estatuto definido. A partir do século XVII, a razão passou a definir a loucura, levando à criação de um saber psiquiátrico. A loucura, agora tratada como um objeto de saber, foi "produzida" no século XVIII, com o hospital e o psiquiatra desempenhando papéis centrais nesse processo. O hospital se tornou um local de observação e purificação, onde a loucura foi fabricada como uma realidade.

14. A SEXUALIDADE

14.1. O relato do caso de Anna O. de Breuer para Freud omitiu detalhes importantes sobre o fim do tratamento, especialmente o fenômeno da transferência e contratransferência, que, embora hoje sejam bem conhecidos, foram essenciais para a interrupção do tratamento. Breuer, inicialmente, via sua relação com Anna O. como algo puramente clínico, mas sua esposa começou a sentir ciúmes devido à frequência com que ele falava da paciente. Quando Breuer percebeu o desconforto da esposa, ele interrompeu o tratamento. Contudo, Anna O. teve uma grave crise nesse mesmo dia, e durante a crise, fez uma referência a "um filho de Breuer", um sinal claro do componente sexual que estava presente, mas era ignorado por Breuer.

14.1.1. Esse componente sexual, embora negado por ambos, foi o que motivou Freud a concluir que as neuroses, em muitos casos, têm sua origem em conflitos sexuais, algo que foi ocultado por Breuer. Freud critica a abordagem de Breuer, pois, em seus trabalhos iniciais, a sexualidade era tratada de forma secundária, mas ele começou a perceber, com a experiência clínica e o trabalho de Charcot, que a sexualidade era um fator central na origem das neuroses.

14.1.1.1. No entanto, a originalidade de Freud não foi descobrir a sexualidade em si, mas reconhecer a sua importância na construção das neuroses e, principalmente, a partir daí, desenvolver a ideia do inconsciente. A colocação do sexo em discurso, como aponta Michel Foucault, já era uma preocupação do século XIX, mas a verdadeira inovação de Freud foi a forma como ele conectou a sexualidade à dinâmica do inconsciente, fundamentando a psicanálise na ideia de que a sexualidade infantil e os conflitos sexuais são determinantes na formação de sintomas neuróticos.