1. “A Alta Idade Média (séculos V-XI)”, que corresponde ao período de surgimento da ordem feudal europeia, e também a “Baixa Idade Média (séculos XI-XV)”, que compreende o período de expansão e posterior crise da ordem feudal europeia.
1.1. A Europa medieval se definiu a partir das invasões dos bárbaros germânicos que ocupavam a região da Germânia.
1.2. As invasões por esses povos acabaram contribuindo para o declínio do Império Romano do Ocidente dando inicio a o feudalismo.
2. Como era exercido o poder no mundo medieval europeu
2.1. As invasões germânicas
2.1.1. bárbaros germânicos viviam na região chamada de Germânia, na atual Alemanha e dedicavam-se às práticas agrícolas, à caça e à pesca.
2.1.2. Pressionados pelas constantes ameaças dos povos hunos a intensificaram o processo de conquista territorial das regiões do Império Romano.
2.1.3. Inauguraram uma nova ordem política, com a formação dos seus respectivos reinos, destruindo a secular ordem centralizada imposta pelo poder do Império Romano.
2.2. As invasões árabes
2.2.1. Habitavam regiões do Oriente, iniciaram um processo de conquista na Europa, organizado pelos califas.
2.2.2. Os chefes políticos que sucederam Maomé empreenderam, em nome da conversão dos povos “infiéis”, uma audaciosa política expansionista
2.2.2.1. O resultado prático dessa política expansionista para os povos europeus foi a diminuição do comércio marítimo por causa do bloqueio do litoral do Mar Mediterrâneo pelos povos árabes.
2.2.3. Ampliaram a instabilidade política vivida na Europa e reforçaram como fundamento econômico daquela sociedade o desenvolvimento das práticas agrícolas, a propriedade rural ampliou seu valor
2.3. As invasões vikings ou normandos
2.3.1. Originários da região da Escandinávia, promoveram uma série de incursões sobre os reinos dos francos e dos anglo-saxões e demais reinos germânicos
2.3.2. O saque e a pilhagem praticados regaram o clima de pânico e de instabilidade na sociedade europeia.
3. O reino dos francos
3.1. o reino dos francos se destacou como principal reino bárbaro constituído no continente europeu.
3.1.1. O apogeu do governo dos francos ocorreu durante a dinastia carolíngia, iniciada pelo filho de Carlos Martel, Pepino, o Breve (751-768). Ele foi sucedido por Carlos Magno (768-814), e este, por Luís, o Piedoso (814-843).
3.1.2. Durante o longo reinado de Carlos Magno, o reino franco expandiu seus domínios sobre o continente europeu, definindo a formação do Império Carolíngio. O monarca cristão Carlos Magno exerceu muita influência política e cultural durante o período da Alta Idade Média
3.2. A divisão política do Império Franco acabou reforçando, a divisão do poder exercido pelos respectivos soberanos dessa dinastia, no processo de construção do mundo medieval europeu, as relações de suserania e vassalagem contribuíram para a descentralização do poder, condicionando a autoridade monárquica.
3.3. Clóvis, monarca da dinastia merovíngia, foi responsável pela unificação das tribos francas, após sua conversão ao cristianismo. Por meio de uma aliança política com o papa, Clóvis conseguiu ampliar expressivamente os domínios do reino.
3.3.1. O monarca franco se comprometeu a propagar a doutrina cristã entre os povos que se subordinassem aos seus domínios.
3.4. O Império de Carlos Magno
3.4.1. Era dividido em regiões definidas como ducados, condados e marcas. Essas regiões estavam sob a responsabilidade da aristocracia territorial, que assumia funções jurídicas, militares e tributárias em suas respectivas regiões.
3.4.2. No“Renascimento Carolíngio”, promoveu o progresso dos conhecimentos científicos e acadêmicos no reino. Em aliança com a Igreja, promoveu também a reforma do ensino, expandindo o número de escolas do Império.
3.4.3. Tratado de Verdun:o Império Carolíngio foi dividido entre os netos de Carlos Magno
3.4.4. Seu filho Luis, o Piedoso, que governou o Império até 840.
3.4.4.1. a nobreza proprietária procurou ampliar sua autonomia em relação à autoridade monárquica. Seu governo também foi marcado pelo conflito pessoal junto a seus herdeiros pela chefia do Império. Seus filhos acabaram o derrubando e o confinaram em um convento.
4. A Igreja medieval
4.1. A Igreja católica foi a instituição mais importante de todo o sistema feudal ao longo da Idade Média
4.1.1. Transformou-se durante a Idade Média a principal instituição social com a influência na vida política, econômica e cultural do continente europeu.
4.1.2. concentrava o poder territorial, por meio das regulares doações feitas pela própria nobreza feudal e conquistas militares.
4.1.2.1. a Igreja passou a controlar muitos feudos.
4.2. Constituída por dois setores distintos: O alto clero (famílias mais ricas e prestigiadas da sociedade) e pelo baixo clero.
4.3. A religião e a cultura no mundo medieval europeu
4.3.1. A cultura medieval tem percepção teocentrica de universo, em que a fé se colocava como eixo explica- tivo para a ocorrência dos fenômenos naturais e das relações sociais
4.3.1.1. Os monges copistas, responsáveis pela transcrição dos manuscritos greco-romanos e pela produção de obras religiosas a partir da língua latina.Os monges copistas também produziam ilustrações nas obras pelas quais eram responsáveis. Elas foram chamadas de iluminuras e tinham a função de ilustrar e reforçar o pensamento religioso, as paisagens locais, os aspectos da natureza e, em alguns casos, os símbolos da tradição pagã, como os dragões.
4.3.1.2. A partir da Baixa Idade Média, surgiriam as Universitas, isto é, escolas que ofereciam dois tipos de formação básica: o Trivium (gramática, retórica e lógica) e o Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). Posteriormente, podia-se cursar Artes, Teologia, Medicina e Direito.
4.3.1.2.1. Também estavam presentes no cenário medieval os estudos da Alquimia e da Astrologia, que colaboraram para o desenvolvimento dos estudos da Química e da Astronomia.
4.4. Igreja fundamentou seus ensinamentos a partir de dogmas, princípios indiscutíveis que os fiéis deviam observar e aceitar como verdades inquestionáveis que serão contestados por pessoas chamadas de hereges.
4.4.1. Procurando combater as heresias, a Igreja católica utilizou-se de recursos como responsável pela investigação, o julgamento e a condenação dos hereges.
4.5. O clero regular: dedicava sua vida religiosa à clausura monástica, como monges, subordinando-se às regras de determinada ordem religiosa. O clero secular: composto de padres, bispos e papas, exercia os ofícios espirituais em contato direto com a comunidade.
4.6. “Doutrina do Justo Preço”, condenando a conduta dos grupos mercantis europeus, que voltavam suas atividades para a obtenção do lucro excessivo e para a cobrança de juros elevados.
5. Como viviam os povos do mundo medieval europeu
5.1. Nesse cenário de constantes guerras, a construção de castelos, erguidos como fortalezas medievais, veio atender às necessidades de proteção e segurança dos nobres proprietários.
5.1.1. Localizados nas partes mais elevadas da propriedade, os castelos abrigavam a família do senhor feudal, alguns nobres e muitos servos. Também acolhiam os cavaleiros e as tropas de soldados comandados por seus vassalos.
5.1.1.1. Caracteristicas: O mobiliário do castelo, com exceção dos de uso pessoal do senhor feudal, era bastante simples e rústico. As tapeçarias eram muito coloridas, decoradas com desenhos que lembravam as cenas do cotidiano ou de caça. Elas enfeitavam as paredes do castelo, principalmente durante a recepção de comitivas. Nessas ocasiões, trocava-se a palha do chão por ervas perfumadas e, à noite, os castiçais eram espalhados pelos aposentos do castelo para iluminar seu interior.
5.2. As camadas populares, no início do período medieval, construíam suas próprias casas, contando com a colaboração dos artesãos da comunidade rural e os recursos disponibilizados pela natureza.
5.2.1. Caracteristicas: as casas populares possuíam apenas um ou dois aposentos, além de um depósito para estocar alimentos e uma pequena estrebaria para abrigar uma vaca e algumas ga- linhas, por exemplo. o chão das casas populares era de terra bati- da e, na parte central, era aceso o fogo, com o qual se prepara- va a alimentação da família e mantinha-se a casa aquecida. Os utensílios domésticos eram compostos por poucas coisas, como tigelas e canecas de ma- deira, além do caldeirão de bronze, onde eram preparadas as refeições. As refeições eram usufruidas em uma tábua de madeira suspensa por dois cavaletes e ladeada por compridos bancos. Após o término da refeição, a mesa era desmontada e, no seu lugar, um colchão de palha era estendido. Nesse colchão, dormiam juntos todos os familiares, embaixo de cobertores de lã oumantas de pele.
5.3. Na região do Mediterrâneo, ao sul do continente
5.3.1. as casas eram construídas a partir de blocos de pedras extraídas da região, com telhados em ponta ou de telhas.
5.4. Na região do Mediterrâneo, ao norte do continente
5.4.1. as casas eram construídas com madeira,paredes enxertadas com argila e lama e telhado feito com palha. A média de vida útil dessas últimas casas era de apenas 30 anos.
6. A ordem feudal europeia
6.1. A sociedade medieval constituiu-se politicamente a partir de uma realidademarcada por guerras, invasões e de grande instabilidade.
6.1.1. Isso fortaleceu os laços feudais de dependência e reciprocidade como forma de assegurar proteção, direitos e benefícios, em uma realidade abalada pelas sucessivas guerras e invasões.
6.2. A ruralização da sociedade: êxodo urbano devido as guerras e consequentemente esvaziamento da vida nas grandes cidades.
6.2.1. A consolidação das relações servis de produção: parte da população submeteu-se à relação de servidão, uma prática social de dependência baseada no cumprimento de uma série de obrigações e na obediência aos senhores das terras, em troca de proteção, moradia e alimentação.
6.3. O cotidiano da sociedade feudal
6.3.1. Devido à falta de higiene e de cuidados médicos, a mortalidade infantil e de gestantes era muito elevada. Entre as camadas mais pobres, a educação dos filhos era feita pelos próprios pais e a comunidade.
6.3.1.1. os meninos eram educados para ajudarem os pais no trabalho agrícola e as meninas eram educadas para trabalhos domésticos.
6.3.1.2. Os meninos de família nobre eram educados para serem consagrados cavaleiros. Sua educação baseava-se em treinos.
6.3.1.2.1. As meninas de famílias nobres aprendiam a bordar tecidos e tocar instrumentos como flautas e violas. O casamento, em geral, era realizado aos 14 anos, forjado a partir de arranjos que beneficiavam os seus pais.
6.3.2. o futuro dos filhos, tanto de meninos quanto de meninas, era decidido pelo pai e por suas relações políticas e de interesses do reino.
6.3.3. Os cidadãos medievais geralmente possuíam poucas peças de roupas.
6.3.4. O tempo era marcado por um calendário anual, o qual era repleto de inúmeros feriados religiosos, de origem católica.
6.3.5. Nos períodos de trégua entre os reinos europeus, a nobreza feudal se organizava para a realização de competições e torneios, que também eram uma oportunidade para revelar no- vos talentos da arte da guerra, além de uma estratégia para a obtenção de fama e prestígio no cenário político do mundo medieval europeu.
6.4. “feudo” é transferência de direitos ou benefícios entre os membros da sociedade europeia no período medieval. na concessão de um título de nobreza, ou no direito de cobrar impostos ou, ainda, na concessão de um lote de terras.
6.4.1. Em troca do benefício concedido, o beneficiado se comprometia a prestar fidelidade ou determinado tipo de serviço ou obrigação para aquele que lhe concedera o benefício.
6.4.2. Os servos, aqueles que se submetiam à relação servil, recebiam uma área para cultivar e se comprometiam a prestar serviços e entregar parte de sua produção aos senhores das terras.
6.4.2.1. Atenção: apesar de se subordinar aos impostos e ao trabalho gratuito, o trabalhador servil não pode ser considerado escravizado.
6.4.3. A autoridade política feudal era definida pelos laços de fidelidade e de dependência recíproca entre aqueles que concediam benefícios e terras, chamados de suseranos, e aqueles que os recebiam, chamados de vassalos.
6.4.3.1. .
6.4.3.1.1. Relações de suserania e vassalagem
7. A pirâmide social
7.1. O feudalismo foi marcado pela definição de uma sociedade rural e estamental (não havia mobilidade social entre os grupos da sociedade)
7.1.1. ESTAMENTAL: A posição social de um indivíduo é definida por sua origem de nascimento, ou seja, um filho de servo permanecerá servo, independentemente de suas virtudes, seus talentos ou suas capacidades.
7.2. A sociedade feudal agrupava em si três estamentos, segundo a Igreja com uma função preestabelecida, justificada por ser a vontade divina.
7.2.1. Ao clero: a nobreza, a proteção e a defesa militar desse sistema.Aos camponeses, a geração de bens, riquezas, serviços e produtos que sustentavam a estrutura dos dois primeiros grupos e de toda a base do sistema feudal. E os“vilões” que eram pequenos proprietários moradores das vilas próximas à propriedade feudal. Em troca de proteção, eles se comprometiam a prestar serviços burocráticos aos nobres ou compor o exército do senhor feudal em tempos de guerras,
8. A economia e o trabalho no mundo medieval europeu
8.1. A agricultura de subsistência era a principal atividade econômica dos feudos.
8.2. A terra, enquanto elemento de divisão social, pertencia ao senhor feudal, e a relação de trabalho era baseada na servidão.
8.3. A propriedade feudal, ou “senhorio”, era dividida em três áreas distintas
8.3.1. Manso senhorial: correspondia às terras de domínio do proprietário do feudo, incluindo nelas as áreas cultiváveis e as instalações básicas da propriedade, como o castelo, o moinho, o celeiro, as oficinas de manutenção e os estábulos para os animais.
8.3.1.1. Manso servil: área destinada à moradia e à produção de subsistência dos camponeses (servos).
8.3.1.1.1. Manso comunal: área de uso comum. Nela, tanto o proprietário como a comunidade servil coletavam madeira, mel e frutos e levavam os animais para pastarem. Já o direito de caça era exclusivo do proprietário.
8.3.1.2. Entre as muitas obrigações prestadas pelos servos dentro do feudo, podemos destacar:
8.3.1.2.1. Corveia: trabalho gratuito dos servos nas terras senhoriais.